Pra uma família católica não há nada mais “digno” do que ir a Aparecida do Norte no Santuário de nossa padroeira. Bem, qdo se é moleque e não opina muito, os pais te arrastam para esses compromissos e pronto, e cala a boca...
Antes de minha irmã se casar, não sei por que cargas d´agua, minha mãe resolveu que iríamos a Aparecida do Norte na excursão que uma prima do meu cunhado fazia todos anos para cumprir uma promessa que fizera a santa por 20 anos. Tinha que ir até lá, com uma vela do tamanho do moleque mais velho e ascender no templo. Pensa bem, por 20anos. Quando o menino tiver 18, a vela provavelmente terá 1,80.
Passagens compradas, e minha avó a tira colo que nem pestanejou em não ir. Foi à pessoa mais beata que conheci em minha vida. Um dia escrevo um post contanto os rituais dela com os santos. Hilarios!
Excursão que se presa tem tias gordas, molecada ranhenta, pau d´agua, bacia de empadinhas, casal brigando, caçarola Italiana, bolinho de chuva murcho e gorduroso, muito café e chá em garrafas térmicas manchadas, cheiro de arroto no ônibus (tanta comida junto cheirando não é fácil), além de um motorista sem noção, terço de madrugada, e uma radiola tocando alguma musica do Wando. Ingredientes perfeitos!
O motorista que nos levou também era primo do meu cunhado. Um camarada magricelo, chamado “Craudio”, que até hoje não sei se é problema de fonética ou se chama assim mesmo.
Partida marcada para meia noite, assim chegaríamos por lá para as missa das 5:30....Escutem bem, A MISSA DAS 5:30!!!!
Todos dentro do ônibus, era aniversario da minha irmã, 7 de março. Surge um vizinho do nada e diz: Ih gente, sabe o marido da Eglantina, aquela que vende roupa, que batia no menino dela com fivela de cinto? Então o marido acabou de dar um tiro na cabeça, ali perto da padaria. Sentou na porta, tirou o revolver e pum.
Legal!!!! Ótima hora pra contar isso. Valeu seu Zulirdo.
Ônibus da viação Branca de Neve. Acho que não poderiam ter escolhido um carro mais podre pra levar o pessoal. Craudião ligou o buzão, velharada se acotovelando pelo melhor lugar, minha avó toda emperiquitada não querendo encostar-se em nada, com nojo. Acreditem, ela estava com o cabelos todo armado de laquê, por que não saia de casa sem jóias, cabelo arrumado e mocassim de salto.
Eu tinha medo de uma senhora que morava no bairro. Não é que a Dona senta bem do meu lado no corredor. Ficava olhando as verrugas cabeludas dela, e pedia misericórdia para minha Irma trocar de lugar comigo e deixar sentar na janela. Não....fica aí, moleque idiota. Foi à resposta. Teria que me conformar, encolhido no banco para que Dona Genilse não esbarrasse o braço cabeludo e mim.
Não há necessidade de dizer que ninguém dormiu. Não por falta de sono, mas pelas barbeiragens de Craudião e do Ônibus que chacoalhava não pra cima e pra baixo, mas para os lados...os eixos deviam estar estourados. Não havia como se segurar. Medo, pânico, reza, criança vomitando, e Deus tomando conta!!!
Chegamos em tempo da MISSA DAS 5:30. Fui arrastado num frio miserável, com as orelhas geladas, protegendo-a por que qualquer esbarrão ficaria sem elas, estavam duras como pedaços de gelo.
Posso dizer que a celebração foi linda. Missa bonita, mas o povo era horroroso. Deus me perdoe desse comentário, por que nunca fui modelo de beleza, mas aquilo era a visão do inferno. Nunca em toda minha vida vi gente tão feia.
Acabada a Missa, procissão para a capela velha, láaaaaaaa em cima de um morro. Minha mãechega pra vó e diz: Mãe é longe, você não vai andar até lá. Volta pro ônibus com o pessoal, toma um café e fica lá que daqui a pouco voltamos.
Demoramos 6 horas para voltar.
Passamos na sala dos milagres. Algo bizarro. Um lugar cheio de fotos, vestidos de noiva, órgãos humanos de cera, pernas, pés, cabeças, e tudo o que se pode imaginar. Tenebroso. Tive pesadelos por um bom tempo com essa masmorra do terror. Almoçamos na cidade, compramos bugigangas, e lembramos: Putz, a vó ficou sozinha!
Mas não corremos, voltamos lentamente. Ao chegar perto do ônibus ele trancado. Ih, onde levaram a velhinha se aqui ta fechado? Avistando o motorista de longe, pedimos que ele abrisse para guardarmos as compras. Ao entrarmos demos de cara com a pobre da minha avó sentada chorando.
