UM PRIMEIRO AMOR

Não sou de expor muito da minha vida pessoal no blog. Faço pequenas inserções de situações diárias, de histórias engraçadas do passado, coisas que gosto ou não, mas falar de particularidades é meio difícil.

Mas tenho sempre comigo algo que a mãe do Marcão (Meu Pitaco) me disse uma vez, quando da morte do marido: A vida é nada mais do que ciclos que se fundem uns aos outros, e assim constroem nossa história. Sempre que um deles se fecha, inevitavelmente se abre outro, com novas perspectivas, momentos, felicidades e tristezas. Existem ciclos curtos, ciclos que nunca terminam, ou aqueles que marcam profundamente.

Falo isso talvez pela nostalgia de ver as crianças crescerem. É tão difícil lembrar-se de um bebê que ontem mesmo carregamos no colo, e hoje já tem suas opiniões formadas, já são cidadãos do mundo com vontades e ideais.

Na sexta passada recebi um telefone da minha irmã contando uma novidade. Minha sobrinha mais velha, que tem o mesmo nome do tio, apresentou para ela o “namoradinho”, que por sinal tem o mesmo nome do tio também...rs rs rs...

Fiquei feliz de saber que ela conquistou alguém, mais ainda de ver palavras doces do menino nos sites de relacionamentos que eles têm perfil. Um garoto bonzinho, mais velho um pouco, com características típicas de um adolescente de hoje, de boa família, responsável.

Tudo isso claro, informações dadas por ela, e pela minha irmã. Sem querer acabei por conhecê-lo, e não se fizeram mentira as informações dadas. Realmente um garoto quieto.

Mas tudo bem, ela é uma menina delicada de 15 anos, estudiosa, e linda, que merece tudo de bom, inclusive namorar. Mas é tão complicado olhar o bebê que outro dia enrolava a língua pra conversar com você, hoje de olhos maquiados, vestida como uma moça, começando a vida.

Tenho uma história bonita com a Rafaela. Ela é a primeira sobrinha, nascida depois de um longo período sem bebes na casa. Gosto de todos os meus sobrinhos e posso afirmar que são como filhos, mas ela é a que toca o coração de forma diferente.

Após o choque da noticia, que claro, não tem todo esse drama, por que é apenas um namoro adolescente, fiz toda uma reflexão, e rememorei as fases da vida, a infância dela, as coisas engraçadas que dizia a espontaneidade com que se vestia e dançava na frente de estranhos, os choros, machucados, e tantas situações que presenciei. As festinhas de escola, o balé, os parques, as gargalhadas, os apelidos pelos quais me chamava...

Junto disso veio a imaginação de como é sublime um filho. Admiro as pessoas que se dispõe a gerar, criar, educar uma criança. Bebes são caixas de pandora das quais não se tem idéia do que serão no futuro, após serem abertas. Claro que a base familiar diz muito, mas a personalidade individual, essa ninguém molda, apenas orienta. E é difícil...muito difícil.

Realmente parece dramático da minha parte falar com toda essa melancolia sobre algo inevitável. Mas acho que algumas pessoas irão me compreender. Não é ciúme, não é preocupação, muito menos o pensamento de que “ah, to envelhecendo”. Não, é apenas a constatação de que não é mais uma criança. Acabou a infância. Ela cresceu !!!

Agora temos que tratá-la de forma diferente, com um respeito adulto. Mas a lembrança de fazê-la dormir quando bebê ao som de “ aqueles ohos verdes” na voz de Nat King Cole, única musica que a fazia relaxar, vai ficar pra sempre.

Um ciclo se fechou, e abriu-se outro, com cuidados e preocupações diferentes. A mim, basta continuar sendo o padrinho, o tio, e um amigo. E assim seja com os outros mais novos que logo também terão a mesma trajetória.

Nada do que foi será,
De novo do jeito que já foi um dia.
Tudo passa,
Tudo sempre passará

Lulu Santos - Como uma onda.

Abração a todos, e boa semana.

9 comentários:

Anônimo disse...

Legal...também tenho sobrinhos e sinto o mesmo em relação a eles e elas...é mesmo engraçado esse ciclo da vida...

BjS!

Lobo disse...

Ciclos terminam e começam a todo momento. por essas e outras que acho ano novo uma babozeira danada. Como se todos os ciclos caminhassem para encerrar naquele dia...

Abração Rafa!

[Farelos e Sílabas] disse...

===



Lya Luft tem uma frase que acho genial: “Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar. Olhe-se no espelho.” E quando a gente [se] olha no espelho, se percebe em tanta coisa, em tantos idos, em tantas lembranças, em tantos sonhos, algumas vezes, até preocupações. Mas são ciclos, você bem falou. E todos interagem, pois somos sim uma colcha de retalhos [Freud e Lacan já nos disseram num outro sotaque, mais técnico, mais “psiquê”...].

Olho para trás e olho para o agora, esse apelido que damos ao “Hoje”, e vejo como os meus sobrinhos estão crescendo. E mais: como já começam a fazer conquistas próprias, dos seus tamanhos... Três com suas namoradinhas, um dos quais já tendo saído da terra natal [e do nosso calorzinho] para se enfiar em São Carlos, na Universidade, para onde foi com apenas 17 “aninhos”... [risos]

Sim, eles estão crescendo! Nós, trazendo da lembrança o sabor do vinho que, quanto mais envelhece, mais bobo e mais encantado fica, vamos constatando os fatos...

Amo as palavras quando elas se vestem desse tom mais familiar... Aff, eita tio bobo!

===

Arsênico disse...

Conforme vamos envelhecendo... essa nostalgia inevitavelmente acontece... e também não estou preocupado com minha idade... mas crianças que você brincou... e enrolou a língua por que achou que assim elas o entenderia... hoje são adultos!

Isso me dá um pouco de medo... medo do mundo... é óbvio que ninguém tem filhos pra si mesmo... mas daí empurrar ladeira abaixo é uma situação difícil de aceitar!

Essa noite sonhei que eu tinha um filho... lindo... de olhos azuis e cabelos cacheados...

Que pena que acordei!

***

aBraço!

;-)

Marcos disse...

Essa coisa de tio ciumento heim... rsrsrs.... mas sei o que vc quer dizer... ciclos... eles vem e se fecham para novos momentos de nossas vidas ou da vida dos que gostamos e acompanhamos....

Eu acho que alguns ciclos são mais curtos e outros mais longos... mas a aceitação é parte dele se tornar uma boa experiencia...

Abçs e ainda bem que vc não tem filhos ou melhor.... filhas senão fava ferrado!!!

Antonio de Castro disse...

eu fiquei lendo e imaginando...

é isso q passa pela cabeça da minha tia.

foi isso q eu senti qd minha irmã disse q ia se casar.

..::voy::.. disse...

é... ciclos!
e lembranças...
nostalgia!

abraços
voy

Marcos disse...

pelo que eu estou lendo acima... o comment foi dia 30 do 8.... e não 19

Sandra disse...

Que bonitinho... todo emotivo pq a sobrinha cresceu... rsrs.

Vc tem um coração de ouro, menino!