Como já é fim de semana e todo mundo tem tempo pra ler, o texto ficou um pouco maior que de costume...desculpem!
Dos povos latinos, o mais
passional sem duvida somos nós os brasileiros. Juntamos o jeitão dramático do italiano,
o apego familiar dos árabes, a braveza dos espanhóis, o dom culinários dos
portugueses e tantas outras misturas que resultam nessa nação sem nome, sem
identidade própria que alguns amam e outros odeiam. Somos brasileiros e daí?
Nessa singularidade nossa,
percebo costumes e atitudes muito dispares de outros povos ocidentais.
Começamos pelos rituais de morte. Sofremos muito com a perda. Ainda não evoluímos
o suficiente para entender que e a “passagem” é inevitável. Queremos nossos
amados eternos, ali do lado, pronto para nos confortar nos momentos de medo.
Outra questão está relacionada
aos homens e a dificuldade de cortar o cordão umbilical com a família. Claro,
não generalizo, mas percebo sim uma evidente e palpável insegurança nos “meninos” da nossa sociedade.
Em países como os EUA, garotos vão pra faculdade aos 18 anos e não voltam mais.
Aqui, talvez por condições financeiras e institucionais, o rapaz estuda e
continua morando com os pais, e nessa ele se forma, arruma o primeiro emprego e
quiçá deixara o arroz e feijão da mãe de lado, quando substitui-la por uma
esposa.
Justamente nesse ponto queria
chegar. Percebo duas linhas tênues nas relações de homens com familiares.
Aqueles que saíram cedo de casa, muitas vezes não o fizeram por que buscavam um
horizonte mais amplo e sim pela necessidade social de se assumirem gays. Como a própria família os rechaçavam, a rua
talvez fosse menos dolorida. E com isso, esses homens cresceram, trabalharam,
estudaram e hoje são um grande pilar dessa sociedade que ainda os trata com desdém.
Por outro lado vejo aqueles
jovens que não abrem mão da roupa lavada, da comidinha na mesa e do carro que o
pai dá ou empresta pra sair com as minas no fim de semana. Estes vão ficando,
compreendem? Eles trabalham pra comprar futilidades e nem por um instante passa
por suas cabeças o fato de que está na hora de construir o seu próprio lar.
Isso que confunde os jovens. Ter uma casa, não é mobiliar qualquer canto e
pronto. Criar um lar é ter a sensação de que no final do dia você está voltando
para aquele lugar que te faz bem. No mesmo molde de quando éramos crianças e queríamos
que a aula acabasse pra ir pra casa brincar na rua. Adultos não brincam na rua
( alguns idiotas até o fazem) mas a sensação de segurança que a casa dos pais
nos dava, se chama lar.
Sair de casa não é sinônimo de privacidade
e sexo grátis.
Homens saem de casa pra casar, ou
melhor, substituem a mãe por outra mais jovem. Os conflitos começam aí, por que
esses “meninos” mal criados por mães bajuladoras acabam transformando o
casamento num pé de guerra, caso a esposa não tenha paciência de reeducar esses
fanfarrões. Por isso vemos tantas noras odiando sogras e vice-versa. Incutir na
cabeça de um homem que ele casou e as responsabilidades são outras é uma tarefa
difícil, e já presenciei muitas situações assim.
Os brasileiros insistem em dizer
que aqueles machões das décadas passadas não existem mais. Mentira, o homem brasileiro
continua sendo preconceituoso, infantil e imaturo. Pra eles existem ainda as mulheres
pra farra e as pra casar. Um termo pejorativo que classifica mulheres pelo
tanto que poderá fazer por ele no futuro. Quer dizer que aquela mocinha trabalhadora,
independente não serve, por que irá competir com ele, mas aquela coitadinha
submissa que trabalha, mas não vive, poderá ser uma ótima dona de casa.
Homens são donas de casa também,
é isso que não entendem. Sair da casa dos pais e construir aquele lar que
mencionei e se dispor a cuidar da casa, saber quando um desinfetante está
acabando ou qual tira manchas será melhor pra lavar as camisas que o colarinho
amarelou, é amadurecer. Este é o homem do futuro, não aqueles que se acham os “fodões”
no trabalho, mas que não entendem o que se passa ao redor, e não tem competência
pra trocar um filho.
Sai de casa aos 31 anos, tarde
demais para um homem começar a construir um lar, mas não me envergonho, por
exemplo, de dizer que antes mesmo de ter uma casa havia comprado um liquidificador
e uma batedeira. Muito estranho isso, mas no meu entendimento eu estava
construindo a minha casa, e como cozinho, eram as necessidades básicas para
começar meu lar.
