A COMPENSAÇÃO DO AMOR

Ainda não tenho filhos, mas sei que os terei um dia, se não pelas vias naturais, que sejam de coração, mas isso não me impede de entender e saber o que é certo na educação de uma criança, afinal eu já fui uma, sou filho, e não sou um imbecil que não entende como funciona o mundo.

Vivemos uma época de compensação abusiva de carinho. Os pais de hoje evoluíram numa questão: trabalha-se para manter uma vida digna, enquanto os filhos crescem na companhia de “educadores”. Na verdade deveria ser assim, já que o mundo mudou. Hoje uma criança pode ir a escola assim que nasce, por que é comum. Na minha época, um menino que ia pra creche com 5 anos era um abandonado, um estorvo para a família. Mas com toda essa evolução na sociedade, os pais ainda fingem que tudo está bem, e compram o silencio dos filhos. Percebi isso prestando atenção nas férias ultimas. Pais desesperados para arrumarem atividades que deixavam os pequenos longe deles, da casa, e do compromisso de ter que lhes fazer companhia.

Mas o fenômeno que se funda nos lares de hoje é o dessa “compensação” desenfreada de amor. Dá-se aos filhos um carinho em forma de presentes, dá-se o material, e se esquecem de que não só de vídeo games e viagens a Disney se forma o caráter de um individuo.

Vejo os pais se gabando da boa educação que dão aos filhos, da forma como se comportam em publico, do mandarim que estudam na escola caríssima. Mas vejo também crianças apáticas, sem nenhuma iniciativa para a vida. Colocadas de lado, infantilizadas ao extremo, mas cobradas de suas responsabilidades escolares. As crianças de hoje tem uma carga maior que a de um adulto. Inglês, balé, judô, espanhol, ginastica olímpica, computação, e tantas outras atividades que os pais escolhem para ocupar o tempo ocioso do filho, que antigamente era dedicado as brincadeiras infantis. Crianças de hoje são pernósticas, falam e se comportam como adultas. Meninas de oito anos querem usar sutiã, os meninos da mesma idade já reparam nos bumbuns das amiguinhas. Os pais infantilizam, enquanto a vida os amadurecem cedo. Daqui um tempo as crianças escreverão cartas ao papai Noel pedindo uma lingerie nova, um isqueiro mais moderno, quem sabe uma faca ou um coldre para guardarem suas armas, ou mesmo uma noite no melhor motel da cidade. Acreditam em contos de fadas, mas quereriam é uma sacanagenzinha com as fadas.

Eu cresci envolvido com a verdade da vida, mas nunca deixei de brincar e criar mundos fantásticos enquanto pude. Não fui um alienado, nem um espertinho que bolinava nas menininhas de sete anos. Tive minhas etapas, meu crescimento psicológico dentro dos padrões normais. Hoje vejo que tudo está acelerado, e quanto mais os pequenos questionam os pais, mais presentes ganham para calarem a boca. As descobertas que fazíamos no passado por que os pais tinham tabus em falar, hoje se compra pela internet, no camelô da esquina.

Não exigir de um filho a maturidade que ainda não tem capacidade de ter, é um reflexo do amor. Deixe que cada pequeno cresça de acordo com sua capacidade. E pelo amor de seus rebentos, ensinem que “divisão” não é perder. As crianças não sabem compartilhar, não sabem doar. Problemas do século XXI.

Abraço a todos...boa quarta feira

5 comentários:

Giselle Kleinke disse...

Realmente, isso é muito frequente, cerca de 90% das famílias. Tudo é projetado para a facilidade dos adultos. Acredite se quiser, quando mudei pra este apto que to morando agora, fiquei muito surpresa ao ver algo que há um bom tempo não via: 3 criancinhas, deviam ter entre 5-6 anos, brincando de pega-pega e joguinhos - acredite - não eletrônicos. To tentando até agora saber quem são esses pais exemplo... Pq os outros, devem ficar encarcerados nos seus ap´s, jogando video-game. Parabens pelo texto, mais uma vez. Bjs, Giselle

Karina disse...

Você trata hoje de um tema que eu comentava há uns dois dias com colegas, enquanto lembrava que, mesmo sendo tímida, brincava escorregando no papelão, de gangorra, pique, etc. Causa-me uma certa agonia ver crianças hoje que apenas gostam de games e de brincar em shoppings, assim como pais que largam seus filhos nas lojas como se as vendedoras fossem as babás (eu passei por isso lá nos primórdios...rs). Minha irmã é professora do Ensino Fundamental, e uma das dificuldades com as quais ela tem que lidar é com o fato de alguns de seus alunos não saberem sequer ir ao banheiro sozinhas, colocar o canudinho do Todynho e por aí vai. Daí a lição é: não dê o peixe, ensine a pescar. Mas a gente consegue vislumbrar claramente que os pais, por estarem pagando as mensalidades escolares, acham que podem transferir inclusive esse tipo de educação básica dos pequenos. Bjs,Karina.

Unknown disse...

O resultado disso é, claro, o pior possível. Tipo mocinha bêbada "pilotando" carro importado por cima de pedestres na calçada. Daí pra pior. Meda!

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

uma das coisas q mais me aterrorizam é imaginar o mundo de amanhã qdo estas crianças estiverem verdadeiramente adultas ...

Jack disse...

olha complicado mesmo, na minha época com 15 anos já trabalhava e jogava taco na rua, minha irma mais nova com 15 anos só dorme e ouve musica, ontem eu mexendo no cel dela, vi um cartão de memoria de 4 giga e o dela era de 1 giga, eu perguntei de onde você tirou isso ela inventou tanta historia, que começou a se enrolar, no fim ela disse que comprou por 40 reais, de uma dinheiro que ajuntou, contei para minha mãe e ela disse e se ela ajuntou mesmo? kkkkk observação um desse aqui onde moro custa 120 reais, e ela não trabalha masss e se ela ajuntou.