PRECISAMOS MESMO FALAR?

Segunda feira de carnaval, dia meio nublado, praia cheia, resolvi sozinho assistir “ Precisamos falar sobre Kevin”, filme baseado na obra homônima da escritora americana Lionel Shriver e adaptado para o cinema por Lynne Ramsey e brilhantemente atuado por Tilda Swinton ( eternamente andrógena). Um porem: assisti em casa, no conforto do lar.

O filme é previsível, por que sabemos o fim, não há como negar. Ingênuo quem assiste achando que algo diferente do que está sendo prenunciado acontecerá. Não, tudo aquilo que se teme, acontece. Mas não é a previsibilidade do filme que conta, e sim o embate de uma mãe e seu filho ( de criança a adolescência) numa guerra de nervos que transborda a tela.

Sente-se o rancor, o ódio, o desespero, a humilhação, o pouco amor, o muito amor, nos olhos e nos gestos de ambos. Tilda é uma veterana brilhante do cinema, que em poucas palavras passa a nós sentimentos compreendidos no papel, mas raramente palpáveis como encontrados no filme. Uma pena não concorrer ao Oscar. Seria merecido.

Para quem acredita ser um drama familiar se engana, vai além disso. Uma mistura de suspense e algumas vezes terror. Um sensação de mal vai tomando conta e nos deixando perplexos com a maneira como Kevin vive com a família. Para quem leu “ Mentes Perigosas” da Escritora Ana Beatriz Barbosa e Silva, onde ela traça perfis psicopáticos, fica até fácil desvendar Kevin.

A fotografia, e a forma como o filme se apresenta, em flashs (nada de flashbacks para entender o passado) e sim cenas aleatórias da vida em família, do romance entre o personagem de Tilda e o marido, da infância de Kevin. Tudo se alinhava numa crescente. Aos poucos conseguimos montar um quebra cabeça de emoções que culminam num “Grand finale”  aos moldes de Hannibal Lecter. Muitos tons de vermelho causam impacto, através de uma luz bem colocada, criando um cenário perfeito, que nos atormenta, e nos fazem falar sobre Kevin.

O filme vale a pena, desde que o espectador esteja propicio a compreender o personagem de Tilda. Ela é o fio condutor da história, tudo baseia-se nela. Não li o livro, mas sei que a narrativa é diferente do filme. Nele ela expressa sua preocupação através de cartas ao marido.

Excelentes atuações dos três atores que dão vida a Kevin, do pequeno Rock Duer, passando por Jasper Newell até chegar adolescência com Ezra Miller intocável.

Não costumo falar sobre cenas ou enredo do filme, como não gosto que me contem o final, prefiro apenas dizer que vale a pena, e cada um tira suas próprias conclusões. A capa do livro na época do lançamento no Brasil emoldura muito bem a personalidade de Kevin. No relançamento, colocaram o cartaz do filme. Perde um pouco o impacto.

Abraço a todos, e vamos ao cinema...

4 comentários:

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Carnaval passou e Bratz voltou! Gostei da sinopse! Vou ver! Bjão

::::FER:::: disse...

Eu li mentes perigosas, por desconfiarmos que a enteada da minha irmã seja " diferente". Fiquei louco pra assistir esse filme,“ Precisamos falar sobre Kevin” espero que eu ache aqui na minha cidade.

Tathiana disse...

Adoro dicas de filmes.
Esse aí me interessou.
Bjs.

railer disse...

caramba, também vi este filme na segunda de carnaval! mas foi no cinema.

denso. complexo. muito bom.