Nós adultos, pessoas socialmente
ativas, que temos um cotidiano acelerado pela imposição natural da vida perdemos
com o passar dos anos a percepção daquilo que mais nos encanta nas pessoas, ou
talvez aquilo que inconscientemente nos atraiu no outro.
Vejo recém-casados, pais de filhos
adolescentes ou mesmo pessoas da 3º idade que completaram dezenas de primaveras
ao lado de um companheiro reclamarem das
suas vidas e dos “defeitos” que aquela pessoa com os anos adquiriu.
Dificilmente paramos e analisamos
o porquê de alguém nos atrair. O porquê de no passado recente ou distante amarmos
alguém e resolvermos permanecer ao seu lado e dividir uma vida. É triste ver o desdém
entre casais mais velhos que se limitam a enxergar apenas o que o incomoda no
outro. Por que não pensar no quanto aquilo tudo lhe fará falta caso um dia ele
parta?
Já vi pessoas chorarem a falta do
outro quando não os tem mais. Pode ser pela vontade divina ou simplesmente um
esgotamento na relação que faz com que a outro se vá. Não somos perfeitos. Não há
entre nós alguém que possa justificar os “defeitos” do outro atribuindo a si a
perfeição. Não há dona de casa que seja tão maravilhosa ao ponto de achar que o
marido não a respeita só por que deixou uma toalha molhada sobre a cama, ou por
que no fim de um jantar não lavou a louça.
O mundo evoluiu. Hoje as mulheres
não são mais as escravas que apanhavam dos maridos no passado, nem eles são
mais os machões provedores do sustento. Há uma nítida mudança social, onde a
divisão de tarefas está estabelecida. Mas o que não evoluiu foi à mentalidade
de boa parte dessa camada feminina que casa e em pouco tempo transforma o
marido num carrasco nazista que a impede de viver. A opção do matrimonio existe
em comum acordo. Há aquele velho ditado que diz que a mulher educa o marido
como a um filho. E já vi isso acontecer muitas vezes.
Por que olhar a pessoa que divide
a cama com você como um ser que lhe quer mal, e que está ali com o intuito de
destruir sua vida. Essa neura é tão constante hoje, que um dia teremos famílias
onde há a mãe, o filho e um pai de laboratório, e vice-versa. Se não tem paciência
para dividir a vida e os defeitos do outro, então compre sêmen e viva sozinha
sendo pai e mãe.
A vida a dois é tão sublime
quando se tem amor e respeito pelo outro. Não é necessário se anular em
detrimento ao companheiro, mas também não há necessidade de transformar a vida comum
num inferno. Se no inicio não esta bom, melhor que cada um parta pro seu
caminho e assim não destrua esse “respeito”, tão essencial na nossa vida.
Sentir saudade de alguém é
triste, sentir saudade até das imperfeições do outro é sinal de que a vida em
comum era linda, só imperceptível quando dividiam o mesmo espaço. Isso é tão fácil
acontecer, e tão difícil de entender quando se está envolvido.
Sejamos mais pacientes, seja com
o marido, esposa, pais ou filhos. Mesmo os amigos. Se valerem a pena, que
deixemos de lado as pequenas rusgas e enxerguemos o que há de melhor neles. Um
dia isso tudo acaba e a saudade será daquilo que mais deixou marcas na convivência
diária: as imperfeições que aquela pessoa, como nós possuía.
O vídeo abaixo é um exemplo
disso. Vale a pena assistir. Clique em "cc" pra ligar a legenda.
Abração e ótima semana a todos.
10 comentários:
ora bolas! claro q é difícil isto ... afinal é imperfeito ... rs
bjão
Me lembrei de um livro que lí em que o protagonista sentia uma falta imensa dos inúmeros copos com água, suco, café que sua esposa deixava espalhados pela casa, após a morte desta. Realmente... uma vida cheia de perfeição, regras, nos empurra à busca de algo "comum"; afinal de contas... ninguém é perfeito e exigir isso.... é bobagem.
Abraços Fael.
Rafinha,
até para mim, machista assumida, esse teu texto teve só uma visão a da mulher ranzinza com a vida de casada, acho que faltou aí o olhar de bom observador de dois lados, que sei que você tem. Relacionamento é feito de duas pessoas, e se o mundo evoluiu o papel de cuidar do relacionamento não é só da mulher mas do homem também, ambos são responsáveis, e pelo outro lado quantos homens conhecemos que não páram de reclamar que a mulher é isso ou aquilo, etc... Enfim amiguxo, acho que nessa reflexão faltou o lado do outros, toda história tem três lados, o meu, o seu e o verdadeiro rsss Beijocas e uma ótima semana!
tenho um prazer imenso em ler meus amigos falando dos meus textos...de verdade...concordando ou não com oq falo, saibam que me faz bem ouvi-los..
beijão a todos...
Adorei o texto de hoje. E eu acho que espero exatamente isso, um encontro com alguém imperfeito, mas que me traga a sensação de verdadeira parceria. Eu fico observando meus pais, que em alguns dias estão como gato e rato, e em outro, no maior amor. Nesses dias (os melhores, por óbvio), eles conversam por horas sobre assuntos diversos, às vezes acompanhados de vinho ou licor, tendo ainda muito papo, mesmo estando juntos há 46 anos! É por isso que a música "Te amo", da Vanessa da Mata me lembra tanto eles e me faz desejar algo parecido. Um beijo.
Rafael, fiquei sem palavras, porque a vida é exatamente assim: imperfeita!
Rafael:
O seu texto está muito bacana e me fez lembrar de um livro que gostei muito (Juntos porém livres - não me recordo a autora)que diz que as pessoas devem encarar as relações com algo positivo, saudável e prazeroso e nunca como uma prisão, mas infelizmente não é bem isto que acontece na maioria dos casos. Muitos casamentos e/ou relacionamentos passam a idéia de prisão, posse e cerceamento da liberdade. Muitas vezes o que era pra ser bom passa a ser um verdadeiro "martírio consentido".
Linda semana. Abraços.
Divagação matinal: a vida só é possível pela imperfeição! São as imperfeições, as instabilidades, que promovem o movimento diário do corpo na busca pela perfeição e pela estabilidade, jamais alcançadas.
E, pra completar, Deus também deve ser imperfeito, pois não poderia ser perfeito um ser que não contivesse a imperfeição como um de seus atributos.
Beijos... matinais (kkkkkk)
rafa, você disse tudo, respeito e paciência. também acho muito estranho como algumas pessoas somem quando um relacionamento termina, como se nada tivesse acontecido enquanto durou.
Ai, caramba... Eu tava tão "malvado", crítico como sempre e bastou ver o vídeo, pronto! Desmoronei, emotivo.
Horrível o que algumas coisas fazem com a gente.
Olha, imperfeição é imperfeição; Amor é outra coisa. Creio que é possível amar palavra que eu uso por pra audácia!) e o amado ter suas imperfeições. Ou seja: Vem no pacote, querendo ou não!
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