Cartas D´Amor – Eça de Queirós
Estava lendo uns textos na internet e me deparei com um pequeno livro de Eça de Queiros, na verdade são cartas românticas bem ao estilo da época (séculoXIX) . O livro é uma seqüência de correspondências de um tal Fradique, enamorado de uma certa Clara.
Pode até parecer idiotice, mas vou colocar um pequeno trecho de cada uma das cartas e fazer uma análise.
1 – carta de Fradique a sua madrinha:
[...Ontem, em casa de Madame de Tressan, quando passei, levando para a ceia Libuska, estava sentada, conversando consigo, por debaixo do atroz retrato da marechala de Mouy, uma mulher loura, de testa alta e clara, que me seduziu logo, talvez por lhe pressentir, apesar de tão indolentemente enterrada num divã, uma rara graça no andar, graça altiva e ligeira de deusa e de ave...]
Ps.: O cara encontrou a moça, e ficou interessado, na verdade, é aquilo que todo mundo sabe, mas na época ninguém falava...rs...ficou com tesão na mina.
2 – Primeira carta a Clara:
[...Não, não foi na Exposição dos Aguarelistas, em Março, que eu tive consigo o meu primeiro encontro, por mandado dos Fados. Foi no inverno, minha adorada amiga, no baile dos Tressans. Foi aí que a vi, conversando com Madame de Jouarre, diante de um console, cujas luzes, entre os molhos de orquídeas, punham nos seus cabelos aquele nimbo de ouro que tão justamente lhe pertence como “rainha de graça entre as mulheres”...]
[... E tão intensamente me embebi nessa contemplação, que levei comigo a sua imagem, decorada e inteira, sem esquecer um fio dos seus cabelos ou uma ondulação da seda que a cobria, e corri a encerrar me com ela, alvoroçado, como um artista que nalgum escuro armazém, entre poeira e cacos, descobrisse a obra sublime de um mestre perfeito...]
Ps.: Pronto, xavecou a mina. Deve ter prestado uma boa homenagem a ela em casa. Só não entendi que o cara chama a garota de “amiga”...bem, acho que ela ta quase no papo, independente da forma de tratamento. Se hoje são chamadas de “cachorra” e se derretem, vai saber na época!!!
3 – Segunda carta a Clara
[...Ainda há poucos instantes (dez instantes, dez minutos, que tanto gastei num desolador desde a nossa Torre de Marfim), eu sentia o rumor do teu coração junto ao meu, sem que nada os separasse senão uma pouca de argila mortal, em ti tão bela, em mim tão rude – e já estou tentando reconfigurar ansiosamente, por meio deste papel inerte, esse inefável estar contigo que é hoje todo o fim da minha vida, a minha suprema e única vida. É que , longe da tua presença, cesso de viver, as coisas para mim cessam de ser – e fico como um morto jazendo no meio de um mundo morto, Apenas, pois, me finda esse perfeito e curto momento de vida que me dás, só com pousar junto de mim e murmurar o meu nome – recomeço a aspirar desesperadamente para ti, como uma ressurreição! Antes de te amar, antes de receber das mãos de meu deus a minha Eva – que era eu, na verdade? Uma sombra flutuando entre sombras. Mas tu vieste, doce adorada, para me fazer sentir a minha realidade, e me permitir que eu bradasse também triunfalmente o meu –“Amo, logo existo!”...]
Ps.: Hummmm...Torre de marfim? Acho que o certo é “Motel Torre de Marfim”...também que mulher não daria pra um homem que escreve desse jeito. È certo que tendo lábia o sujeito consegue o que quer.
4 – Terceira carta a Clara:
[...Toda em queixumes, quase rabugenta, e mentalmente trajada de luto, me apareceu hoje a tua carta com os primeiros frios de Outubro. E por quê, minha doce descontente? Porque, mais fero de coração que um Trastamara ou um Bórgia, estive cinco dias (cinco curtos dias de Outono) sem te mandar uma linha, afirmando essa verdade tão patente e de ti conhecida como o disco do Sol – “que só em ti penso, e só em ti vivo!...”]
Ps: O cara comeu...agora ta dando o fora. Ela já escreveu cobrando a ausência. Tudo a mesma coisa. Século XIX, XXI...o cara da uma sumidinha, a mulher já começa a ligar, mandar carta...já deve estar falando para as amigas que ele não presta.