ESTE É O MEU LAR
Quanto mais os homens demorarem
em entender sua necessidade de independência, mais casamentos fracassarão. A única
coisa que não pode é criar uma barreira intransponível quando se mora só, que
qualquer pessoa que mexer na escova de dente estará abalando o universo. Isso
se chama mania, e um maníaco acaba só.
Bom fim de semana a todos.
13 comentários:
mais q perfeito isto ... putz como me encaixo em tantos itens ... rs ... mas consegui construir um lar sem q, necessariamente, eu construísse uma casa ...
bom fds querido
bjão
Brilhante amigo! Uma reflexão a sua altura! Se eu tivesse alguma chance ia te pedir em casamento huahuahuahuahuahahua
Beijão e bom final de semana! Meu lar é o meu santuário sagrado! Inspirador esse texto!!!
Muaaaccckkkk
Rafael eu adorei! É exatamente assim que funciona.
Cada dia vejo mais casamentos fracassados e pessoas super interessantes sozinhas.
Cada vez menos pessoas independentes e lares sendo construídos. É uma pena!
bjs, ótimo fds!
Mas muito dessa postura é falta de maturidade que vem da falta de responsabilidade com si próprio. Por isso, cada vez mais, vemos adultos sem autonomia, começando a trabalhar casa vez mais tarde e sair da casa dos pais então, isso qdo saem afinal, alguns ficam até qdo podem, sendo sustentados às custas da aposentadoria dos pais. Vergonha de gente assim (tanto faz se é homem ou mulher).
Lindo o texto..
gostei demais...
vejo muito no meu caso neste texto, formei tive o meu primeiro, segundo e terceiro emprego e continuo na casa dos meus pais...
Menino: você é pra casar, sabia?! (kkkkkk) Adorei o “homens são donos de casa”... há 6 anos sei bem o que é isso e tenho o maior orgulho! A única coisa que não gosto em afazeres domésticos é passar roupa... sou um desastre! De resto, dizem as “boas línguas”, que cozinho melhor que minha mãe.
Beijos.
PS: A fotinha, é do seu lar? Lindão, heim!
É isso mesmo. É mais cômodo morar com os pais. Tudo de mão beijada. Por isso a maioria age assim.
Hoje, com meus 21 anos, vivo com os meus, mas já sinto que está na hora de ter o meu lugarzinho pra viver. Não pelo fato de ser gay, mas porque preciso ter o meu espaço. Entretanto, cada coisa no seu tempo. Ainda não me sinto seguro financeiramente pra assumir tal responsabilidade. Mas estou planejando pra isso.
Muito bom o texto e sei que a diferença de lar e matadouro é bem diferente. Eu morei só enquanto estudava e sai da casa dos meus pais quando casei mas minha casa é meu lar. Agora é importante sair da casa dos pais o quanto antes para viver a independencia mas os problemas financeiros podem retardar os projetos de muitos. Abraços!
Muito precisa sua análise.
Quem não é capaz de viver e se organizar (minimamente) sozinho, será sempre um ser dependente no dia-a-dia, e isso atrapalha muito uma boa relação.
Ei Rafael!
Muito bom seu texto, li todinho hehe.
Concordo contigo e em resumo, está correto em sua análise. Um ponto interessante de mencionar está em sair de casa pelo motivo de construir um lar x comprar um lar para morar.
Saiu em alguma revista nacional há mais de 1 ano uma matéria com este tema, aonde os jovens ficavam mais tempo na 'casa dos pais' para se dedicar aos estudos. Em tempos aonde morar de aluguel está o 'olho da cara', ter a possibilidade de investir o seu salário em educação de melhor qualidade, foi apontado como um dos pontos principais da matéria.
E eu compartilho disto. Mas tem gente que não, que sempre teve o espírito mais liberto, como meu irmão. E na boa, o fato de um filho não saber cozinhar, lavar, se virar, ser independente, está sim na educação base dos pais.
São deles a responsabilidade em direcionar à vida dos filhos. Porém, na maioria dos lares não há a presença do pai e em outras, há muito carinho e muita proteção.
Bom final de semana e parabéns pelo post! E bacana a parede do seu quarto!
Olha eu fazendo a linha "do contra". Se for bem-vindo e enriquecer a discussão, deixo minha opinião mas, do contrário, passarei por aqui para concordar com tudo e serei simpático com tudo e todos... Risos.
