O povo brasileiro em si, dentre ele a camada jovem , aquela que se julga desbravadora,vanguardista, alicerce da nova cultura, tem por habito menosprezar o passado, a história recente. Isso é grave, por que como diz uma frase que li certa vez: “ Um povo sem memória está fadado a cometer os mesmos erros”.
Li no blog do Humberto (ohumbertoexplica.) seu post falando sobre a ojeriza que o publico adolescente, jovem, de hoje tem em relação a Xuxa. Abaixo um trecho, e para quem quiser a integra, vá ao blog do Humberto, que é show de bola.
[...Eu, que acompanhei boa parte da vida dessa mulher, não sei nada dela porque ninguém sabe da vida do outro. Talvez por isso me dê tanta preguiça os pseudo-intelectuaizinhos de 20 anos, que estão mesmo na idade de achar que sabem de tudo, se referirem à Xuxa como se fosse só uma tia que não tem a menor importância. Chega a me irritar quando quem faz os comentários são mocinhas (que deveriam conversar com as mães pra saber como era a vida de uma jovem nos anos 80 e qual era o único destino -- casar -- que as esperava) e quando são aluninhos de Comunicação Social, que deveriam pesquisar um pouco melhor sobre a história da apresentadora.
Essa "galerinha" que adotou o insuportavelmente viadinho "arrãm, Cláudia, senta lá", deveria analisar essa antipatia gratuita sob os aspectos de misoginia que a envolvem...]
Ta, muito bem, digamos que Xuxa não atinja hoje um publico que na década de 80 e 90 era o alvo da emissora a qual transformou em Rainha. Xuxa evoluiu sim, entendeu e confessou publicamente que não tem voz, que não sabe cantar direito, mas continua fazendo musicas infantis, que suas antigas “baixinhas”, hoje tocam para seus bebês. Xuxa teve uma importância inegável na cultura do nosso país carregando por quase duas décadas a sua fama aclamada aos berros histéricos dos fãs que a cercavam. Por favor, não me venham dizer que isso é fugaz. Ninguém permanece na mídia por tanto tempo sem que haja um mínimo de talento. Xuxa foi um produto bem feito, ora alcançando o topo das celebridades, ora sendo vitima de especulações, mas permaneceu ali, como um ícone de quase 3 gerações.
Creditar as mulheres da década de 80 uma falta de beleza e dizer que hoje estão bem melhores é um crime com a história. Claudia Raia era um ícone da beleza, assim como Luiza Brunet e tantas outras, dentro dos padrões que a época exigia. Só podemos criticar quando vivemos o “assunto”.
Quem nos garante que daqui dez anos as mulheres frutas de hoje, cobiçadas e desejadas não serão tipos ridículos, vergonhosamente idolatradas. E olha que não se compara uma Xuxa, Claudia Raia na juventude com esse estereótipo de mau gosto e avacalhação da mulher brasileira que se esfrega nas câmeras de TV de programas baratos e sensacionalistas..
Se o passado é tão ridículo para o jovem de hoje, então por que não rasgamos as telas de Renoir, Matisse, e outros que representavam a mulher gordinha da sociedade da época. Mas também é difícil exigir desse jovem, que teve no passado recente uma “lacraia” cantada, dançada e adorada saber quem fora Renoir, por exemplo. Difícil demais estabelecer essa ponte entre o passado e o presente imediato.
Não me arrependo de ter sido fã de certas personalidades da minha infância/adolescência que hoje são ridicularizadas. Infelizmente algumas celebridades não sabem envelhecer. Lamentável, mas infelizmente nada se pode fazer.
Jovens deviam respeitar o passado, entender a história. As gerações de hoje acham que passado bonito são os caras pintadas, por que provocaram um impeachment. Rs rs rs...Doce ilusão da mídia. Nem os exilados políticos da década de 70, os torturados o fizeram. Nossa democracia é fruto da evolução mundial. Não seriamos uma cuba, uma coreia do norte em pleno século XXI. O pais mudou, mas a cabeça do povo continua contaminada pelo vírus da “descultura”, palavra que não existe, mas que da sentido a falta de apego a nossa história.
