A Internet sem duvida é a invenção
do milênio. O que ela proporciona a nós hoje é algo surreal, difícil de nos enxergar
sem. Conheci pessoas que jamais imaginaria existir dentro desse Brasil gigante.
Reencontrei outras que fizeram parte da minha vida em determinado momento.
Descobri parentes que sabem da história da minha família com detalhes que
desconhecia. Tudo isso através de uma tela e algo que realmente desconheço que trás
para dentro da minha esfera de vida, a modernidade.
Mas descobri o lado negro dessa
força. Existem pessoas psicóticas que se escondem atrás de linhas, imagens
fakes, descrições mentirosas, vidas roubadas de outros. Pessoas que se apoderam
da particularidade de outros para criar um avatar seu, e constroem histórias
mirabolantes cheias de enredos como filmes e novelas.
Vou contar uma passagem que
aconteceu comigo, e que de certa forma me constrange, acho que pela inocência com
que fui envolvido. Não darei nomes para não expor pessoas.
Quando criei esse blog, já lia
muitos outros, e me encantou o fato de poder escrever para pessoas e elas
interagirem comigo de lugares distantes. Pessoas de carne e osso, com
pensamentos inteligentes e percepções que realmente me interessavam. Adoro
gente inteligente, muito.
Por mais de três anos teclei com
uma pessoa, que morava fora, mais precisamente na Europa. Passou do blog para o
MSN e fortaleceu uma amizade grande. Nunca tive curiosidade em vê-lo na cam por
que tinha seus sites em redes sociais e bastava por que as fotos e tudo mais
eram verdadeiras. Meu amigo era casado com uma menina brasileira, divorciada,
que se mudou para lá a trabalho. Muitas vezes o consolei após brigas com ela.
Um rapaz ingênuo, com humor afinado, descendente de uma família conhecida no sul
do país. Algumas vezes marcou de virem pra cá, e na ultima hora algo acontecia
e não dava certo. As suas descrições eram tão factíveis que nunca desconfiei de
nada. Gêmeo sobrevivente, e com uma doença congênita. Foi pai na adolescência,
e outras tantas histórias. Irmãos de sangue, pais separados, mais outros irmãos
espúrios descobertos tardiamente.
Acho que qualquer pessoa
acreditaria nisso tudo pela força da verdade em cada fato. Pois bem, três anos
passaram-se e um dia por um descuido a historia veio à tona. Esse amigo era uma
garota que construiu toda essa “vida” fictícia e não só enganou a mim, mas a
muitas outras pessoas que conversavam e que deixam recados no blog. Muitas
delas pareciam intimas. Hoje, após um bom tempo quis contar esse fato. Envergonhei-me
por ter acreditado numa pessoa fake, e ter falado tanto sobre coisas
particulares. A sensação depois é que aquela pessoa havia morrido. Um luto desconfortável
que tive que viver. Não me fez mal algum. Não tive prejuízos financeiros e nem
morais com esse individuo, apenas aquela sensação chata de ser enganado.
Essa menina, não preciso dizer,
era a pessoa mais infeliz que alguém possa um dia imaginar. Ficou presa nessa
história que virou bola de neve. Por um tempo mantive contato, por que senti
necessidade de ir descontruindo a imagem do meu amigo de três anos. Mas
sinceramente, me ocorre que por mais que tenha começado como uma brincadeira,
há muitas formas de se colocar um ponto final. Deixar a situação tomar
proporções é culpa única e exclusiva de uma mente doentia. Sei que ela fez mais
mal a outros do que a mim. O amigo morreu, e senti sua falta como sentiria de
quem é de carne e osso.
A internet a cada dia nos mostra
mais e mais gente desse tipo. Pessoas escondidas em seus avatares querendo
desesperadamente que acreditem nelas. Inventam histórias absurdas, enredos fictícios
que nos amedrontam. Tenho por personalidade acreditar nas pessoas, por isso
talvez seja tão fácil me ludibriar. Só não caio em golpes envolvendo grana.
Penso que, se eu, um veiaco, caio
nessas mazelas, um adolescente pode ser envolvido em tramas nas quais não terá
discernimento e inteligência suficientes para escapar. Por isso os pais devem
estar sempre de olhos abertos no que e com quem seus filhos teclam.
Como tem gente louca nesse
mundo!!!
Abração e ótima quinta feira a
todos.
7 comentários:
Cacilda! Que doideira isso...
Será que eu sou eu?
De certa forma vivenciei algo do tipo ... tenebroso mesmo ... mas enfim ... tem louco para tudo não é?
nossa!!!
Eu também já teclei com gente fake, mas eu sou muito desconfiado. Dou corda até a pessoa se enforcar sozinha. é uma pena. lembrei do filme que indiquei outro dia lá no blog:
"CONFIAR" - com Clive Owen e Catherine Keener. Segue a inscrição: " O que sua família levou anos pra construir um estranho pode roubar com um clique."
se vc quiser ler a sinopse http://fernando-blogue.blogspot.com.br/2012/04/confiar-um-perturbador-aviso-e-um-otimo.html
gente doida tem em todo lugar, mas vc não tem culpa de ter caído nessa história. não precisa se envergonhar, essa pessoa é quem deveria.
Oi Rafael.. acabei de ler este post(lí outros Também)e sinceramente acho que me sentiria traída. Vc não teve essa sensação? Deve ter sido difícil acreditar em outros depois, sem uma certa neura. Sou muito crédula. Acho que cairia facilmente numa estória dessas, infelizmente.
Gostei do seu blog, principalmente pela letra grande...rsrsr
Se aceita.... voltarei.
ABraços
Querido amigo desconhecido.
Também fui vítima de algo similar.
Acreditei tanto que cheguei a amar.
Coisas tão difíceis de se explicar.
Entretanto, tirei disso tudo uma triste lição.
Nosso sistema de segurança emocional não funciona, é utopia se achar acima disso...
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