HISTÓRIAS DE CARNAVAL II

Etevaldo sempre foi um cara pacato, nada de muitos arrobos. Mas o carnaval era o climax do ano, era onde ele deixava de lado sua pacata vida pra se entregar as luxúrias da festa pagã.
Luxuria assim, o máximo que ele fazia era ficar bêbado, tentar bolinar alguma garota e cheirar lança perfume, isso sim...cheiiiirrrraaarrrr moooooiiiiito.
Os frascos de lança chegavam pra ele logo no inicio do ano. Já tinha um fornecedor que o atendia de prontidão. Logo em janeiro, a caixinha discreta contendo 10 frascos de lança perfume, segundo o fornecedor, de primeira qualidade, eram entregue no trabalho. Dois para cada dia de folia.
Etevaldo sofria de ansiedade, mas uma coisa ele respeitava, só cheirava um lança na sexta feira que antecedia a festa, quando dava seu primeiro grito de carnaval, saindo no bloco das meninas moças ( um conjunto de homens vestidos de mulher que desciam as avenidas mais populosas da cidade, comum em todos os lugares). Coisa que eu não entendo, mas deixa isso pra outro post.
Bem, camisolinha de flanela, muito maquiagem, um sapatão de salto da mãe e lá se vai Etevaldo pra folia. Antes de sair, uma calibradinha com dois dedos de conhaque e se mandou, um frasco de lança em cada bolso, dois lenços limpinhos e seu inseparável martelinho de plástico que ele batia em quem atravessasse seu caminho.
As cinco da manhã chegou em casa bêbado, zonzo e falando tudo trocado. Dormiu na porta de casa, junto dos cachorros. Era sábado mesmo. Não sabe como, mas acordou já passado das três da tarde, na cama, trocado, limpinho. Ressaca, café preto forte, muita água, e as sete da noite já estava pronto pra outra. Conferiu o estoque, arrumou outro par de lenços e procurou os convites pro baile de salão. Mascou chiclete até a hora de sair, pra tirar um pouco da náusea. A boca estava estranha, meio amortecida.
O resumo da ópera é o seguinte, sábado, domingo, segunda feria. A terça amanheceu chuvosa, e todas as noites foi a mesma coisa, bebida, bolinações, lança perfume, pouca alimentação, pouca hidratação. Etevaldo simplesmente tirou o ventre da miséria.
O que foi estranho é que ao tentar comer, a boca mal obedecia aos comandos e os dentes pareciam não fazer parte dela. Na verdade, não os sentia. Ficou assustado, afinal o pai morrera de derrame.
Ida rápida ao dentista. A constatação de uma inflamação gravíssima. Fim de carnaval.
Inconformado quis ir além. Procurou um amigo médico que estava de folga, implorou o atendimento e ouviu o diagnóstico: Você ingeriu ou aspirou alguma coisa com uma bactéria fortíssima. Ela se alojou na sua gengiva inflamou as raízes dos dentes e não há nada que se possa fazer, apenas tirar todos os dentes inflamados. Você ainda não sente dor, mas a hora que começar, vai urrar.
A conclusão é que dos 32 dentes perfeitos de Etevaldo, 14 foram pro lixo. Antibióticos fortíssimos, perda de parte da audição por conta dos remédios, estomago com ulcera pela bebida e remédios, e 4 frascos de lança perfume intactos. O fornecedor? Esse garantiu que o produto era de primeira. O médico, alega que o lança perfume que causou isso, apoiado pelo dentista.
A tristeza maior foi que vaidoso como era, numa época que não havia ainda implantes perfeitos como os de hoje, teve que recorrer para uma bela e bonita chapa....rs, quer dizer, uma dentadura na parte superior da boca. Isso aos 26 anos de idade.
Histórias de carnaval. Acontecido!!!!

Abraço a todos.


beija eu!

6 comentários:

Gustavo disse...

Ai que triste...
Tá mereceu porque ninguém mandou se jogar numa das coisas que eu mais odeioooooooo nesse mundo, Lança Perfume.

Na hora em que eu estava lendo, claro me baixou a imaginação de puta e já pensei "Genten, o Etevaldo aproveitou o canaval e foi bolinar outra coisa..." pensamento interrompindo, quando ele resolve ir ao dentista AHAHHAHAHA

Mas osso do caroço, Carnaval é baum, adoro, mas nunca curti assim de desfilar, meu carnaval é praia ou passar em casa vendo alguns desfiles de escola de samba, dormir bastante e sair para colocar fofoca em dia com as ameeeegas.

Só que as vezes tento me imaginar na época em que existiam todos esses blocos e tals, hoje em dia temos ainda em alguns lugares, mas o que muda é a época, acho que era tudo muito MARA!!!!


Bjunda!!!
Adoooooooooooro Bau do Jamal, é cultura carnavalesca tbm.

Anônimo disse...

Meu, como assim!!!
Esssa historia aconteceu com quem? faz muito tempo?
perder os dentes, audição... foi muito custoso! nossa!

Unknown disse...

KKKKKKKKK....

Preciso mandar este post para o Júlio! Qualquer semelhança é mera coincidência.

Lança caseira é isso mesmo....

Mas que ele ficou com o sorriso lindo.... ah, isso ficou!

Abçs

descolonizado disse...

eu tenho medo de carnaval.

Serginho Tavares disse...

se ele dormiu com os cachorros pode bem ter sido isso!
coitado...

F disse...

Azarado o carinha, ainda bem que meu carnaval nunca teve nada disso. Pra mim carnaval e so um feriado que as baladas abrem mais dias seguidos.

Abracao