Deixem a Xuxa em paz, e abolimos as pseudo-celebridades que caem como chuva de granizo sobre nossas cabeças, quebrando vidros de carros e telhados. A sorte que esse mercado é tão veloz, que um bosta como Max, ganha um BBB e na semana seguinte já virou folha de jornal pra forrar gaiola de passarinho.
Boa sexta feira, ótimo fim de semana.
7 comentários:
Rafael,
A primeira coisa que me veio à cabeça quando comecei a ler seu texto foi a música do Belchior, "Como nossos pais". É claro que o teor dela não tem exatamente que ver com tudo o que você disse, mas concordo, e muito, quando se fala da falta de memória do brasileiro e do menosprezo ao que é velho ou antigo. Em relação á Xuxa, apesar de reconhecer seu carisma, nunca gostei dela, nem de suas músicas, nem de seu programa, e não consigo conceder o valor que outras pessoas lhe dão. Mas o fato é que a impressão que tenho é que as coisas parecem estar num retrocesso assustador não apenas no Brasil, pois os fatos históricos ocorridos no século passado poderiam indicar que teríamos um mundo mais culto, mais preocupado com a liberdade, e o que se vê é justamente um culto ao nada, representado pelas mulheres fruta, BBBs, músicas vulgares, programas de TV que exploram a miséria alheia e que ultrajam a minha inteligência. Acho que seu post me remeteu ao pessimismo, pois quando penso nas letras e músicas do Tom Jobim, do Chico Buarque e de tantos outros e que hoje quem tem valor para a garotada é Fiuk, Restart e Fresno me dá vontade de chorar...rs
Querido Rafa sua análise é perfeita em seu contexto ... mas permito-me discordar no q concerne à Xuxa ... sou de uma geração muito anterior à Xuxa ... qdo ela surgiu no cenário eu já era adulto ... e para mim ela só foi a primeira destas "celebridades" que nada têm e nada "produzem" ... foi a pioneira ... tão ridícula qto as mulheres frutas de hoje ... só teve outra roupagem para sua comercialização ...
bjão
;-)
É muito difícil olhar para o passado e achar tudo sem cabimento, quando não se tem noção de todo o cenário que envolvia aquela época em questão... e hoje em dia, com toda a fugacidade e velocidade das informações, mal dá tempo pra analisar essas coisas... é de se esperar que se tome o caminho mais fácil...
Abração Rafa!
"Se o passado é tão ridículo para o jovem de hoje, então por que não rasgamos as telas de Renoir, Matisse, e outros que representavam a mulher gordinha da sociedade da época. Mas também é difícil exigir desse jovem, que teve no passado recente uma “lacraia” cantada, dançada e adorada saber quem fora Renoir, por exemplo. Difícil demais estabelecer essa ponte entre o passado e o presente imediato."
Nem preciso comentar mais nada.
Adorei o texto, Rafa!
E eu gosto da Xuxa até hoje. Humpf.
Beijos!
Rafael,
eu tb acompanhei Xuxa durante a infância e sempre conservei uma expectativa em relação à Nave Xuxa... Se hj tenho "outros olhos" acerca do passado e do presente que emoldura minha existência, então posso dizer que Xuxa, destarte o carisma inegável, é um produto que assume diferentes papeis por estar à mercê de uma indústria - a mídia - que constroi e desconstroi mitos sociais constantemente. Gostei do layout do blog.Muito legal. Abço
Oi Rafa,
bem, quando olhamos o passado a gente sempe olha com o olhar do presente, então é muito difícil vê-lo de maneira neutra. A gente acaba sempre querendo interferir em alguma coisa, discordando ou gostando. bjssss
interessante seu ponto de vista, mas sei lá... não consigo curtir a xuxa...
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