Eu não gostei da comparação entra a situação americana e da brasileira, por exemplo. Não discordo de você, em tese, mas da forma como as coisas podem ser entendidas, a partir do que NÃO FOI DITO. Explico-me: Se o jovem americano vai pra facul e depois não volta mais para papai e mamãe, parece que devo entender - ou ao menos POSSO - uma certa disposição pessoal que eles, em geral, têm e que apenas alguns de nós temos. Mas não para por aí, leio como se a opção deles fosse "mais" e a nossa "menos"; Estabelece-se assim, um padrão, um modelo, do qual deixamos a desejar.
Oras, se é uma disposição pessoal, ela provém de onde? Não seria dos próprios valores sociais (em especial dos valores de família), que são distintos? Se aceitarmos que sim, então não é mais "O JOVEM" americano que faz ou desfaz, mas a cultura americana é que faz e desfaz certas coisas que aqui é menos presente. E se agora estamos falando de cultura, as variáveis aumentam sensivelmente para que no final possamos ter uma análise do comportamento, não é, não?
Eu sei, dá uma preguiça só de pensar nessa chatice que seria analisar com precisão a situação em que nos enfiamos... Mas se não fazemos isso, então por que aceitamos de bom grado fazermos a coisa "bem mais ou menos"?
Outro aspecto que não poderia ficar de fora: Só vontade, não faz uma casa cair do céu pra ninguém. A família americana deve ter meios financeiros (ter grana ou ter poupado, suadamente) para dar o dote pro filhão poder bater asas. Ou então, a educação americana deve ser de tal qualidade que o estudante consiga trabalhar, ter remuneração boa e daí poder locar um canto pra si.
Aqui, as pessoas em geral, mal tem lazer; A educação é ruim à beça e já houve mãe que jogou filho na Pampulha ou pela janela do ap (imagine se iria poupar a mesada do filho: N-u-n-c-a!)
Eu comprei um terreno grande no interior de São Paulo, bancando minha casa aqui em Sampa e ajudando meus velhos. Mas isso foi até 4 anos, quando trabalhava numa Multinacional do Grande ABC (SP). Depois disso, fiquei desempregado e a poupança para pagar os estudos está acabando antes dos estudos acabarem. Mudança radical de profissão? Sim! Tenho direito, em tese.
Vendi meu terreno para continuar "me dando ao luxo" de "só estudar" como muitos apontarão.
Não defendo a ideia de um BEM-ESTAR SOCIAL que crie dependência (e até preguiça!), mas também não exalto o NEO-LIBERALISMO insensível. Ainda: não creio que seja útil esse "orgulho obtuso" que pode brotar de onde a gente menos espera e que se traduz em algo mais "bonitinho" que é a crença de que "querendo, dá".
Há um Mundo local onde as coisas acontecem sob e sobre nosso controle.
EM TEMPO: é adesivo o poema ou é montagem feita no computador? Gostei do móvel da direita. Achei fofa a foto com toda a criançada. E já que você abriu as portas, quem são?
rafa, não se pode ter tudo... pra se ganhar alguma coisa (morar sozinho, sexo grátis) é preciso perder outras (casa dos pais, comida sempre no horário e tal). mas tudo têm suas vantagens. e continua sendo assim. a gente conhece alguém deixa de lado a farra e ganha um companheiro, sexo seguro, e por aí vai.
eu saí da casa dos meus pais aos 17 anos para estudar fora. isso aconteceu com muitos amigos que não quiseram ficar no interior de minas. aqui no rio ou em qualquer cidade grande, as pessoas só saem da casa dos pais quando se casam, alguns nem isso. enfim, são prioridades de cada um ou, muitas vezes, comodidade mesmo.
Oi Fael... sei que vc escreveu sob a perspectiva masculina, mas, a feminina é tão ou pior que a de vocês, uma vez que para a mulher sair de casa antes do casamento, pressupõem-se ainda umas série de pré-conceitos e dificuldades. Eu mesma vivo na casa de meus pais e nunca se esperou o contrário. Não me casei, e com isso, herdei a casa(em tese) e o trabalho e despesas que a ela se ligam.
Concordo em partes do que o Luck disse. Devemos é claro respeitar o tipo de cultura diferente que temos. Nisso, até a colonização influencia. Povos latinos, com vc mesmo disse, são passionais, enquanto que os saxões, são tidos como mais frios e independentes. Na cultura latina, filhos/as são o futuro,o sustento, e o orgulho da casa paterna e só a abandonam em troca de sua própria, desde que dentro dessa, tenham um marido/esposa.
Acho que vai por ai... é uma longa discussão, requer tempo e espaço.
Beijos Rafael....
Ps:Sua cristaleira é linda e o painel (apesar do final do poema) é muito bonito.
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