Trancaram ela dentro do ônibus com os vidros fechados num calor de 40°. Estava com os cabelos escorridos na cabeça, ensopada de suor, maquiagem borrada, inconformada por termos abandonado ela. Mas percebemos que as empadinhas, e outras guloseimas ela comeu. Aproveitou enquanto estava só e se empanturrou de tudo o que haviam carregado para a viagem, só não esperava que o povo demorasse tanto a voltar. Pobrezinha, tanto glamour para sair, e estava um caco.
A volta foi terrível, com um movimento absurdo na rodovia, mas todos tão cansados que não tiveram coragem de puxar um terço. Fomos realmente guiados de volta por uma força divina.
No ano seguinte Alzira veio em casa vender as passagens para a excursão anual. Quem botou ela quase a pontapés para fora foi minha avó, que disse que aquilo era uma tentativa de assassinato. Nunca mais na vida ela iria de novo para lá, num ônibus apinhado de gente horrível, fedida, barulhenta e porca. Confesso que minha avó era uma pessoa muito preconceituosa. Que Deus a tenha....
Abração, boa quarta-feira, ótimo feriado a todos.
Antes de minha irmã se casar, não sei por que cargas d´agua, minha mãe resolveu que iríamos a Aparecida do Norte na excursão que uma prima do meu cunhado fazia todos anos para cumprir uma promessa que fizera a santa por 20 anos. Tinha que ir até lá, com uma vela do tamanho do moleque mais velho e ascender no templo. Pensa bem, por 20anos. Quando o menino tiver 18, a vela provavelmente terá 1,80.
Passagens compradas, e minha avó a tira colo que nem pestanejou em não ir. Foi à pessoa mais beata que conheci em minha vida. Um dia escrevo um post contanto os rituais dela com os santos. Hilarios!
Excursão que se presa tem tias gordas, molecada ranhenta, pau d´agua, bacia de empadinhas, casal brigando, caçarola Italiana, bolinho de chuva murcho e gorduroso, muito café e chá em garrafas térmicas manchadas, cheiro de arroto no ônibus (tanta comida junto cheirando não é fácil), além de um motorista sem noção, terço de madrugada, e uma radiola tocando alguma musica do Wando. Ingredientes perfeitos!
O motorista que nos levou também era primo do meu cunhado. Um camarada magricelo, chamado “Craudio”, que até hoje não sei se é problema de fonética ou se chama assim mesmo.
Partida marcada para meia noite, assim chegaríamos por lá para as missa das 5:30....Escutem bem, A MISSA DAS 5:30!!!!
Todos dentro do ônibus, era aniversario da minha irmã, 7 de março. Surge um vizinho do nada e diz: Ih gente, sabe o marido da Eglantina, aquela que vende roupa, que batia no menino dela com fivela de cinto? Então o marido acabou de dar um tiro na cabeça, ali perto da padaria. Sentou na porta, tirou o revolver e pum.
Legal!!!! Ótima hora pra contar isso. Valeu seu Zulirdo.
Ônibus da viação Branca de Neve. Acho que não poderiam ter escolhido um carro mais podre pra levar o pessoal. Craudião ligou o buzão, velharada se acotovelando pelo melhor lugar, minha avó toda emperiquitada não querendo encostar-se em nada, com nojo. Acreditem, ela estava com o cabelos todo armado de laquê, por que não saia de casa sem jóias, cabelo arrumado e mocassim de salto.
Eu tinha medo de uma senhora que morava no bairro. Não é que a Dona senta bem do meu lado no corredor. Ficava olhando as verrugas cabeludas dela, e pedia misericórdia para minha Irma trocar de lugar comigo e deixar sentar na janela. Não....fica aí, moleque idiota. Foi à resposta. Teria que me conformar, encolhido no banco para que Dona Genilse não esbarrasse o braço cabeludo e mim.
Não há necessidade de dizer que ninguém dormiu. Não por falta de sono, mas pelas barbeiragens de Craudião e do Ônibus que chacoalhava não pra cima e pra baixo, mas para os lados...os eixos deviam estar estourados. Não havia como se segurar. Medo, pânico, reza, criança vomitando, e Deus tomando conta!!!
Chegamos em tempo da MISSA DAS 5:30. Fui arrastado num frio miserável, com as orelhas geladas, protegendo-a por que qualquer esbarrão ficaria sem elas, estavam duras como pedaços de gelo.
Posso dizer que a celebração foi linda. Missa bonita, mas o povo era horroroso. Deus me perdoe desse comentário, por que nunca fui modelo de beleza, mas aquilo era a visão do inferno. Nunca em toda minha vida vi gente tão feia.
Acabada a Missa, procissão para a capela velha, láaaaaaaa em cima de um morro. Minha mãechega pra vó e diz: Mãe é longe, você não vai andar até lá. Volta pro ônibus com o pessoal, toma um café e fica lá que daqui a pouco voltamos.
