AS PSICOPATAS DO MOMENTO


Tenho falado menos de televisão nos últimos tempos por que percebo pelos comentários quando o faço que algumas pessoas que me visitam dizem não ver tais programas comentados, e por respeito acabo me privando de falar da minha paixão nacional: novelas.

Hoje pela manhã passei pelo blog do meu amigo Mr. TV(http://bandeirada-bandeirada.blogspot.com.br/), que falava sobre Avenida Brasil, e senti vontade de também discursar sobre.

Não sou apegado a culturas de massa e modismos. Sabe aquela massificação de algo, então, isso me incomoda um pouco. Mas com TV e os sucessos de algumas novelas eu me rendo. Nasci e cresci vendo e analisando os folhetins. Acho tão hipócrita as pessoas dizerem que não assistem novela por que são produtos que induzem você a burrice, mas aí sentam em frente as suas TVs a Cabo e passam horas com seriados americanos, ingerindo, digerindo e vomitando cultura norte americana. Veja bem, tudo tem um limite, eu também assisto seriados, americanos e brasileiros, na dose certa. As mesmas pessoas que escracham as novelas, assistem Chaves ( que pra mim é uma idiotice sem precedentes) mas opinião é igual a orelha, cada um tem a sua, umas deformadas, outras bonitinhas.

João Emanuel Carneiro é tão bom quanto foi Janete Claire e seu marido Dias Gomes. Quando se fala em bons temas e ótimas atuações voltamos lá pra década de 80 onde o Boni tomava conta do “padrão Globo de produções” e questionava tudo, até a marcação de um ator em cena. Pois bem, não sei se há outro Boni criado na Globo, mas as produções estão brilhantes. Cenários, luzes, direção. Tudo com cuidado cinematográfico. Podemos ver isso em Gabriela. Se a história não está agradando por que infelizmente Walcyr Carrasco pegou a doença de Agnaldo Silva e tornou-se soberbo, a nova adaptação de Jorge Amado está valendo pela belíssima construção de cena, com a ambientação e maquiagem bem característicos da década de 30. Praticamente uma película de cinema.

Dia desses conversava com a escritora Ana Beatriz Barbosa e Silva, a medica e autora do Livro “Mentes perigosas”, pelo twitter. Sim, Ana Beatriz é uma pessoa ( celebridade) que conversa conosco. Ela dá atenção educadamente. Não fica ali como faz Preta Gil e outros falando do seu próprio umbigo e literalmente “cagando”( perdoem a expressão) para o resto do mundo.

Ana Beatriz me respondeu quando questionei se Carminha era uma psicopata ou se Nina também o era. Ambas podem se tornar, mas Carminha, por um passado ainda obscuro teria mais chances de se enquadrar as características psicóticas e assassinas. Mas Nina não ficava atrás, por que seu desejo de Justiça, nada mais era do que uma vingança desenfreada, e poderia sim, matar por isso e tornar-se uma psicopata. Minha conversa com Ana Beatriz foi longa, mas no fim das contas, o que fica claro é que as redes sociais estão ajudando a alavancar o sucesso de Avenida Brasil. Personagens bem construídos, que vão de um humor às vezes patético e pobre ( dentro do contexto dramático) até uma cena terrivelmente tensa, como foi a de Nina enterrada viva. Pra quem assistiu vê-la acordar com uma formiga passando pelo seu rosto é de se levantar da poltrona e aplaudir. Quentin Tarantino faria isso com Uma Thurman em seu próximo filme, alias Carminha e Nina são personagem Tarantianos.

João Emanuel não só está de parabéns por resgatar nesses meses as conversas e as reuniões que discutem novela, algo perdido há muito tempo, como pela dinâmica com que joga as novidades na tela. Fina Estampa, não canso de dizer, é um dos maiores fracassos da TV Globo, mesmo que números indiquem o contrario. Uma novela de quase oito meses onde só um personagem gay foi o destaque. Em Avenida Brasil temos um elenco inteiro, onde por mais que nos exercitamos, não conseguimos dizer: fulano não está bem.

Coloquemos a autoria e a produção de Avenida no rol das melhores obras já realizadas. Não me arrisco em dizer que posso pagar a língua e ver João Emanuel perder a mão e não saber finalizar seu texto. Não, ele é como Janete Claire, seus ideais estão acima da vontade do publico, e se no final ele matar um personagem como Jorginho, mesmo assim o publico o aplaudirá, por que haverá contexto para isso.

Walcyr, Agnaldo, Gilberto Braga, Carlos Lombardi, Benedito Ruy Barbosa, recomendo que os senhores se sentem as vinte uma horas todos os dias e reaprendam a escrever. E outra, deixem os seus orgulhos idiotas de lado, e prestigiem um jovem autor que mudou a dinâmica de se contar uma história. João Emanuel, só lhes trouxe mais trabalho. Quero ver vocês o superarem: velhas!!!!

Abração e ótima quarta feira a todos.

5 comentários:

Unknown disse...

A rede Globo finalmente está aprendendo a ouvir o público. E as redes sociais tão aí pra isso. Ao contrário do que muitos pensam, a novela não nos emburrece. Ela é um retrato da realidade, com uma mistura da cultura atual e o que o próprio público julga interessante assistir, além de até conscientizar o ser humano com valores do tipo "Vingança vale a pena?". E isso não acontece apenas em Avenida Brasil. Olha só o sucesso que as Empreguetes vem fazendo em Cheias de Charme. A emissora tem noção de que se não atender o telespectador, ele vai pra TV a cabo ou pra internet. Como eu publiquei à pouco no Facebook: "eu acho muito fácil não assistir novela e criticar quem o faz simplesmente pelo fato de não querer se sentir alienado pela rede Globo e afins. Assim, você subestima a própria inteligência."

Assisto novela e nem por isso deixo de ler um livro de arte.

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Concordo em tudo Rafael!
Durante a graduação, a maioria dos meus colegas me repreendia quando eu falava que assisto novelas, que acompanho e até arrisco opinião. Mas, creio que uma novela como essa não pode passar despercebida. Essa cena da Nina na cova foi uma das mais brilhantes que já assisti. E me questionei até que ponto, nós seres humanos somos capazes de chegar.
Concordo em tudo com você!
bjs

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

De volta depois de alguns dias de passeio ...

no mínimo interessante esta perspectiva da Ana Beatriz ...
Não acompanho novelas mas sei por alto da dinâmica desta obra do João Emanuel ... realmente interessante ...

M. disse...

Não assisto muito a novelas nos dias de hoje. Já assisti, mas, tenho visto tanta coisa ruim retratada nas novelas que desisti. É a realidade, mas pra isso, basta olhar em volta. Mas "Av. Brasil" parece estar agradando ao público. Parabéns ao autor.
Abraços Fael.

Que Show, Kisner! disse...

Muito bem Rafael, texto primoroso, concordo em gênero, numero e grau, perfeito! Thanks por mencionar meu blogue por aqui, é uma honra, abraço! :)