Minha avó ficou viúva aos cinquenta
anos e nós a víamos como uma mulher acabada para vida, uma senhora, velha, que
só tinha pela frente a criação dos netos, a religião e nada mais. E isso não
era a visão particular nossa, e sim de uma sociedade que na década de setenta
ainda via a mulher de meia idade como uma “idosa”, mesmo que fosse ativa profissionalmente.
Hoje, dou graças em ver uma
mulher de oitenta anos serelepe, fazendo academia e o melhor, vivendo uma vida
amorosa plena, com suas paqueras ou seu maridão a tira colo, prontas para uma
viagem, um bate pernas por aí. Isso me da à sensação completa de evolução da
nossa espécie. Essa liberdade conquistada pela mulher é visível, notória e palpável.
Os homens evoluíram para a fragilidade. Enquanto elas desbravam caminhos, os
homens choram de sobrancelhas feitas, barbas bem aparadas e cabelos cortados no
Hair design mais badalado. Ou seja, as mulheres masculinizaram, e os homens
afeminaram. E não estou falando de gêneros, apenas de comportamento.
Nessa evolução percebo outro
ponto nefrálgico sendo discutido com mais frequência: Filhos. Tê-los ou não?
Nos EUA há um termo para casais
que resolvem em comum acordo por não serem pais. São chamados DINKS. Numa
tradução literal, Duplo ingresso, nenhuma criança, fazendo alusão ao casal que
trabalha, ambos possuem boa renda, mas nada de filhos.
O Brasil vem crescendo neste
campo como indicam algumas pesquisas, e já há o abrasileiramento do termo para
DINC. Mas aí questiono o seguinte: Nos EUA existe uma cultura diferente, os filhos
saem cedo de casa, na velhice há a possibilidade de se ter uma vida tranquila,
existem boas casas para idosos, passeios para terceira idade e um respeito que
não temos por aqui.
A minha preocupação com esse tipo
de situação é que no futuro teremos muitos casais velhos sem ninguém para
deixar o que construíram uma vida toda. Não há perpetuação da história, muitos
sobrenomes irão para o tumulo com o final de gerações. E o mais sério nisso é que
a falta de interesse em filhos não tem surgido do homem, e sim da mulher.
Acabou o instinto materno?
Toda garota ganha boneca, antes
mesmo de saber o significado disso. Quando criança via as menininhas carregarem
seus bebes imitando as mães e sendo treinadas a serem futuras genitoras. Hoje
as meninas continuam tendo bonecas, mas não são mais bebes, e sim modelos de
perfeição física, onde a brincadeira não está mais em “ser mãe” e sim no design
da roupa da sua Barbie Monster Gaga. E essa geração é fruto de outra que
decidiu não gerar nada além de dinheiro e carreira. As mulheres optaram em deixar
de lado o prazer da amamentação e dedicar seu tempo a MBAs ou a viagens que lhe
trarão prazeres intelectuais.
Claro que não é uma generalização
da cultura feminina, mas uma grande parte da fatia da população já pensa e age
dessa forma. O que intriga é que essa independência na escolha de ser ou não
mãe, está totalmente desvinculada da carência de um parceiro. Elas apenas não querem
filhos, mas desejam ardorosamente um homem ao seu lado, um cara pra levar pra
cama todas as noites. Essa evolução sexual de se permitir o prazer talvez tenha
afastado a vontade de ser mãe. Nas décadas passadas ainda se questionava o
valor da mulher. Era feio não ser dona de casa. Hoje elas querem carreira definida, um bom prosseco e
um cara que lhes faça realmente sentir cada centímetro do seu corpo. E acabo
rindo quando falo disso, por que quanto mais desejam esse “homem”, não o macho
ignorante, mas aquele viril que lhes tira o folego, mais difícil fica a
procura, por que esses, já dividem a cama com iguais.
Acredito que toda mulher tem um
momento na vida que a maternidade desperta, vai do momento de vida querer ou
não gerar um bebê. Ficaria feliz se essas mulheres desistissem de gerar, mas
ainda quisessem ser mães e tirassem dos orfanatos os pobrezinhos que uma
desmiolada gerou e abandonou. Adoção não é roleta russa como dizem, é uma vida
a ser moldada.