Demoramos 6 horas para voltar.
Passamos na sala dos milagres. Algo bizarro. Um lugar cheio de fotos, vestidos de noiva, órgãos humanos de cera, pernas, pés, cabeças, e tudo o que se pode imaginar. Tenebroso. Tive pesadelos por um bom tempo com essa masmorra do terror. Almoçamos na cidade, compramos bugigangas, e lembramos: Putz, a vó ficou sozinha!
Mas não corremos, voltamos lentamente. Ao chegar perto do ônibus ele trancado. Ih, onde levaram a velhinha se aqui ta fechado? Avistando o motorista de longe, pedimos que ele abrisse para guardarmos as compras. Ao entrarmos demos de cara com a pobre da minha avó sentada chorando.
Trancaram ela dentro do ônibus com os vidros fechados num calor de 40°. Estava com os cabelos escorridos na cabeça, ensopada de suor, maquiagem borrada, inconformada por termos abandonado ela. Mas percebemos que as empadinhas, e outras guloseimas ela comeu. Aproveitou enquanto estava só e se empanturrou de tudo o que haviam carregado para a viagem, só não esperava que o povo demorasse tanto a voltar. Pobrezinha, tanto glamour para sair, e estava um caco.
A volta foi terrível, com um movimento absurdo na rodovia, mas todos tão cansados que não tiveram coragem de puxar um terço. Fomos realmente guiados de volta por uma força divina.
No ano seguinte Alzira veio em casa vender as passagens para a excursão anual. Quem botou ela quase a pontapés para fora foi minha avó, que disse que aquilo era uma tentativa de assassinato. Nunca mais na vida ela iria de novo para lá, num ônibus apinhado de gente horrível, fedida, barulhenta e porca. Confesso que minha avó era uma pessoa muito preconceituosa. Que Deus a tenha....
Abração, boa quarta-feira, ótimo feriado a todos.
21 comentários:
Nossa me deu vontade de nunca ir numa excursão dessa... ehehehe!
Todo ano minha mãe vai lá, é sagrado pra ela. Tem sempre que pegar no manto da santa quando a imagem passa durante a missa... Eu aprendi a respeitar a santa por conta dessa devoção da minha mãe...
Beijocas
...coitadinha da sua vó rs !!!
Mas mesmo bizarros, esses passeios de "família trapo" são muito bons né...qto mais bizerrice mais coisa pra contar !!!
Mas vem cá, essas sala dos milagres tinha qual fundamento ?? Mostrar o que ?
Bjo
Coitada da sua vózinha, Rafael!
Mas sua história é hilariante...rs Eu já fui à Aparecida do Norte, mas nunca iria de excursão. Minha falecida avó dizia que isso não dá certo no caso de Aparecida, porque é muito pecado junto dentro do ônibus e daí isso pode causar um acidente... Nunca comprovei isso, mas pelo sim, pelo não, não me meto numa excursão não! he he Beijos, Karina.
Rafael..kkkkkkkkkkkkkkkkk
Eu já fui numa excursão pra Aparecida, saindo de CURITIBA, pense!!!! Mas minha nona beata quis ir, foi FO-DA.
Depois disso, tive que ir por um tempo com a minha mãe graças a uma promessa dela, em nome da minha pessoa. ¬¬ (TENSO)
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
agora, é trash, tem muita gente feia, muita, muita, muita, aquela sala dos milagres me da panico. TUDO ME DÁ PANICO.
Há tempos atras, minha irmã disse que tem um Mc Donalds lá, é o que salva a viagem..kkkkkkkkkkkkkkkk
Abraço, eu ri muuuuuito!!!
Rafaaaaaaaaaa
Muito bommmmmmmm, parabéns! Adorei!
kkkkkkkkkkkkkkkk
Me vi do lado da mulher da verruga, senti lamentávelmente todos os cheiros que vc relatou (até ardeu meu nariz só de imaginar!!!!).Que horror!
Nunca fui neste lugar e espero nunca ir! Detesto multidões, aglomerações, fedidões, empurrões, aff ...
Medo claustofóbico a quinta potência.
Bjs e ótimo feriado para vcs ai...
tadinha da vó!
Ainda bem que aki o povo num é beato...
Mais minha vó ia pra Juazeiro qdo eu era pequena...
Graças a Deus que nunca me levou!!! rsrs
Ri mto com seu post! Ilário!
xêro moçO!
Criis
Essas excursões sempre geram ótimas histórias não? uma vez meu pai acordou a familia toda pra uma tal procissão que saia de madrugada... fomos nós sonambulos com ele, detalhe chegando no tal lugar descobriu que o dia da procissão era outro kkkk
Abraço Rafael
Meu filho! vc faz a gente se lembrar de cada coisa! Lembro que quando era pivete, minha mãe me obrigou a ir pra lá com eles também, mas acho que foi uma vez só! Graças a Deus! KKK!
