Nasci para as artes, não para o
esporte. Nunca competi em atividade esportiva alguma, e habilidade zero para
qualquer modalidade. Talvez tenha sido a falta de incentivo dos pais na infância,
ou o próprio estado de espirito e personalidade que não focaram atividades
esportivas como prioridade na vida. Infelizmente não sou um atleta, mas não
quer dizer que a saúde é deixada de lado, ou que sou obeso mórbido e pratico
levantamento de copo. Para os meus 1.79 m 76 kg ta de bom tamanho.
O Brasil tende a olhar o esporte apenas
por um ângulo, o futebol. Isso nos acarreta essa vergonha alheia dos pobres
coitados de nossos atletas que não conseguem nada melhor que um decimo lugar,
ou talvez a graça de competir no mesmo espaço de grandes estrelas internacionais.
Aqueles que um dia se destacaram por serem privilegiados por alguma divindade, que
não temos consciência, tornam-se tão soberbos que fica difícil torcer por eles.
Assisti à reprise da competição
de ginastica artística masculina outro dia. Não conhecia nenhum dos rapazes e
me espantei com a qualidade dos seus exercícios. Jovens que nota-se, cresceram
praticando o esporte, se esmerando ao máximo para conseguir algo, e que no
final tem que se contentar em aplaudir as grandes potencias mundiais. Onde está
o erro disso? No meu ponto de vista está em darmos atenção desnecessária para
um atleta apenas que amanhã pega sua malinha e parte para a Europa nos deixando
a ver navios.
Neymar é um bom jogador, um rapaz
de talento, mas desperdiçar tanto tempo falando apenas dele não vale a pena. O
Brasil peca nisso. Acreditamos que apenas o futebol pode nos dar projeção e esquecemo-nos
de outros esportes de equipe, vôlei, basquete, handebol, e todos os milhares de
atividades individuais, que minguam por falta de patrocínio. Mesmo Cesar Cielo
que abrilhantou a nossa bandeira na ultima olimpíada, precisa ficar boa parte
do ano treinando fora do país por falta de estrutura.
Aí vejo homens, meninos,
torcedores fanáticos dos times de futebol que se enfrentam, digladiam, se matam
a troco do que? Do time? Dos atletas que o representam? Para que morrer por um
time que nem sabe que você existe. Por que tirar a vida de alguém que nem
conhece, pra defender um brasão que não traz beneficio algum pra sua vida?
Então digo que esses que marcam brigas fora de estádios, que agridem
desnecessariamente um adversário, o fazem para colocar pra fora toda a sua psicopatia
animal. Nada e nem time algum justifica a violência.
Vemos a nossa presidenta (como
gosta de ser chamada) com seus dentinhos de corsa aplaudindo a entrada da
delegação na festa de abertura. Minha senhora, como tantos outros presidentes
que passaram pelo nosso ambíguo país nada de concreto está sendo feito para que
em 2016 não passemos o maior vexame da nossa história, sediando jogos olímpicos
sem atletas que nos orgulhem. Até lá, boa parte dos parcos atletas que fizeram
algo por medalhas não estarão mais competindo. Será que a senhora está
investindo em novos talentos? É necessário que o governo invista, por que a
iniciativa privada faz até o limite que seus impostos terão desconto, fora
isso, deixam os meninos a mingua.
É bonito ver jovens competindo
com classe, com capacidade. Esportes que nunca havia prestado atenção como arco
e flecha, por exemplo, me deixaram boquiaberto com a beleza que as asiáticas o
praticavam. Senti inveja delas.
Infelizmente somos mesmo o país
do Samba, do carnaval. Só sabemos fazer isso de bom e organizado, além claro,
de uma capacidade extraordinária de arrumar subterfúgios mirabolantes para
roubar o dinheiro do povo. Na modalidade corrupção somos medalha de ouro. Na
modalidade injustiça tetracampeões. Na impunidade então, hors concours.
Menos fogos de artificio para
Neymar, Daiane dos Santos, Diego Hipólito e mais aplausos para os anônimos nacionais
que estão lá, e que um dia poderão subir num pódio e nos fazer chorar ouvindo o
Hino Nacional.
Abraço e Bom fim de semana a
todos.
7 comentários:
2014 e 2016 viveremos mais um momento de vergonha alheia ... com tanta coisa séria e essencial para nos ocuparmos vamos nos atrever a mostrar nossa miséria, nossa ignorância, nossa incompetência e nossa babaquice para o resto do mundo ... aff
Rafael, excelente texto! E concordo contigo sobre este desperdício em torno da exposição do Neymar.
É como se o Brasil fosse apenas o jogador, ainda mais por ser um "produto ainda sem exportação".
O mais interessante foi que mal terem citaram a entrada de Marina Silva com a bandeira dos anéis olímpicos na cerimônia de abertura.
Ela sim é o Brasil, com sua história de vida e não um garoto, assim como vários, que preferem encher seus pés de barro atrás de um sonho inculto, que é ter muito dinheiro e sucesso sem ao menos ser alfabetizado.
E na boa, a apresentação de abertura e encerramento no Brasil será espetacular, visto que o brasileiro corporativo é brilhante. Não tenho dúvidas disto.
Se o país fosse governado por um gestor privado, no mínimo seria menos desigual.
Não tem o que comentar, você disse tudo! Concordo em número e grau.
Eu penso que existe um lado bom em se valorizar um esporte como o futebol, que é criar alguma identidade. O problema é não dar a menor atenção ao restante dos outros esportes... isso é que pega! Essa mania do “único”, quando tudo é feito de multiplicidade...
Beijos.
Vc tem razão, mais uma vez concordo contigo. É muita pobreza de pensamento achar que a unica saída de esporto para o Brasil é futebol. Por isso que quando ele perde na Copa, fica aquele luto nacional, porque se aposta todas as fichas em uma unica coisa!
Beijocas
Bom... um pais em que jogar futebol faz de um jovem de 17 anos milionário ficando obscura a educação do mesmo, é mesmo uma vergonha.
A cultura do pais esta ai... em jovens ignorantes que entendem o que é o formato de uma bola, mas que "não sabem como se escreve bola"
Forte abraço!
é triste ver como aqui não se dá muito valor a outros esportes e as pessoas têm que suar muito pra conseguir estar em um olimpíada.
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