Abração e ótima semana a todos.
8 comentários:
Eu também acho que em algum momento da vida as mulheres sentirão uma necessidade de serem mães, mesmo que não mudem de ideia.
E acredito que isso faz parte da natureza humana, animais que somos. Contudo, vejo que a felicidade feminina, ainda hoje, está necessariamente vinculada à maternidade, mas acho que não deveria ser regra.
Seu texto está excelente, como sempre!!! :) Bjs
Excelente texto Rafa!
E sabe muito bem que me encaixo nessa "nova mulher" e digo hoje: filhos não! Mas amanhã quem sabe?!
O que faz realmente eu não querer ter filhos é que não me sinto preparada para abrir mão de mim mesma, e ser mãe é doar-se sempre e amar incondicionalmente e ver-se em outra pessoa, não tenho dúvidas que é algo mágico =)
Olá meu caro Rafael, amei o final do post, acredito nisso, quem sabe este amor guardado por um filho não possa ser liberto com uma adoção, temos tanta criança abandonada, negras é um número assutador, porque quem quer adotar, ainda tem a idéia da perfeição, ou seja, um bebê lindo, loiro e de olhos azuis, mas enfim...
Concordo com tua opini~ão a respeito desta evolução das mulheres, mas não posso deixar de colocar que isso também trás um onus, então me diga porque mulheres cada vez são mortas em número maior por seus companheiros ? A evolução feminina esta criando uma deevolução masculina, que não aguenta a concorrencia, enfim...mas acho legal também a parte do post que diz que os homens que evoluem, também estão buscando liberdades antes negadas, pois está ocorrendo muito ou sou eu que vejo, homens com seus iguais (adorei esta colocação rs). Meu querido Rafel é sempre um imenso prazer participar do teu blog, teus assuntos me são relevantes e interessantes quando exposto por ti.
ps. Meu carinho meu respeito e meu abraço
Eu vejo de um outro jeito essa questão de não ter filhos. Acho que a sociedade está dando mais liberdade para as mulheres que não sonham em ser mãe, expor isso e assumir sem ser cobrada ao extremo como no passado.
Antigamente não se podia conceber que uma mulher não tivesse filho, que ela não quisesse ser mãe, e ainda hoje há uma cobrança em cima disso. Acho que muitas mulheres ainda continuam tendo filhos para dar uma satisfação social, não por um desejo interno.
Eu nunca quis ser mãe, nunquinha, daí vão dizer que é porque nasci homem. E os homens que querem ser pai desde sempre? Conheço alguns assim, que desejam ardentemente serem pais. Paralelo a isso conheço 4 mulheres que tem verdadeiro horror da ideia de serem mães. Com duas delas eu convivi quase que minha vida inteira e sei que tem mulher que não deseja ser mãe. Então eu me incluo nessa parcela.
Se a velhice vai ser mais solitária? Bem possível que sim, mas ter filhos também não é garantia de companhia, apenas a pessoa joga com mais possibilidade de isso não acontecer.
Seja como for já me sinto solitária hoje sem ter ficado idosa ainda, sempre me senti solitária pela minha vida, sempre fui um bicho solitário, não sei se ter filhos teria melhorado isso, mas vontade de testar nunca tive... rs.
Beijocas
felizmente não sou pai ... nunca desejei ser ...
Felzimente os tempos mudaram e essa santificada (!) maternidade passou a ser mais opcional do que imposta. Excelente reflexão proposta, Rafael!!! Hugz, man!
Adorei o Texto, excelente colocação do seu ponto de vista.
Eu diria que existem realidades e realidades...
Andando pelo interior do Brasil a gente tem a sensação de que a vida segue como antigamente. Mesmo casas com tvs modernas e computadores, muitas familias "fazendo filhos adoidados" hehehehehehe
Gostaria de ver tudo isso sob outro ponto de vista!
Mas seu texto é para reflexão mesmo!
Abraços
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