VOCÊ É INTOLERANTE?

Não queria mais posts longos, mas o assunto pede.

Agora que passou o frison da morte de Amy Winehouse quero falar sobre um assunto que permeou a noticia sobre sua morte. As dezenas de pessoas que disseram “ Bem feito, pediu pra morrer, morreu”.

Ontem assisti a uma reportagem no Bom dia Brasil que falava sobre vícios. O mais comum é o do álcool, e segundo especialistas é o que mais destrói individuos, mas lentamente. Uma pessoa só vai dar conta de seu alcoolismo 10, 20 anos após a sua dependência começar. Na juventude ninguém admite ser alcoólatra, mas o fato de precisar beber todas as vezes que sai para uma balada, ou ter o habito de toda quarta feira, por exemplo, precisar beber, é um sinal de dependência, de alcoolismo. E não sou eu que digo isso, são os especialistas.


Amy era uma pessoa doente. Os motivos pelos quais se drogava é uma incógnita, só o usuário sabe por que entrou nessa. Ninguém é sem vergonha, cretino, mau caráter para permanecer nas drogas. O vicio, seja qual for, é doença, e me entristece ver pessoas tão instruídas falando que alguém morre por que quer. Uma menina de 27 anos, com uma carreira brilhante, não vai se matar ingerindo substancias toxicas pelo simples fato de querer. O corpo pede, o corpo exige, dói.

A farra da juventude pode sim levar para esse caminho. A baixa auto estima, fatores ligados a rejeição familiar, e tantos outros motivos estão associados ao consumo. Nunca fui viciado em nada, muito menos experimentei algum tipo de entorpecente, mas sei, por experiência de convívio o que é ter um familiar drogado.

Não julguemos aquele tiozinho cambaleante na rua, ao qual chamamos de “bêbado”, muito menos aquele ricaço que chega em casa e toma duas ou três doses de whisky todos os dias, que a sociedade quando percebe seu vicio o chama de alcoólatra. A dependência é a mesma, na favela ou nos palácios, sem distinção de cor, credo, sexo, etc. A necessidade da bebida, do cigarro, da maconha, da cocaína, da bala nas boates, ou seja lá o que for, é um tipo de dependência. Os fumantes sabem disso, e muitos admitem que o fazem mesmo sabendo que estão se destruindo.

Não sou um moralista, acho que cada um sabe de si, mas quando um individuo como Amy perde a noção do que faz, a família, os amigos tem obrigação de interceder e tomar conta. É nítido que na pessoa não há mais discernimento. Ela não pediu pra morrer, ela foi induzida a morte, por que sem alguém por perto, os abutres que vivem do dinheiro do trafico se alimentaram do seu corpo.

A intolerância que vi nas pessoas é muito próxima da que fez aquele cara matar um monte de gente por achar que muçulmanos e pessoas partidárias a migração destes devem morrer. Essa intolerância começa com o fato de não compreender o outro, as necessidades e as dependências. A intolerância que faz com que um grupo espanque um pai que estava abraçado ao seu filho por achar que eram gays. Não aceitar a doença de um dependente químico e achar que sua morte é valida, é o mesmo que colocar fogo num mendigo na rua, por acreditar que ele “incomoda” a sociedade.

Todos os grandes feitos negativos da humanidade começaram com uma intolerância leve, como a de quem, por exemplo, disse que Amy Winehouse foi tarde, que mereceu morrer. Assim tivemos genocídios, guerras, crimes passionais.

Amy foi uma vitima, como muitos por aí. Então paremos e pensemos. Quando soubemos de sua morte qual foi a primeira reação? Sentiu pena, pensou o quanto perdíamos com sua partida, ou simplesmente achou que já era tarde. Se assim o fez, repensem seus atos, por que vocês podem ser um intransigente, que um dia pecará pela intolerância.

Boa quarta feira a todos.

9 comentários:

ManDrag disse...

Não creio haver vários graus de intolerância. Quanto a mim ou se é intolerante ou não. Não tem essa coisa de mais ou menos intolerante. A intolerância do psicopata norueguês começou na dita pequena intolerância daquele que diz que "não sou racista, mas filha minha não casa com negro".
Todos nascemos destinados a morrer, mas ninguém merece morrer. Isso seria justificar a abominável pena de morte.
As dependências são doença, no sentido em que estão além do que seria um comportamento conveniente e natural do metabolismo. Concordo contigo em que nesses casos deveria ser dado à família e ao grupo social do dependente, os meios de apoio na decisão dum tratamento compulsivo; visto neste caso não se aplicar o direito de liberdade de escolha, pois o indivíduo não está no pleno uso das suas capacidades conscientes. Todo o vício é soberano sobre a consciência do indivíduo, induzindo-lhe os seus juízos de forma perversa.

Amy foi uma vítima da sua própria liberdade, respeitada pela sociedade que a via degradar-se e caminhar para o seu suicídio, mais ou menos voluntário, mas decerto consciente e óbvio para todos.

