O MEU, O SEU, O NOSSO TIM MAIA

Será que existe diferença entre os cérebros de  pessoas normais e gênios? Certamente há. Não sei se a massa cefálica, os neurônios, neurotransmissores ou o quer que seja, mas o comportamento de um gênio se diferencia dos padrões.

Amy Winehouse era sem duvida uma voz impar, um talento absurdo, um diamante lapidado, e não há razão para que exponha o bla bla bla da sua vida, que culminou na morte prematura. Aí faço outro questionamento, a fama, o sucesso, endoidece?

Assisti “Tim Maia” e fiquei cá com meus botões pensando: por que um cara tão genial se autodestrói de modo avassalador?
O Filme baseia-se na obra de Nelson Motta que me deixou salivando de vontade de ler. Uma construção perfeita de um mito, que alguns não fazem ideia da importância dentro da musica nacional. Nas telas o homem Sebastião Maia é o foco. O artista Tim Maia está ali, coadjuvante de um ser com personalidade difícil, pode-se dizer insuportável, mas genial.

Para quem cresceu ouvindo Tim Maia ( lembrando que seu primeiro disco foi lançado em 1970) eu praticamente dei os primeiros passos vendo o Sindico do Brasil arrebentar os ouvidos com seu vozeirão grave e suas musicas soul/samba/melosas.

A produção é recheada de bons atores, de celebridades que não vou mencionar por que umas das delicias de assisti-lo no cinema é identificar quem são as pessoas que compunham o cenário da vida tumultuada de Tim.

Três fases de vida, três atores sensacionais, mas o destaque está em Babu Santana, que traz a alma do mito de volta aos nossos olhos. Sensacional interpretação. Algo que chama atenção e destoa de outras cinebiografias como a de Cazuza é o fato dele não dublar Tim Maia, ele canta, de próprio gogó. Um tom abaixo, uma ronquidão a menos, um grave não tão grave, mas espetacular. Babu não é uma cópia, é uma interpretação surpreendente de uma cara fantástico.

O Filme te leva a viajar com a trilha sonora perfeita, as musicas que todos conhecemos, que dá para cantar junto a todo o momento. Uma produção esmerada, com ótimo som, fotografia simples, mas ambientada perfeitamente nas décadas de vida do cantor.

Tim é deliciosamente desbocado. Não há como passar ileso aos seus palavrões, xingamentos e  frases de efeito. Um mal humorado carinhoso, um homem perturbado pela sua genialidade.  E é aí que volto a perguntar: será que pessoas como ele veem o mundo de forma diferente? Não se pode dizer que a fama, sucesso tenha estragado seu caráter, levado ao uso de substancias toxicas. Tim nasceu estranho, cresceu com uma necessidade de algo que talvez não tenha encontrado nessa vida, mas felizmente deixou um legado que podemos carregar, sentir e cantar.

Viva Tim maia, Viva o Sindico do Brasil.

Recomendadíssimo para quem quer um bom filme. E deixo uma das melhores de Tim Maia, a que arranca lagrimas no filme...



Abraços e bom fim de semana.

BORDANDO AMIZADES EM TOALHA BRANCA

Nunca temos chance ou ideia de dar boas vindas às pessoas que entram em nossas vidas. Quando percebemos já fazem parte do cotidiano, e algumas mudam completamente o seu modo de ser, e mesmo assim, não paramos pra dizer: obrigado por você cruzar meu caminho.

Um dia, eles se vão. Alguns definitivamente! Mesmo assim continuamos em nosso mundinho e esquecemo-nos de dizer: ohhh, você foi importante para mim, mesmo que por um dia, uma hora, alguns minutos. Ninguém deixa de fazer diferença em nossas vidas, mesmo que pela cia de alguns instantes, um papo virtual, um copo de cerveja numa festa. Tenho a impressão que todos os que cruzam nosso caminho cumprem propósitos. Alguns exercem o papel destinado, outros apenas fazem bolhas de sabão que brilham na luz e explodem, desaparecendo.

Não sou uma pessoa com centenas de amigos. Não, não. Tenho poucos e fies. Não coleciono dezenas de pessoas no facebook. Não tenho milhares no twitter, nem vejo toneladas de fotos no instagram. Gosto de restringir o círculo de amizade, assim posso me doar um pouco mais a todos. Não tenho o gene da “necessidade de atenção”. Vivo bem sozinho, vivo melhor ainda com companhia. Mas não me desespero pela aprovação alheia. Um dia já precisei disso, hoje não mais.

Vejo tantos perdendo tempo vital cuidando e difamando outros. É tão bom dividir experiências, rir juntos. Os melhores momentos da minha vida sem dúvida passei com amigos. Família nos da aquele suporte chamado “base”. Aquele lugar e aquelas pessoas que sabemos estarem lá para qualquer eventualidade. Mas risadas soltas, bobagens infantis, isso eu consigo com os amigos que escolhi para minha vida. E olha que as portas e janelas não estão fechadas. É só ir chegando e tomando assento. Me conte suas ironias e me ganhe em bandeja de prata.

