Aí pensando com meus botões
enquanto vinha para o trabalho numa manhã ensolarada, fria de segunda feira, a
qual sei, mais tarde irá esquentar e me deixar suando com a quantidade enorme de
roupas que sai de casa fiquei matutando se me tornei um chato ou se a paciência,
que sempre foi uma virtude minha, está deixando de existir.
Sempre engoli sapo, digo sempre
mesmo. Talvez a criação dada pelos pais, aonde a educação e o respeito vinham
antes de qualquer outro item da convivência humana me fizeram crescer com essa paciência
ilimitada para as babaquices que encontrava no caminho. Não sei se é uma fase,
se realmente depois de 4 décadas de vida as coisas parecem menos coloridas, me
vejo retrucando qualquer desaforo impetrado a mim os aos que me cercam.
Não consigo mais escutar insolências
e ficar quieto fingindo não ser comigo. As pessoas se julgam tão senhoras da
palavra que despejam suas frustrações no primeiro que encontra nos deixando
algumas vezes atônitos com tamanha audácia. Não falto com educação com ninguém,
me controlo para não comentar coisas desagradáveis que magoem ou ofendam
outros, mas rebato na hora se algo me desagrada.
As velhas estão de birra comigo.
Semana passada três me encheram o saco. Para todas retruquei, coisa que anos atrás
ficariam entalados na goela. Uma roubou 13 lâmpadas que havia testado uma a uma
dentro do Leroy e ainda se fez de ofendida quando peguei de volta. Mandei na
lata que era uma folgada. Foi reclamar pro gerente...rs rs rs. Fui surrupiado
na minha vez dentro de um açougue depois de 25 minutos esperando. A metida da
velha entrou na minha frente e disse, sou prioritária. Levou na lata:
prioritária se tivesse mais atendentes, com um apenas, não há prioridade pra ninguém,
há fila. A terceira me fechou num cruzamento como se não existisse mais ninguém
no mundo. Ouviu um buzinaço que comecei acompanhado de mais de 5 carros que
foram prejudicados pela má habilidade ao volante de uma velha estilo Beth
Szafir. Não da para ter calma assim.
Minha paciência se esgotou para
aquelas pessoas que falam demais, metem o pau até na lua. Geralmente esse tipo
é homem. Aquele que sabe de tudo, viajado, que saliva quando uma bunda feminina
aparece na frente, desrespeitando esposa e filhos. O bom churrasqueiro, o bom
jogador de futebol, o faz tudo, o sabichão. Convenhamos, numa era digital onde
o conhecimento pulula como agua em fonte esse tipo está ultrapassado. Alias, é
o mesmo que faz piadinha de viado o tempo todo.
E por falar nisso, nunca vi tanta
gente querendo ser simpática “a causa” como os grupos gays falam por aí, como
agora. Lesbicas que se casam em novela e o povo ama, atores que interpretaram
gays na próxima novela sendo os mais aplaudidos. Autor que resolve virar bicha
velha lesbica, assim agrada a todos. Não entendo esse tipo de reação do povo
que aplaude a diversidade, mas reza para que filhos e netos não sejam gays e quando
os são, não aceitam e descriminam. Essa hipocrisia é tão démodé, que vejo necessário
uma palavra assim antiga para descrevê-la. Todo mundo quer ser amigo dos gays
hoje, mas ninguém quer ser visto na rua com um.
Uma amiga jovem sensibilizada com
a condição de um morador de rua que via todos os dias quando ia para o trabalho
um dia parou e conversou com ele. Relatou que as pessoas que cruzavam com ela
ali parada ao lado de um sem teto, um sem chances na vida a olhavam com nojo e desdém.
Os olhares a acusavam de trazer a tona uma realidade que ninguém queria ver.
