Sabe o que é mais bonito nos
filhos, o que chama atenção dos outros e orgulha os pais? A semelhança, a carga
genética passada de geração a geração. O olhar, os trejeitos, a fisionomia
remete a história daqueles que lhe trouxeram ao mundo.
Maria Rita construiu uma carreira
negando talvez a similaridade com Elis. Feito esse que deu certo, numa brilhante
e solida construção ajudada por familiares, produtores, e quem sabe o que a
fizeram uma das mais aplaudidas interprestes da nova geração. É novinha, mãe,
afinada, simpática, bonita, e com um inconfundível timbre de Elis.
Vejo Maria Rita tímida ainda em
cantar o repertório da mãe. Um medo talvez de se assemelhar demais e virar
imitação. Mas e daí? Se fosse eu filho de alguém que marcou a história musical
de um país, quereria ser o máximo parecido com ele. Mas ela não. Procura ser
imparcial, não se submeter ao julgamento da critica, com medo quem sabe, de não
agradar como fez Elis nos seus poucos anos de existência e na eternidade do seu
legado.
Maria Rita é linda, não por ser
filha de Elis, mas por ter herdado o dom da musica, a voz melodiosa e um olhar
doce que encanta e conquista qualquer um. Não teria medo, se ela fosse de
dizer: sou filha de Elis, quero traze-la de volta, nos meus gestos, nas
palavras cantadas.
Por mais que sejam parecidas é visível
e notória a diferença entre elas. Cantar
o repertorio da mãe, não faz dela uma imitadora. Aos que assim pensam, se
equivocam, por que Maria Rita é filha, e não teve a convivência suficiente com
a mãe para imita-la como muitos dizem. Impossível criar a semelhança sendo
apenas uma cantora. Ela não é atriz, ela não é alguém que estudou artes cênicas
para transformar-se em personagem. A Elis que ela representa vem do DNA, de
cada célula que constrói seu corpo, por que foi gerada naquele útero, e sabemos
nós o quanto de afinidades carregamos dos pais.
Maria Rita brilha no palco, doce,
e quando abre a boca é como um trovão, que arrepia quem está perto. Vivemos num
outro momento, outra realidade. Elis brigou pelos direitos de ter voz num país
pisoteado pela intolerância militar. Maria Rita, se assim precisasse, faria o
mesmo, por que pode não ser a pimentinha que a mãe era, mas se cutucada, morde.
Entristece ver tanta gente
compara-la a mãe desprestigiando seu inegável talento pra musica. O mesmo dizer
que Fernanda Torres só é atriz por que sua mãe é uma das melhores profissionais
que já pisou nos palcos brasileiros. Não, Fernanda tem talento, Maria Rita
idem. Elas são a herança de pais talentosos. Enxerguemos com orgulho a
versatilidade dessas meninas e paremos de compara-las a quem as pariu. Elas nos
pertencem também como frutos de uma cultura que se equilibra sobre cordas
bambas num país de acéfalos que como primatas sentam-se a frente da TV para
torcer por meia dúzia de garotos correndo atrás de uma bola e que não merecem a
atenção dada a eles.
Que Maria Rita, com sua incomparável
voz, triunfe pelos caminhos que quiser, que brilhe no repertório consagrado de
Elis, e que possa através dessa homenagem trazer a mãe próximo dela, e
preencher o vazio que a morte prematura causou. Cessem as criticas, olhem o
talento, e se nela enxergarem Elis, reverenciem-na, por que ela é filha, e
herdou sim, os movimentos, o timbre, e a grandeza de ser genuinamente filha de
Elis Regina.
Abração a todos, e ótima semana.
Um comentário:
sinceramente, nunca consegui perceber tudo isto q vc coloca sobre ela ... vou me ater mais ... ela vai fazer um show por aqui ... vou assistir e ver se mudo este meu parecer sobre ela ... acho-a muito insossa ...
bjão
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