A ignorância muitas vezes é uma
arma a favor do sofrimento prematuro e desnecessário. Quando o médico anunciou
que precisaria fazer um procedimento chamado “DuploJ” fiquei na minha e aceitei
que era inevitável. Não busquei saber como e nem de que forma isso era feito. Sou
adepto da novidade antes de qualquer coisa. Ansioso por natureza, sei que é mais fácil deixar pra descobrir o
problema na hora de encara-lo de frente.
Minha internação para o
procedimento que deveria fazer e que foi colocado numa pulseirinha no pulso,
assim como as gravidas e seus bebês recém nascidos se chamava “uretrolitotripsia”.
Um bombardeamento a laser ou ultrassom na bendita pedra que estava parada no
ureter. Cheguei as 6:30, o hospital fechado na ala de internação. Esperei,
entrei, paguei, esperei mais e logo vieram me buscar para indicar o quarto.
Ohhh...cama boa! Logo em seguida já fui levado para a sala de espera cirúrgica.
Avental hospitalar de bunda de fora, toca e sapatinho antigermes...rs. Bizarro.
Sentei-me numa cadeira e vi um a um, dezenas de pacientes irem e virem de suas
endoscopias. Minha cirurgia devia começar as 8:00, mas só me buscaram as 10:45.
Foram 3hs e pouco de angustia, tentando segurar o avental para não verem “minhas
partes pudendas”. A coitadinha de uma enfermeira de uns 70 e poucos anos,
mirrada e raquítica me levou de cadeira de rodas por corredores, sem forças,
quase me fazendo levantar e coloca-la sentada para fazer tour no hospital.
Pronto, sala de cirurgia. Deitado
naquela mesa gelada, com uma nave espacial sobre minha cabeça e centenas de
aparelhos apitando. Amarra braço pra colocar soro, dormonid e logo tudo ficou colorido,
lindo ao som de pífaros. Sentaram-me, aplicaram uma raquidiana que me aleijou
as penas ( pela primeira vez pude saber o que sente um paraplégico).
Colocaram-me em posição de mulher que vai dar a luz (parto normal) arreganhado
para mais de 7 profissionais que ali estavam e eu só dizendo: que coisa gostosa
é essa que me deram, quero mais ( vergonha!!!).
Não sei quanto tempo fiquei , mas
logo veio sala de recuperação e a insistência para mover pernas e cair fora
dali o mais rápido possível. Missão cumprida e la vou eu como cinema vendo as
luzes do teto deitado na maca. Familiares bondosos me esperando no quarto. Transferência
de maca para cama, e novamente a insistência que não erguesse a cabeça, assim
não teria dores futuras. Tá beleza, isso se o enfermeiro ao me ajeitar na cama
não me desse com a cabeça com toda força na cabeceira. Show hein tio!
Dois dias, e xixi que não vinha e
então descobri que a nossa dor é a pior que existe no mundo. Nesse instante, que
após todo o trauma de enfiarem uma mangueira de incêndio dentro do seu bingulim
e arregaçarem ele para sair um elefante rosa de dentro, descobre-se que urinar
se tornou a coisa mais cruel que um ser humano pode suportar. Aquilo que
fazemos tão bem desde que sairmos do ventre é transformado na pior das dores
que se pode sentir.
Não me estenderei nesse assunto
por que arrancarei lagrimas de quem me le...rs. Putz, alta hospitalar, casa e a
esperança de que será tudo um mar de rosas. Não, não. Uma voz diz a você: vais
continuar sofrendo cabra, para dar valor a esse negócio que tu tens no meio das pernas!!! Procuro pra ver quem disse, mas não encontro. Serão guinomos? Penso em
ligar para Xuxa, mas o efeito do dormonid acabou e tenho que enfrentar a
realidade.
Sabe qual é essa realidade?
Expelir pedras enormes que rasgam, sangram e ardem como se estivesse sendo
marcado como gado.
Mas eu tenho esperanças que isso
vai passar logo, por que não é possível sofrer tanto. Ah, lembrei que não será
bem assim. Tem uma porra de um cateter chamado Duplo J que esta dentro do rim,
descendo pelo ureter e me cutucando a bexiga o tempo todo. Só será retirado
dentro de 3 semanas, a seco.
Carai véi...por que eu?
É por isso que insisto que
existem pessoas doentes a qual tenho total comiseração, mas a minha dor,
desculpe, é maior que de qualquer um nesse momento. O dia que passar penso em
ter dó de outra pessoa, nesse instante me vem lagrimas aos olhos de pena de
mim...rs.
E o carnaval?
Bem aventurados os que não tem cálculos
renais, pois verão o carnaval inteiro dançando como pipoca.
E o Papa? A empregada dos amigos
que me hospedam disse que ele renunciou por causa de um amor mais jovem. Um
rapaz que virou a cabeça dele. Haja paciência!
Abraço a todos e agradeço as
manifestações recebidas.
7 comentários:
Caraca! Não precisei de passar por isto tudo ... meus cálculos eram só sedimentos e os expeli naturalmente ... mas o q posso dizer sobe cirurgia ... escolado meu amigo ... 03 em um ano e a 4ª marcada para maio ... enfim ... que vc se recupere logo e q o bigulim não te dê mais estes transtornos ... q ele seja só fonte de prazer ... rs
fica bom logo querido e q Deus te proteja ...
o papa? já foi tarde ... #prontofalei ... rs
bjão querido
Caramba... fiquei tenso só de ler o procedimento...
O Papa já foi tarde...
pois então querido ... nosso Dr sumiu ... evaporou ... não tenho notícias dele ... mas enfim ... vamos q vamos ... somos blindados sim ...
fica bem querido ... sara logo ...
bjão
Fael...eu te entendo! Principalmente na parte em que vc fala que, "fazer xixi se tornou a pior dor do mundo". Mas como disse o Paulo... vamos que vamos.
Fica firme ai... e que Deus te proteja.
Beijos
Rapaz, se te servir de consolo, ano passado fiz cirurgia de varicocele e hidrocele e terei que repetir essa última nos próximo mês. Sei o que é sofrer! Mas tudo vai passar, como tudo passa! Força aí!
www.sandesmeiodesligado.blogspot.com
Desejo melhoras, de verdade.
Nunca senti essa dor, mas as pessoas que já tiveram e comiseravelmente falam, dizem que é uma das piores dores do ser humano.
Beijos
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