MATARAM ODETE...DE NOVO!!!

Sabe-se que um folhetim é sucesso quando 22 anos depois de sua exibição o publico ainda confere um ibope altíssimo num canal pago as 00:45 da madrugada.

Ontem meu ídolo máximo da TV brasileira foi assassinado no capitulo 192 da reprise de Vale Tudo, exibida pelo canal Viva. Odete Roitman não é apenas uma vilã de novela, assim como o próprio texto de Gilberto Braga não passa ileso como apenas mais uma novela da Rede Globo.

Vale Tudo é carregada de citações que permeiam a sociedade pós-regime militar, que engatinhava num processo democrático assolado por uma inflação de 83% ao mês. Isso é impossível de se imaginar nos dias de hoje.

Quem acompanhou a reprise, mas não viveu os anos 80 pode entender como nosso Brasil mudou e como somos um povo mais orgulhoso. O enfoque de corrupção é tão atual que as falcatruas de Marco Aurélio ( Reginaldo Farias) poderia muito bem ser empregada a um executivo qualquer de uma multinacional de hoje. Mas o que mudou não foi à maneira de roubar, mas sim a forma como o povo encara isso. Somos mais vigilantes, mesmo sabendo que muito acaba em pizza. O “jeitinho” brasileiro deu lugar ao trabalho, a conquista pelo suor. E não me digam que estou sendo utópico. Aos mais velhos como eu, parem e pensem: a lei de Gerson acabou.

Odete Roitman é o melhor personagem da carreira de Beatriz Segall, sem duvida alguma. Uma aristocrata corrupta, que não media esforços para manter seu bem estar intacto. Pra isso jogou a morte de um dos filhos nas costas da sua própria filha, e assim destruiu a vida de varias pessoas, apenas por não aceitar que “ela” pudesse pagar por um crime cometido.

Vale Tudo mostra que no embate “bem x mal” os mocinhos sempre ganham. Ao se deparar com o personagem épico ( mocinha sofrida, honesta e carismática) vivida por Regina Duarte, Odete desmoronou tendo seu telhado de vidro acertado por pedras pesadas.

Todo folhetim é demagogo, por que isso atrai o publico. Mostrar a realidade sem espantar o telespectador é uma missão árdua. A novela tem sua liberdade poética, e saber usar os limites, é tarefa quase impossível.

A Rede Globo gravou cinco finais diferentes para a morte de Odete. Seria surpreendente que após tantos anos, mudassem o final e nos brindassem com um novo assassino. Mas obras fechadas não podem ser alteradas. Gilberto Braga, com sua influencia poderia sim permitir uma transformação radical no fim de Vale Tudo. Deixe a Leila descansar um pouco, e ponham outro assassino em seu lugar.

Dificilmente Vale Tudo terá outra reprise. Que seus personagens se eternizem na memoria do publico de hoje, e que todos tenham consciência do que foi a década de 80. Um período cinza da história nacional, mas que abriu caminho para que o céu se tornasse azul, e hoje pudéssemos desfrutar de bons momentos. A década de 80 foi sem duvida a mais criativa da história da TV brasileira.

Vou ver que horas é o enterro de Odete Roitman. Esse velório não perco por nada...rs rs rs



parodia otima da abertura da novela
Abração e ótima quinta feira a todos.

6 comentários:

Que Show, Kisner! disse...

oi Rafael, teus posts estão cada dia mais incríveis, leio tudo, todos os dias. E igual a Vale Tudo dificilmente um dia teremos. Uma vez Gilberto Braga disse que para escrever essa novela ele havia dado o seu melhor. Noites mal dormidas e muita competência. Não que as que vieram depois não foram boas, Gilberto sempre tem boas sacadas, mas se vê que ele não quis mais perder o sono.

Bom dia!

Unknown disse...

Não lembro se assisti essa novela, mas claro que lembro de toda a polêmica. Oxalá sejamos cada vez mais vigilantes e atentos, que aprendamos a votar, e a cobrar depois, e a participar mais sem esperar que o "Governo" faça tudo, enfim... Beijo! :-)

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

caracolis ... esta parodia ficou muito boa ... rs

Vanessa Anacleto disse...

Menino, qdo perco um capítulo fico triste :-)

BJS

Anônimo disse...

Eu ouço falar dessa Odete Roitman desde que eu me entendo por gente! Hahahahaha...

Heron Xavier disse...

'Vale Tudo' é fantástica. Pena não passar na tv aberta para que a população mais jovem, embrionária em 88, possa rever certos conceitos e fazer este país andar. Pra frente, é claro.