A BOA INFÂNCIA

Lendo um post agora cedo no blog do Edu sobre moleques cuspindo no vizinho do apartamento inferior me lembrei das tantas idiotices que fiz quando era criança. Nada que pudesse me levar a uma corte marcial, caso estivesse num país islâmico.

Tinha mania de pegar minha caloi (igual a da foto abaixo , só que na versão vermelha) e fazer exploração no bairro. Ia a terrenos da prefeitura, ou encostas de córrego, em aventuras. Não ia sozinho, seguia um bando de outros moleques, com suas havainas de borracha branca e azul como as minhas descobrir minas de diamante. Hoje vejo o quanto à cidade deteriorou, por que esses lugares, mesmo sendo cabeceiras de córregos, eram limpos, e quase se podia nadar.
Colecionava tampinhas dos pinos de pneus de carro. Aqueles que vedam a saída de ar. Dá pra imaginar o porquê disso? Fora as plaquinhas de chumbo que serviam para calibrar as rodas. Era uma diversão arranca-los dos carros parados na rua. Nunca fui pego, muito menos xingado por isso. Era rápido e ligeiro.

Brincávamos de cidade (talvez o inicio da minha vocação de urbanista) e cada um dentro de suas casas tinham um comercio. Minha casa como tinha uma frente ampla, mas com alguns nichos servia como agencia bancaria. Empregava três meninas que ficavam no caixa. Fazia dinheiro de papel. Era milionário...rs rs rs. Por que isso não se retratou pra vida adulta?

Certa vez (acredito 7 ou 8 anos) peguei todos os pacotes de bolacha recheada que meus pais haviam comprado e comi o recheio de todas. Doce ilusão que ninguém descobriria. Dentro de cada bolacha lambida foi colocado uma camada de margarina e devolvida intacta no pacote. Apanhei. Uma das poucas vezes que isso aconteceu de verdade.

Nos dias de muito calor enchia uma bacia de alumínio gigante e sentava dentro como se fosse uma piscina. Em pouco tempo já perdia a graça e com um sabonete fazia um mundo de espuma, deixando o quintal branco de gordura de sabonete ressecada. Ouvi muito xingo por isso.

Meu irmão era um cara complicado, e seu guarda-roupas tinha um cadeado trancando a porta. Como ele é alguns anos mais velho, claro que tudo que guardava ali dentro era um tesouro inesgotável de curiosidade. Engraçado que todo cadeado vem com duas chaves, mas o dele veio com uma só, segundo o próprio reclamante. É que antes dele utilizar a trava, eu já havia furtado a chave reserva. Até pouco tempo tinha essa chavinha guardada. O pior é o cara era tão neurótico, que passava uma corrente, e depois fechava como cadeado. Comi muito dos doces que ele escondia, vestia as roupas dele sem que percebesse, e fuçava em todas as revistas de sacanagem que ele comprava. Alias, quando ele casou, ganhei uma grana preta num sebo vendendo as coleções de revistas. Eram todas importadas e com encadernação de primeira....rs.
Quando alguns vizinhos mudaram-se, eu e minha irmã quebramos todos os vidros da casa. Íamos sorrateiramente até a frente, atirávamos pedras e depois corríamos como loucos de volta. Mesmo com a reclamação de uma velha fofoqueira, não levamos bronca.

De frente pra minha casa moravam a “Dêla Gurila”, com o marido dela o “bigode de taturana”, sua filha “berruga de brigadeiro”. A diversão era tacar coquinho de arvore no telhado da sua garagem. Havia um esconderijo estratégico na minha casa, de onde podíamos atirar os objetos sem que eles vissem. Essa mulher era infinitamente megera com a criançada...merecia.

Nunca fiz nada grave quando criança. Sempre arrancava o tampão do dedão, coisa que sangrava muito, mas não quebrei nenhum osso enquanto pedalava minha bicicletinha envenenada ou escalava morros. O maximo era voltar imundo no fim do dia e escutar os escândalos da minha mãe. Rs rs rs.

Abração e boa terça feira a todos.

8 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Eu além do joelho sem a pele, voltava com o vestido de pregas todo desabanhado e levava muita bronca kkkkk

Adorei me lembrar da infância, sempre tão bom! bjs

Leandro Faria disse...

Ah, como é bom ser criança.
E a gente nem se dava conta disso, não é mesmo?
Cresci no interior do RJ, então vc imagina. Me vi retratado em tanto que vc falou aí.
Saudade, muita saudade.
Bjo, querido!

Arsênico disse...

Eu também tinha uma caloi exatamente igual a sua! Era uma diversão... mas jamais cheguei aos pés das suas travessuras! Hahaha!

Fiz algumas é bem verdade como por exemplo pegar todos os ovos da geladeira e quebrar no muro em frente de casa só para ouví-los estourar... o que me rendeu uma surra e tanto! Hahaha!!!

aBraço!

;-D

Mylla Galvão disse...

Ah... Já aprontei mto tb!
Talvez vc goste de meu blog de memórias... Já postei mtos causos meus!
http://minhasmemoriasdeinfancia.blogspot.com

Mas vc era um capetinha heim?

Abraços

Aninha disse...

Meu Deus...

Estou com medo de vc!!!

Onde está aquele menino com cara de bonzinho, que posta aqui no blog??

Mas gostei da surpresa, criança hiperativa... infância é magia pura!

Beijão p vc Romãozinho ( lembra do folclore??rs)

Ana Flávia

Valdeir Almeida disse...

Você viveu bem sua infância.

Eu também amei a minha.
Assim como você, eu também tinha uma Caloi, só que a minha era branca. Ai ai, se aquela minha Caloi falasse (rsrs).

Essa de mascarar o "furto" do recheio da bolacha com margarina foi boa.

Abração, Rafael, e ótima quarta-feira.

o Humberto disse...

Ai, Rafael, que ótimo tudo isso. Revivi minha infancia e teve muita coisa aqui que fiz igual. A da margarina no lugar do recheio morri de rir.

O tampão arrancado era de lei, eu nem chorava mais. O mais legal é que arrancava, enchia a mão e sal e tavaca em cima (uia!).

Eu tive cidades tb, mas a gente uma época teve foi empresa, a HS era uma mega corporação, rs. Como vc diz, pq não se repetiu ainda na vida adulta, né? Eu tinha até editora!

Muito bom o post, meu querido, essas coisas que fazem a gente se sentir um cara normal.

P.S.: Que eu me lembre, a pior que eu fiz foi quebrar uma mesa de ardósia enorme que tinha acabado de chegar em casa. Tava brincando de pegador de escoder, me escondi atrás dela e, veja só, certinho que eu era vi minha irmã jogando no jogo, fui levantar pra dar o berro e so vi a mesa virando. HAHAHAHA, acho que a cara de pavor foi tão grande que nem precisou me xingarem, acho que deu dó, hehehe.

Ai, realmente, ótimo post.

Marcia disse...

aaaaaawwwwnnnnlllllllll!!!

Destaque para: Caloi!

Amei, se fosse a bike da concorrência eu iria ficar sentida, você pode me mandar a sua história sobre a bike e com uma foto sua nela? antiga mesmo? Vou contar tua história lá no marketing da empresa, temos planos para todos que tem boa memória com as suas Calois =))

Beijooooo