ASSUNTOS DESCONEXOS

A segunda feira pra mim tem cara de velório. Amanhecer e começar a rotina semanal é o mesmo que colocar uma roupa pra ir num enterros. Mas não pense que isso é um tipo de comparação negativa, por mais que não goste de segundas feiras e enterros, encaro numa boa, por que é só o começo da semana, e nunca tive medo de mortos, e nem problemas em vê-los duros, gelidos, roxos, cheios de algodão no nariz...kkkkkkkkkkkk...baixou a família Adams.

Dia desses estava parado no semáforo e uma borboleta branca entrou pela janela do passageiro que estava aberta, passou por mim e saiu pela outra extremidade. Aquilo me deixou feliz de certa forma, não sei explicar. Foi quando percebi que há anos eu não via uma borboleta. Quando era criança os jardins das casas tinham flores. Pelo menos era assim na rua em que morava. Existiam centenas delas voando, coloridas. Hoje não se vê mais. Algumas pessoas podem estar lendo isso e pensando: Que viadagem, o rafa falando de borboletas...rs rs rs...To nem aí.

Mas os insetos da minha infância, como borboletas, joaninhas, vitus, grilos, gafanhotos verdes gigantes, bicho pau, Maria fedida, parece que se extinguiram. Lá uma vez ou outra vejo uma Maria Fedida em algum lugar. Mesmo no condomínio onde meus pais moram, que tem jardins enormes com flores de todo tipo não há borboletas.

Engraçado que as crianças de hoje não tem esse contato com a natureza. Empinar marimbondo era uma brincadeira perversa, mas divertidíssima. Caçar siriri e dá-los para lagartixa comer era algo macabro e ao mesmo tempo cientifico.

Não fui o tipo de criança que matava passarinho, abria pra ver dentro e depois jogava fora. Sempre tive pena dos bichos. Mas pequenas maldades infantis confesso que fiz, como encher a orelha do cachorro de prendedor de roupas...ou colocar gatinhos dentro de uma caixa, cobrir com pano e ficar vendo a cabecinha deles formar saliência no tecido.

Ser criança hoje é tão diferente. Incrível, mas um bebe de 6 meses já manipula um controle remoto de TV como se soubesse que aquilo muda os canais, os dedinhos apertam os botões de maneira habilidosa. Há duas décadas a criança iria só lamber, babar e depois jogar fora.

Esses dias vi a esposa de um amigo montando lembrancinhas de aniversario e me surpreendi com o resgate que estava fazendo das brincadeiras da minha infância. O kit era composto de dominó, bola, e jogo de botão. Não sei se as crianças de hoje tem paciência de sentar e jogar botão como fazia quando criança. Preferem talvez se sacolejar na frente da TV com esses novos vídeo games interativos. Isso é muito triste, por que prevejo um bando de moleques com ótima coordenação motora, mas neuróticos, tensos e com problemas cardíacos. Por que não tentem me convencer que a tensão que uma criança sente em frente a um vídeo game é saudável.

E assim começa a segunda feira, com assuntos nada a ver, mas que estavam aqui guardados na cachola.

Abração e boa semana a todos.

3 comentários:

o Humberto disse...

EU normalmente não tenho problemas com segunda-feira. Na verdade detesto tanto o domingo que a segunda vem como um alívio.

Boa semana pra vc, rapaz!

Karina disse...

Ver borboletas ou gatos me fazem sorrir, daí que quando isso acontece o dia melhora e sempre me lembro da música "Te ver" do Skank. É inevitável. São fatos tão simples como esses que me fazem sair do turbilhão de pensamentos em que às vezes me encontro, me fazem ver que a vida é bela, dar graças a Deus por mais este dia e por poder enxergar. Bjs, Karina.

Cris disse...

Vc tem toda a razão no seu post, Rafael !

Apenas no sítio consigo ver borboletas, joaninhas e outros insetos.

Nasci e passei minha infância no Jardim Paulista, aqui em Sampa. Eu brincava com joaninhas e no terraço do meu apê, moravam dezenas de borboletas.
Onde estão?
As abelhas estão sumindo do planeta e isso é algo que os cientistas não conseguem explicar.

Seu post é realmente triste, pela verdade que mostra.

Minha mãe ama ver vaga lumes quando anoitece e no sítio eles sumiram há uns oito anos atrás. Fomos atrás de vaga lumes e o colocamos em uma resreva fechada do sítio; em ambiente propício para eles. Hoje, o sítio está repleto deles. É uma alegria!

Quanto as joaninhas, vejo, mas em número muito inferior ao que via na minha infância.

Esse é o trabalho do homem: desequilibrar a natureza em todo o seu contexto. O que sobrará?

A conta está chegando. O acerto!

beijo e uma semana linda pra vc !