Contarei uma breve história pessoal, como um relato ou talvez um desabafo.
No ultimo fim de semana senti pela primeira vez nos meus tantos anos de existência um sentimento novo, o remorso.
Minha irmã mora no mesmo condomínio de apartamentos que meus pais, e por isso a sobrinha mais nova de oito anos passa boa parte do tempo com os avós, por serem mais maleáveis e terem o apartamento num lugar estratégico que facilita as brincadeiras.
São várias as menininhas que brincam por ali conhecidas dos meus pais. Algumas boazinhas, outras sem educação e aquelas de maior afinidade com a pequena. Porém eu com essa idade toda, muitas vezes me comporto como criança também, e sem motivos, nutria uma antipatia por uma das amiguinhas da minha sobrinha. Todas as vezes que a via torcia o nariz, e nem a cumprimentava.
No ultimo sábado as duas brincavam na quarto do meu pai, algumas horas antes de eu chegar (passo os sábados com eles sempre que posso). Uma outra menininha, do grupo das mal criadas, entrou pela casa sem bater para falar com elas. Não houve tempo para que minha mãe a impedisse. Meu pai sentado no quarto junto delas viu quando essa pequena boçal que varou a casa chegou, e em questão de minutos tomou da mão da amiguinha um chocolate e correu. A garotinha foi atrás, e quando tentou alcança-la foi surpreendida por uma porta que “boçal” fechou (outro quarto da casa), prendendo seus dedos.
Parece um tanto mórbido falar disso, mas as pontas dos dedos foram decepadas. Não preciso descrever a cena de horror no apartamento. O que mais me comoveu foi que a garota mesmo urrando de dor, desculpava-se com minha mãe por sujar a casa. Meus pais, já idosos, ficaram abalados de uma forma indescritível.
Nesse ponto é que entra o porquê desse post. Nunca havia sentido remorso na vida. Não tinha motivos pra isso, mas ao saber do ocorrido, da implicância gratuita que tinha na menina, e da dor lancinante que sentiu a pequena, isso tudo me derrubou, causando-me um mal nunca antes vivido.
A consciência humana é terrível. O remorso é um sentimento de total inercia, de você saber que devia ter agido de uma forma e o não faze-lo é que causou aquele arrependimento que aperta o peito.
A garotinha passa bem, os médicos conseguiram que os dedinhos dela não ficassem estragados. Não houve lesão nos ossos, e nessa quarta-feira será feito um enxerto para que não haja cicatrizes. Meus pais depois de um tempo se recuperaram e minha sobrinha à noite sessou o choro.
A garota boçal que a machucou é o tema de um próximo post. Existem crianças más?
Bom dia a todos e ótima semana.
8 comentários:
Essa é a vida, se você sentiu pela primeira vez, fica tranquilo porque esse sentimento não irá cansar de aparecer ;**
Sem querer ser cruel também, mas é uma coisa meio inerente a gente passar a torcer pelo "mais fraco" de qualquer situação, mesmo que ele tenha sido o "mais forte" (ou antipático) há segundos atrás. É aquela coisa National Geographic: odiamos a leoa que mata as gazelinhas, depois ficamos com pena dos leõezinhos cuja comida a hiena roubou.
Respondendo à sua pergunta, sim, existem crianças más. Remorso? Sentimento absolutamente natural ao ser humano. Fique tranquilo, e use o exemplo como experiência (nem precisaria dizê-lo). Beijos, Karina.
Sim... Crianças podem ser muito cruéis.
E não se culpe tanto, porque antipatia todos sentimos até por crianças...
Fico aguardando a história da boçal...
Beijocas
Sério que cê tá perguntando se existem crianças más? Nossa mãe, eu posso citar uns 30 exemplos pelo menos, pra ficar só nos da minha época. Más MESMO.
Bem tensa essa sua história. Meus pais tb são mais idosos, eu imagino bem sua situação.
Meu querido, passando por aqui pra por a leitura em dia e desejar uma ótima semana pra você. Sem esses sustos medonhos.
Abração. ;)
Crianças SÃO más. Todas elas.
Mas enfim, não me permito ter remorso. Remorso é um prato cheio para arrependimento e indecisão, e essas são duas coisas que não quero jamais carregar comigo.
Abração Rafa!
Nossa, eu tenho problemas com acidentes e sangue, só de ler aqui tive ânsias...
Que dó dessa menina!
Sobre se existem crianças más?
Óbvio!
Provavelmente você assistiu ao filme Anjo Malvado, né? Pois é, aquilo é tão real.
E como sou bem legal, te sugiro um livro EXCELENTE de um assunto bem em voga atualmente que fala exatamente sobre isso: PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN.
O assunto: um adolescente de 15 anos que entra numa escola armado atirando nos colegas e professores.
O livro é um apanhado de cartas da mãe falando sobre o filho que, desde pequeno era um psicopata em miniatura. Vale muito a pena ler.
Saudade do senhor, viu!
Muitas!
Bjos
Existem crianças más, sim.
Tem uma aqui em casa. Aff... que dó da menininhaaaaa!
Postar um comentário