Mas está tão difícil nos dias de hoje entregar suas idiotices para alguém rir com você. Não sei o que há entre essa geração “internetiana” que vale mais a pena o check in nos lugares de badalação do que a piada pronta sobre os personagens em volta. Eu tenho uma bobagem genética. Eu rio sozinho, eu vejo além do que os outros enxergam e não tenho com quem dividir. Odeio a cara blasé que fazem quando solto um comentário irônico. Será que as almas envelheceram ou dar pinta nos lugares da moda vale mais que uma divertida coxinha com fanta laranja?

Adoro ver arte, por mim passaria fins de semana inteiros visitando exposições. Me encanta o pensamento do artista, mesmo brigando para entender o que passou pela cabeça deles, tentando ver o que o levou a dizer: está pronto. E posso falar? Faltam amigos pra isso. Ainda bem que tenho os meus poucos, mas fiéis que me ensinam e tem disposição até para assistir uma senhora de 92 anos cantando. Acreditem, nem todo mundo enxerga a necessidade de ver um ícone como Bibi Ferreira cantando.

Aos que passaram pela linha onde caminho, aos que dividiram e dividem o caminho, aos que cansaram e ficaram pra trás, aos que bateram asas e hoje vivem em outro plano, a todas as pessoas que entram e saem da minha vida, obrigado por dividirem um pensamento, um papo descontraído. Mesmo aos que julgo não terem feito diferença, alguma coisa aprendi. Bordo amigos em toalhas brancas para ficarem para sempre estampados.

Espero não ser bolha de sabão nas vidas alheias.

Abração e bom fim de semana.

A INADIMPLÊNCIA DO AMOR

Não existe relacionamento amoroso fácil. Mente quem diga que vive ou viveu um mar de rosas  na dura tarefa da convivência diária de um casamento, da rotina de um namoro, da paciência de uma amizade. Problemas surgem e são necessários para um refinamento dos sentimentos. Tirando a traição, o resto é contornável.

Vejo casais se formando e tendo DRs cedo demais. Acho imprescindível o dialogo. Aparar arestas é o que faz os relacionamentos durarem. Saber os limites do outro é importantíssimo. Mas aí vem aquela cobrança gratuita de sentimentos. Mulheres ( não generalizando) se doam mais e se sentem frustradas por que o parceiro não retribui a altura do que ela almeja. Dou um exemplo familiar, intimo. Minha mãe era o tipo de mocinha que lia fotonovelas. Criou uma expectativa sobre príncipes encantados que não encontrou em meu pai. Eles se gostaram, se casaram, mas ele não era o tipo de cara amoroso, grudento, lambão. Demorou muitos anos de casamento para que ela compreendesse que não existia aquele tipo descrito nas fotonovelas. 

A realidade era mais dura e ela não esperava por isso. Mas acabou entendendo o jeito dele de ser, a forma de agradar que não era com cartas românticas, flores e serenatas. Viveram por quase 50 anos juntos. Hoje, viúvo, é que ele a entendeu e talvez tenha se arrependido de não ter tentado ser um pouco daquilo que ela idealizou.

Sou um bom ouvinte, não sei se bom conselheiro, mas consigo compreender o emaranhado em que as pessoas se metem. Estar fora de uma situação da clareza. Mas difícil é convencer as pessoas que estão erradas.

Não sou a favor da compra de amor. Qualquer relacionamento que se baseia em ganhos financeiros está fadado ao fracasso. Homens que cobrem mulheres de presentes, mulheres que compram o amor dos caras dando mais do que podem inevitavelmente cobrarão preços altíssimos somados de juros. Entre os gays, vejo caras sendo uma farsa montada. Belas roupas, belos carros, mas sem uma única grama da capacidade de se relacionar por longos períodos. Um círculo vicioso de busca e fracasso.

Não se pode usar as experiências pessoais para determinar que você sabe tudo sobre amor. Cada relacionamento tem uma impressão digital própria, por que se trata de outro diferente daquele ultimo, do penúltimo, e assim por diante, de acordo com sua incapacidade de manter namoros ou casamentos por longas datas. Trocar muito de parceiros vicia...rs. Dá apenas para não cometermos os mesmos erros, caso sejamos expertos.

Admiro imensamente casais que conseguem atingir, 10, 20, 30, 40  anos juntos. É quase metade  da nossa vida adulta, e conviver diariamente com alguém, dormir e acordar, saber cada passo, cada linha que aquela pessoa escreve e ainda assim querer continuar tudo isso no dia seguinte é uma dadiva que todos merecemos.

Pessoas se frustram tão facilmente, apenas por que não conseguem enxergar que o relacionamento tem que se basear em confiança, respeito. Tudo o que for acordado e definido por ambos tá valendo. Não pode é comprar e não pagar. A inadimplência do amor faz com que o outro cobre, e a cobrança começa pequena, mas os juros crescem mais que cartão de credito, e chega um momento que a divida é tão grande que fica insustentável manter o amor, e ele morre.


Boa semana...abraços