Abraço!!
Não, obrigado. Não gosto de onibus lotado, povo apertado e fedido.
MAs vc sobreviver. Que bom!
kkkkkkkkkk, meu filho de onde vc tirou esses nomes: Eglantina e Zulirdo? existem mesmo é? oO jesusamado... que odisséia essa sua visita hein, rs
maraaa
Deus me livre de um dia assim. Quando soube que a viagem faria uma parada nesse lugar aí, tratei de ficar onde o ônibus estacionou, e claro que não foi dentro. Mas nem seria problema, no dia a temperatura era digna de infernos europeus. Me desculpe, mas imaginei a cena de sua avó como nesses filmes de comédia bem trash e ri.
até mais.
Jota Cê
Fala sério, Rafael!
To morrendo de rir aqui. Cara, não dá pra enumerar ou apontar a melhor e mais divertida passagem desse seu realto digamos assim, hmmm....hilário....kkkkkkkkkkkkkk
O lance da vela com 1:80m de altura abriu o espetáculo.
Rafael, digno de ser postado em um jornal. Demais.
Salve a sua avó. Livrou vc e todo mundo da próxima viagem. Ôoooooooo dó! Tanta coisa pra ficar trancada nop ônibus do "Cráudio" (kkkkkkkkk) se encehndo de empadinhas!!!!!!!!!!!!!
Parabéns pelo senso de humor e a sacada em colocar isso em forma de texto!
Inveja branca.........rsrsrsrs
To esperando os leros da sua avó com os santos.....rs
beijo pra vc
Rafael [rindo aqui]
Minha avó não fica atrás, ela é beata daquelas de ajoelhar no milho se for preciso, vi neste seu texto a minha vó, que por sinal pra ajudar, tem o nome de Amélia.rsrs
Meu! muito, muito bom mesmo, valeu a minha quarta pelo que li aqui.
Abraço
Fê
Só de pensar na muvuca e no calor que aquele lugar gera, não penso em ir nem pra pagar promessa! :) Imaginar o tsunami de cheiros alheios, então, prefiro ver em casa um filme de terror! rss
Abraço!!
Marcelo.
Rafael, a história é um barato, mas isso você já sabia antes mesmo de baixá-la na tela; agora o que eu quero dizer é o seguinte: que maravilha é ter um blog e tudo transformar em um divertido conto! Parabéns, cara. Abraço do Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com
Oie...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
dei risadas e me emocionei com esse seu post porque lembrei demais das vezes que fui aí com os meus avós que morreram recentemente, bateu uma saudade filha da mãe, mas enfim, c'est la vie!
Beijo, beijo e mesmo que a emoção tenha sido forte me fez bem ler esse post e lembrar de momentos felizes de minha infância.
Ahhhh e vc escreve de uma forma muito gostosa!
She
Rafa, eu já conhecia a história, mas não tem como rir muito dela toda vez que é contada...
Eu imagino a sua avó toda suada e presa dentro do onibus... com filha e netos como vocês sua vó não precisava de inimigos...rs..rs...rs...
Já fui a Paris cida do Norte e realmente todos lé pedem muita saude e ninguém lembra de pedir beleza... ô gente feia!
abçs
Pow cara que aventura ein, eu particularmente adoro visitar a Aparecida do Norte, não vou e excursão, mas pelo menos uma ou duas vezs por ano eu vou, não parece mas sou bem religioso, grato pela visita a meu blog brow
Hahaha, excursão familiar é TENSO. Sempre! Quando eu era mais novo eu sempre acabava inevitavelmente arrastado, que nem uma vez que fui de ônibus do Rio de Janeiro até o MARANHÃO. Imagina, 2 dias e meio desse terror que você passou!
Visualizou?
Agora CORRE!
Abração Rafael!
hehehehhehe...
nunca me esqueço o dia que passei na faculdade e minha vó me levou para lá acender uma vela do meu tamanho. até pareceu um milagre eu ter passado!... hehehehe
minha família tem dessas de ir na nossa senhora aparecida benzer tudo. sempre q alguem tem carro novo vai lá benzer a chave do carro... rsrs
abraço!
Rafael, to rindo aqui com seu post pq esse lugar tem histórias! Semana passada contei lá no meu blog a roubada que minha irmã meteu minha mãe ao convidá-la para uma excursão dessas no feriado...acho que no íntimo era uma vingança pq há alguns anos minha mãe fez uma promessa e na hora de pagar arrastou a mim e minha irmã junto dela para Aparecida. Minha cota já está paga. Beijão
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