Acredito que na vida toda tive
uma mente inventiva. Criei situações, histórias e acontecimentos que nunca saíram
da imaginação ou do papel. Talvez pela
criação livre de amarras, digo, livre para ser criativo, por que difícil encontrar
na minha geração quem não tenha tido certo cabresto imposto pelos pais e a sociedade.
Gosto de nomes! Gosto de
cria-los. Meus personagens ( eu escrevo, para quem não sabe) são os tipos mais esdrúxulos
que se pode encontrar, tanto que a diversão para os que me leem é descobrir os nomes dados aos ditos cujos para
quem desenvolvo histórias. Gosto de chamar as pessoas por outros nomes, e só o
faço quando gosto, ou tenho intimidade. Aqueles aos quais eu já mudei o nome na
hora de chamar saibam: tenho muito apresso por vocês.
Na minha infância vários e vários
nomes povoaram a imaginação e as brincadeiras em casa. Na rua onde morava
também batizamos os vizinhos cada qual com seu título, assim ficava e fica mais
fácil comentar sobre as pessoas sem que eles saibam. Minha irmã tem essa
particularidade também, alias ambos tínhamos amigos invisíveis em comum na infância.
Tenho 4 anos de diferença, então quando ela pululava imaginação eu ia junto, infantil,
mirrado e café com leite.
Jessica era uma universitária que
morava atrás da cortina da sala de estar. Tinha 18 anos e fazia faculdade. Não
sei qual curso, apenas que era universitária. Sempre que abríamos a janela para
atender alguém que batia a porta trocávamos algumas palavras com Jessica.
Muitas vezes a visitávamos. Em outra cortina ( na sala de jantar) morava a
Puta. Isso mesmo, esse era o nome da senhora. Fofoqueira, maldosa e
alcoviteira. Puta morava só, era só, nunca se casou e por isso talvez fosse uma
mulher amarga. Minha irmã tinha o pseudônimo de Meléra Belha. O meu era Meléra
Apinutre com Méle e meu irmão era Mêlo. Só não entendo por que minha irmã me
batizou com um nome feminino, enfim, assim nos chamávamos quando havia
provocações infantis.
No quintal havia um quartinho de
despejo, lá era a venda do Seu Italo, no banheiro moravam as trigêmeas Maria Amélia,
Magnólia e Mariana ( essas apenas eu conhecia). Na rua tínhamos a Dêla Gurila,
A Saco de Bosta, Córga, a Cuca, as Mosquitas, o Pintor, o Pinto louco, o Seca Esmalte,
Beth Porrada, a Sandra da Esquina, a Elisa fofoqueira, o Caganeira, o Bigode de
Taturana, A Berruga de Brigadeiro, a Petuda, o Lambari, a Cida Mineira, a
Tiróide, Pauléte, o Sidêma Pulmonar, a Gára, a Cida Louca e alguns que agora
talvez me fuja da lembrança.
Os cenários mudaram conforme
crescemos e hoje temos outros personagens povoando nossas vidas. Pessoas que
entram e saem do nosso caminho. Minha irmã e suas filhas continuam, assim como
eu, a dar nomes a tudo e a todos. Não acredito que seja um desrespeito por que
é algo entre nós apenas. Não saio por aí dando apelidos pejorativos as pessoas
provocando constrangimento publico. Hoje, na idade que estamos não dá mais para
criamos personagens invisíveis. Na infância isso é aceitável, na vida adulta é
esquizofrenia. Mesmo a mais nova da família, hoje com 11 anos dispensou seu
amigo imaginário de quase uma década. Chamava-se Purgo. Era um homem que se
vestia de mulher, usava sapato Anabela, estudava geometria e apanhava do
companheiro. Nunca paramos para tentar compreender o que ela queria dizer com essas
características. rs rs rs.
65% das crianças tem amigos imaginários.
As pessoas devem me chamar de
alguma coisa também. Assim como temos o habito de criar apelidos para os que
nos cercam, obviamente que o fazem comigo. Mas engraçado que não são todas as
pessoas que ganham esses apelidos. Tenho amigos íntimos, que o nome sempre foi
o mesmo, sem nenhuma outra conotação engraçada. Já me chamaram de Zelão, de
Pastelão, de Cuminho, Aspirqüeto, Palomino, mas o meu apelido é sempre será
Fael.
Abração a todos e ótima terça
feira.
6 comentários:
Então como eu já ganhei três nomes diferentes quer dizer que vc gosta muito de mim?
rs rs rs...ah sim, vc é meu novo amigo inteligente.
Own, vc é muito fofo.
Mas nem contei, eu tinha vários amigos imaginários na infância já que eu não podia ter amigos reais. Ninguém era amigo da bichinha.
Nossa Jamal, tua infancia deve ter sido para lá de divertida! Fiquei rindo sozinho vendo surgir tantos personagens incríveis do texto! Eu nunca tive amigo imaginário... será que tenho algum "defeito" rsrsrs?
Adorei o texto, Rafa! hahaha
Ri muito!
Minha prima tinha uma amiga imaginária, também, que se chamava Purguentina e era representada pela mão da mãe dela.
Tive os meus, mas não me lembro dos nomes hahah
Bjos!!
Entonces pode ir tratando de me dar (!) um apelido, meu filho!!! Ou eu vou passar o resto da vida te chamando de "Pastelão"... hehehe!
Até porque imaginação e criatividade não te faltam, nzé? Hugzão pra ti, Cuminho! ;)
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