Aquele homem era invisível até ela parar ali. As pessoas o perceberam e não
gostaram da sensação. Estranho e cruel. A sociedade se acostumou com a iniquidade, com a falta de
responsabilidade civil. Acusamos governos, igreja, o vizinho, qualquer um que
julgarmos necessário para tirar das costas a nossa culpa. Homer Simpson dizia:
a culpa é minha eu ponho em quem eu quero. O brasileiro levou isso a ferro e
fogo.
Mas ela não só parou e conversou,
escutou os problemas, e resolveu um deles. O homem precisava de um carrinho
para carregar papelão e recicláveis, o fruto da sua sobrevivência. Ela se
mobilizou em redes sociais e em breve ele receberá um modelo novinho, da forma
que sua necessidade e suas forças precisam. Muitas pessoas se manifestaram a
respeito, doaram, aplaudiram a atitude dela. Mas aí pergunto, quantas dessas
teriam coragem de verdade em parar e perguntar para um morador de rua quais as
suas necessidades!
Sr. Fabiano, um morador de rua feliz
por que alguém o enxergou!
Acostumamos com a paisagem, seja
ela bonita ou feia. Acostumamos com os móveis, sendo eles uteis ou não. Muitas
dessas paisagens escondem seres humanos. Muitos desses móveis são pessoas as
quais não nos importamos por que não agregam valores reais a nossa vida.
Não sei onde iremos parar.
Abração a todos e ótima semana.
3 comentários:
Não sei onde iremos parar é uma "questÃ" que sempre surge nos meus pensamentos. E o pior que (do jeito que a coisa anda) eu nem desconfio da resposta... hehe!
Agora... confesso que até já comi perereca, mas sapo eu não engulo. Jamé!
Hugzão, guri!
eu sempre respiro fundo com velhinhas em filas preferenciais, porque assim, ela ta certa que tem o direito de ser atendida primeiro, porém existe formas e formas de entrar na fila, se ela entra pedindo desculpas, perguntando se vc não tá com muita pressa e ela pode passar, é uma outra situação, não é?
Olá meu amigo Rafael, não é à toa que gosto de ler aqui, entendo tão bem tuas propostas de posts...paciente ou chato, taí uma pergunta que me aflorou também, sinto-me e sou um sr. de mais de 40 anos, tive uma educação muito boa, mas castradora, de humildade e com isso, claro, a educação me abriu portas, mas me fez engolir alguns sapos, o que não faço mais.
Como o Foxx, também tenho um probleminha com esta lei do mais velho, sempre respeitei os mais velhos, tenho admiração, como se pode chegar tão longe rs, mas se eles reivindicarem com mais educação ?
Louvável o que tua amiga fez, mas quantos de nós teríamos coragem, como bem perguntas no post ?
Outro dia na rodoviária em Porto Alegre quase 16 horas, mas meu ônibus saíria às 17, neste meio tempo alguém pediu meu lugar porque seu ônibus sairia às 16 horas, e eu permiti, o problema é que quem estava no guichê, quem comprava e quem vendia a passagem esqueceram-se do mundo, quando chegou minha vez que iria ceder ao outro, já passava das 16, o que fez a pessoa perder o ônibus. Quando fui ser atendido, não gostei do tom da dita atendente, pois ela não tinha razão e eu não fui bruto, fui super educado para saber o porquê da demora, sem a explicação e tomado por uma fúria de: chega, não vai passar esta. Fui reclamar e o fiz por escrito, não a culpei nem ela nem a pessoa que comprava, mas questionei a educação e ao profissionalismo para lidar em casos atípicos (tomei um rivotril também rs), dei este exemplo porque chega de aceitar o que não está certo, ou até me provarem o contrário, mas sem violência, enfim...confesso que sou um tanto quanto chato, mas sempre exercitei a paciência, mas tudo tem limite, até minha paciência. Muito bom refletir a partir de uma idéia tua. Valeu.
ps. Meu carinho meu respeito e meu abraço.
ps.2 Obrigado pelo carinhoso comentário lá no blog, eu comentei teu comentário rs.
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