5 – Quarta carta a Clara:
[...Minha amiga.
É verdade que eu parto, e para uma viagem muito longa e remota, que será como um desaparecimento. E é verdade ainda que a empreendo assim bruscamente, não por curiosidade de um espírito que já não tem curiosidades – mas para findar do modo mais condigno e mais belo uma ligação, que, como a nossa, não deveria nunca ser maculada por uma agonia tormentosa e lenta...]
[...Decerto, agora que eu dolorosamente reconheço que sobre o nosso tão viçoso e forte amor se vai em breve exercer a lei universal de perecimento e fim das coisas – eu poderia, poderíamos ambos, tentar, por um esforço destro e delicado do coração e da inteligência, o seu prolongamento fictício. Mas seria essa tentativa digna de si, de mim, da nossa lealdade – e da nossa paixão? Não! Só nos prepararíamos assim um arrastado tormento, sem a beleza dos tormentos que a alma apetece e aceita, nos puros momentos de fé e todo deslustrado e desfeado por impaciências, recriminações, inconfessados arrependimentos, falsa ressurreições do desejo, e de todos os enervamentos as saciedade...]
Adeus, minha amiga. Pela felicidade incomparável que me deu – seja perpetuamente bendita.
Fradique
Ps.: Putz...deu o fora na menina. Pelo tom da carta, o cara começa com “ minha amiga” , de certo que ele ia dar o fora. É isso aí ela pegou no pé...ele sumiu.
Independente da forma como os romances se desenvolvem, quando começa a cobrança, é nisso que termina, o cara some. Esse arrumou uma viagem distante e deu-lhe o pé na bunda.
Desculpem aos amantes da literatura uma interpretação tão chula de uma obra de Eça de Queiros, mas não me contive quando li essa ensebação toda só pra comer a mina. Hoje os caras fazem o Funk do Creu, ontem elas desciam na boquinha da garrafa, e nos séculos passados recebiam cartas “românticas”...na verdade a lei universal, sentiu tesão o cara faz qualquer coisa pra conseguir. É isso.
Estava lendo uns textos na internet e me deparei com um pequeno livro de Eça de Queiros, na verdade são cartas românticas bem ao estilo da época (séculoXIX) . O livro é uma seqüência de correspondências de um tal Fradique, enamorado de uma certa Clara.
Pode até parecer idiotice, mas vou colocar um pequeno trecho de cada uma das cartas e fazer uma análise.
1 – carta de Fradique a sua madrinha:
[...Ontem, em casa de Madame de Tressan, quando passei, levando para a ceia Libuska, estava sentada, conversando consigo, por debaixo do atroz retrato da marechala de Mouy, uma mulher loura, de testa alta e clara, que me seduziu logo, talvez por lhe pressentir, apesar de tão indolentemente enterrada num divã, uma rara graça no andar, graça altiva e ligeira de deusa e de ave...]
Ps.: O cara encontrou a moça, e ficou interessado, na verdade, é aquilo que todo mundo sabe, mas na época ninguém falava...rs...ficou com tesão na mina.
2 – Primeira carta a Clara:
[...Não, não foi na Exposição dos Aguarelistas, em Março, que eu tive consigo o meu primeiro encontro, por mandado dos Fados. Foi no inverno, minha adorada amiga, no baile dos Tressans. Foi aí que a vi, conversando com Madame de Jouarre, diante de um console, cujas luzes, entre os molhos de orquídeas, punham nos seus cabelos aquele nimbo de ouro que tão justamente lhe pertence como “rainha de graça entre as mulheres”...]
[... E tão intensamente me embebi nessa contemplação, que levei comigo a sua imagem, decorada e inteira, sem esquecer um fio dos seus cabelos ou uma ondulação da seda que a cobria, e corri a encerrar me com ela, alvoroçado, como um artista que nalgum escuro armazém, entre poeira e cacos, descobrisse a obra sublime de um mestre perfeito...]
Ps.: Pronto, xavecou a mina. Deve ter prestado uma boa homenagem a ela em casa. Só não entendi que o cara chama a garota de “amiga”...bem, acho que ela ta quase no papo, independente da forma de tratamento. Se hoje são chamadas de “cachorra” e se derretem, vai saber na época!!!