Abraços

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

O homem tem esta pequenez mesmo ... não olhar para o seu próprio umbigo e ficar a julgar os outros.

Não importa o pq, o q conta é q Amy foi e será um ícone de sua geração.

Anônimo disse...

Perfeito Rafa !! E é isso mesmo !! Não entendo o que rola, pois enquanto vivemos em uma sociedade totalmente conectada e com acesso total a informação, a intolernacia parece que cresce na mesma medida...tenho notado há tempos como e ser humano anda frio, talvez pela banalização da vida que se vê na TV todos os dias, onde nº de mortes é pura estatística...as pessoas se acham cada vez mais donas da verdade, sem saber nem mesmo a verdade das coisas...ignorância talvez tenha outra dimensão hoje em dia...

Dalton Spider disse...

Pois é... e eu tive que ficar brigando e criticando por cada comentário infeliz dessas pessoas que jugam sem se importar se ela tinha um talento ou era um pessoa com problemas. Engraçado que uma boa parcela dessas pessoas eram religiosos, pessoas que dizem pregar o "amor ao proximo" dizendo que "ela merecia, agora vai pro inferno pq quiz", hipocritas, impossivel não ficar triste com cada comentario desses...

Seu blog é mt legal parabéns!

Cris Medeiros disse...

Adorei seu post! Perfeito, disse tudo que acho de forma magnífica!

Acho que não tenho nada a acrescentar é tudo que tenho dito nos últimos dias.

Me desentendi seriamente com uma menina que fazia parte do meu Facebook, e visitava meu blog. Ela foi de uma intolerância cruel. E eu não deixei barato, abri fogo. Porque gente assim não faço a menor questão de manter contato.

Beijocas

Anônimo disse...

Assino embaixo, você disse tudo aquilo que eu ando pensando ultimamente. O mais triste é que as pessoas são intolerantes à quase tudo, não só no caso da Amy.

Que Show, Kisner! disse...

Texto oportuno sempre. Rafael, meu amigo, eu sei o que é ter um amigo que é tomado dia após dia pelo vício. Acreditem, eles não enxergam a burrada que estão fazendo. É muito mais fácil julgar. Muito mais fácil ainda é pisotear. Quero ver viver! E eles não sofrem sozinhos. Não adianta você dizer 'mas eu nunca vou por droga na boca'. Se alguém do teu convívio colocar, bem vindo ao inferno. Não tem escapatória. Fechar os olhos para isso e jogar o problema para frente. E ele volta, ah se volta! E muito mais forte do que possamos imaginar! Diante das drogas um único sentimento aflora, a impotência. Bom post. Abraço.

DBorges disse...

Excelente post!
Foram tantas pessoas se vangloriando da morte da Amy que eu também questionei a falta de solidariedade dos que estão a minha volta. Amy foi mais uma vítima das drogas e condená-la não é o caminho. Eu fiquei triste sim pela morte prematura da cantora, sempre adorei suas músicas e mesmo de longe mantinha-me informada sobre sua carreira.
Quanto as pessoas, os seres humanos são todos muito preconceituosos, olhamos sempre pro outro e nunca pra nós mesmos. E assim caminha a humanidade.

Marcia disse...

Rafinha,
Muito bom post, ultimamente vc anda inspirado! Então, a carapuça em parte me serve porque eu fui uma que comentei "negativamente" a morte dela, ams veja tenho alguns pontos diverentes de você etalvez nas poucas linhas do face não tenha me expressado bem...

Achava a Amy talentosíssima e exóticamente bonita, além de ter sua música uma constante na minha playlist. Porém, penso que ela não foi vítima do sistema, ela escolheu esse caminho, todos escolhemos os nossos caminhos, ela teve oportunidades, e me parece com as notícias do funeral que tinha suporte familiar, e amigos. Ela era fraca. Defeito que cabe a qualquer um de nós, e concordo quando não devemos julga-la por isso.

No que sou contrária? O endeusamento dela e da situação. Ela era o anti-exemplo, se não é certo pichar-la pela fraqueza das escolhas, também não é certo achar que era uma mera vítima do sistema, outras cantoras de sucesso sofrem a mesma pressão e nem por isso sucumbiram, vem de novo o traço fraco da personalidade.

Assim, me parece que o erro está em: 1) santifica-la e buscar culpados pela morte dela, ela fez as escolhas, ela arcou com as consequências; 2) Nada do que possa ter de fraco na personalidade empana o enorme talento da moça, a música perdeu uma de suas melhores revelações (Britney, Gaga e cia vão dormir, AMy sim eraa um espetáculo), e por fim (me empolguei, desculpaê) 3) devemos ser tolerantes com todos e buscar soluções e nossa contribuição para ajudar aqueles que sofrem de doenças graves como a dependência química!

beijos graúdos