Não preciso ficar me repetindo ao dizer que nasci e fui criado
católico e assim irei até o fim dos meus dias, mas também não posso deixar de
criticar a instituição que me apresentou Deus, de uma forma errada, quem sabe? Isso
só a história futura poderá dizer sim ou não.
Assisti Philomena, drama Irlandês
com cara de filme inglês, falado no sotaque britânico que adoro, com irretocável
atuação de Judy Dench. Porem já adianto que Meryl Streep está melhor e merece o
Oscar mais que Judy.
O filme mostra a busca de uma
mulher pelo filho tirado de seus braços ainda pequeno e dado à adoção. Fiquem tranquilos
por que não contarei nada sobre o filme, apenas o obvio, a criança foi tirada
por freiras que a acolheram gravida e daí pra frente se desenrola a trama.
Não é segredo que países de
maioria católica têm seus conventos espalhados por todo território e neles as
freiras buscam ajudar aos necessitados como forma de “trabalho” e abnegação de
sua vida pessoal. De algumas décadas pra cá a imprensa tornou-se aliada dos
injustiçados, basta correr até eles e contar sua história que a justiça logo
surge, a favor ou contra, resolvendo ou não, mas mostrando publicamente as
mazelas escondidas sobre os hábitos e batinas. Tudo bem que ainda em pleno século
XXI a igreja banaliza a pedofilia como um mero transtorno de personalidade de
seus padres abusivos. Mas Philomena traz a tona algo muito pior.
O Brasil também esconde segredos
em seus conventos e mosteiros. Segredos que aos meus olhos são pecados muito
mais graves do que os cometidos por fieis que buscam ajuda. Sei de histórias cabeludas
contadas por minha avó, fatos ocorridos há 60, talvez 70 anos atrás. A igreja hoje
ainda tem o poder de esconder e tapar o sol com a peneira imagine o que faziam no
passado em pleno autoritarismo e prepotência dos que serviam a Deus. Isso está
estampado em Philomena, através da incapacidade de sentimentos das freiras que
a acolheram.
Antigamente quando uma filha dava
um “mau passo” era comum às famílias esconde-la em conventos até que o fruto do
pecado nascesse. Muitas morriam por que as “benevolentes” freiras as deixavam a
mingua, e os partos eram feitos no grito, sem anestesias, analgésicos ou o que precisassem
para um conforto pós parto. Não é de se estranhar que grandes quantidades de
meninas morriam junto de seus bebes. A explicação para isso? A vontade de Deus.
Muitos reclamam que os
evangélicos usam o nome de Deus para encobrir suas falcatruas, mas a igreja
católica também o faz. O que Philomena mostra são freiras amarguradas, más, que
julgam-se acima das leis humanas e divina. E isso não é particular da Irlanda
do passado, o Brasil também teve suas madres superioras carrascas que falavam
em nome de Deus e condenavam mocinhas inocentes, entregues por famílias soberbas
para esconder uma vergonha que lhes tenha abatido. Meu pai apanhava de padres
no colégio, assim como tantos outros de sua idade. Ele ainda era um bom menino,
os mais peraltas levavam surras absurdas das mãos de homens que consagravam hóstias
antes das missas. Que mãos podem ministrar o mais precioso item da igreja (
corpo de Cristo) e ao mesmo tempo violar a honra de garotos espancando-os ou
molestando. Isso desculpe os mais fervorosos, é inadmissível.
Talvez em pleno 2014 tudo seja
mais leve dentro das instituições de ensino e abrigo católicos. Vivemos a era
das denuncias então segurem as mãos padres e freiras, por que os pais não admitem
mais que espanquem suas crianças. E o passado? Esse fica lá guardado, marcado
na carne de quem sofreu algum tipo de violência. A personagem Philomena é uma
pacata senhora de 70 anos vitima da incapacidade de sentimentos de freiras
amarguradas, invejosas e sovinas. E não é ficção, é uma história real, como de
tantas milhares espalhadas por aí.
Judy Dench e a verdadeira Philomena Lee
Boa semana a todos.
2 comentários:
Uma análise perfeita destas vergonhas e do filme q explora e mostra de forma nua e crua todas estas mazelas ... tb amei o filme ...
Beijão
Olá Rafael, lendo este post lembrei de uma freira, um senhora de idade já bem avançada que cuidava de doentes mentais num "famoso" manícomio, que hoje está desativado, mas numa matéria para televisão entevistaram esta freira, já bem velhinha e para meu espanto ela dizia que concordava com os choques elétrico como tratamento, eu choquei, ouvir isso daquela velhinha, só pra exemplificar teu post. Sobre o post anterior eu não resisti ao chamara a velha Maria Betânia de velha rs, eu adoro ela, mas é verdade. Ainda, quero agradecer pelo meu blog figurar na lateral do teu, eu fico sempre muito feliz com estas atitudes, obrigado.
ps. Carinho respeito e abraço.
Postar um comentário