3 – Segunda carta a Clara
[...Ainda há poucos instantes (dez instantes, dez minutos, que tanto gastei num desolador desde a nossa Torre de Marfim), eu sentia o rumor do teu coração junto ao meu, sem que nada os separasse senão uma pouca de argila mortal, em ti tão bela, em mim tão rude – e já estou tentando reconfigurar ansiosamente, por meio deste papel inerte, esse inefável estar contigo que é hoje todo o fim da minha vida, a minha suprema e única vida. É que , longe da tua presença, cesso de viver, as coisas para mim cessam de ser – e fico como um morto jazendo no meio de um mundo morto, Apenas, pois, me finda esse perfeito e curto momento de vida que me dás, só com pousar junto de mim e murmurar o meu nome – recomeço a aspirar desesperadamente para ti, como uma ressurreição! Antes de te amar, antes de receber das mãos de meu deus a minha Eva – que era eu, na verdade? Uma sombra flutuando entre sombras. Mas tu vieste, doce adorada, para me fazer sentir a minha realidade, e me permitir que eu bradasse também triunfalmente o meu –“Amo, logo existo!”...]
Ps.: Hummmm...Torre de marfim? Acho que o certo é “Motel Torre de Marfim”...também que mulher não daria pra um homem que escreve desse jeito. È certo que tendo lábia o sujeito consegue o que quer.
4 – Terceira carta a Clara:
[...Toda em queixumes, quase rabugenta, e mentalmente trajada de luto, me apareceu hoje a tua carta com os primeiros frios de Outubro. E por quê, minha doce descontente? Porque, mais fero de coração que um Trastamara ou um Bórgia, estive cinco dias (cinco curtos dias de Outono) sem te mandar uma linha, afirmando essa verdade tão patente e de ti conhecida como o disco do Sol – “que só em ti penso, e só em ti vivo!...”]
Ps: O cara comeu...agora ta dando o fora. Ela já escreveu cobrando a ausência. Tudo a mesma coisa. Século XIX, XXI...o cara da uma sumidinha, a mulher já começa a ligar, mandar carta...já deve estar falando para as amigas que ele não presta.
5 – Quarta carta a Clara:
[...Minha amiga.
É verdade que eu parto, e para uma viagem muito longa e remota, que será como um desaparecimento. E é verdade ainda que a empreendo assim bruscamente, não por curiosidade de um espírito que já não tem curiosidades – mas para findar do modo mais condigno e mais belo uma ligação, que, como a nossa, não deveria nunca ser maculada por uma agonia tormentosa e lenta...]
[...Decerto, agora que eu dolorosamente reconheço que sobre o nosso tão viçoso e forte amor se vai em breve exercer a lei universal de perecimento e fim das coisas – eu poderia, poderíamos ambos, tentar, por um esforço destro e delicado do coração e da inteligência, o seu prolongamento fictício. Mas seria essa tentativa digna de si, de mim, da nossa lealdade – e da nossa paixão? Não! Só nos prepararíamos assim um arrastado tormento, sem a beleza dos tormentos que a alma apetece e aceita, nos puros momentos de fé e todo deslustrado e desfeado por impaciências, recriminações, inconfessados arrependimentos, falsa ressurreições do desejo, e de todos os enervamentos as saciedade...]
Adeus, minha amiga. Pela felicidade incomparável que me deu – seja perpetuamente bendita.
Fradique
Ps.: Putz...deu o fora na menina. Pelo tom da carta, o cara começa com “ minha amiga” , de certo que ele ia dar o fora. É isso aí ela pegou no pé...ele sumiu.
Independente da forma como os romances se desenvolvem, quando começa a cobrança, é nisso que termina, o cara some. Esse arrumou uma viagem distante e deu-lhe o pé na bunda.
Desculpem aos amantes da literatura uma interpretação tão chula de uma obra de Eça de Queiros, mas não me contive quando li essa ensebação toda só pra comer a mina. Hoje os caras fazem o Funk do Creu, ontem elas desciam na boquinha da garrafa, e nos séculos passados recebiam cartas “românticas”...na verdade a lei universal, sentiu tesão o cara faz qualquer coisa pra conseguir. É isso.
E no fim ela ficou como a moça da foto, com a Coca-Cola na mão...rs
té mais
Um comentário:
Só vc mesmo pra avacalhar o romance alheio! Hauahauhauah!
Beijão!
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