e as cortinas se fecham...

Neste fim de semana tive contato com dois momentos distintos das manifestações artísticas do século passado e do início deste. Bem, não foi com virada cultural que aconteceu aqui em Campinas, que, diga-se de passagem, nada tem a ver com a de SP, que sempre reúne gente interessante.

O primeiro momento foi quando li na manhã de sábado que o estado de saúde Zélia Gattai havia piorado. Imediatamente foi acometido de uma melancolia profunda, por perceber que mais um grande nome da arte desse nosso país desmemoriado estava partindo.

Sempre me simpatizei com a família Amado. Sempre os achei representantes da cultura e da família brasileira. Lembrei-me dos romances de Jorge Amado que li na adolescência, das inúmeras entrevistas que vi deles, e aquele semblante doce de avó carinhosa que Zélia tinha.

Recordei a minissérie baseada no livro de Zélia “ Anarquistas Graças a Deus”, brilhantemente adaptada para TV.

Nossa cultura é que fica órfã quando personalidades como ela nos deixam. Que descanse em paz ao lado de seu amado Jorge.

O segundo momento foi assistir definitivamente a vida de Edith Piaf. Não me surpreendi com a produção, por que já tinha ouvido sobre ela, mas sim com a brilhante, sensacional interpretação de Marion Cotillard. Poucas vezes vi alguém tão perfeita como ela.
Oscar é mais que merecido. Devia ter sido aclamada publicamente na França, ganhado condecorações do governo...rs rs rs...

A direção foi cautelosa, muito delicada e o roteiro não deixa falhas ou perguntas. Tudo se esclarece tudo é explicado.

Mas o triste é ver que um talento tão extraordinário padeceu tanto. A história é triste, mas o engraçado que quando terminou, após dramáticas cenas de conclusão de sua vida, fiquei com um pensamento a respeito: pode sim ter sido uma vida regada a sofrimentos, perdas e tudo mais, mas ela amou, e amou profundamente. Foi feliz, por que houve retribuição desse amor. Portanto seja lá a vida desgraçada que teve, o dom de sua voz belíssima, e o amor da sua vida, ninguém tirou.

Duas mulheres, duas forças distintas. Duas contribuições da arte.

Boa segunda. Boa semana.


8 comentários:

Anderson Cyrino® disse...

Rafael!
É dificil de se imaginar e aceitar que os bons estão indo e mesmo sendo insubstituiveis, nao esta aparecendo mais nada de verdadeiramente bom.. nem ninguem que chegue perto do que os grandes nomes que fizeram e continuarao fazendo a historia desse pais..
um pais orfão, em varios aspectos, e deficiente em sua nova cultura.
uma otima terça!

descolonizado disse...

zelia era tudo de bom! [é tudo de bom]

Daniel disse...
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Fê Guimarães disse...

Tive a mesma sensação que você quando soube da morte da Zélia Gatai: que o Brasil está perdendo uma parte de sua identidade cultural que, pelo andar da carruagem, dificilmente será substituída...

Aqui em São José dos Campos tb teve virada no último finde. Show da Sandra de Sá. Aconteceu em um parque bem próximo à minha casa, mas nem fui.

Estou com o dvd de Piaf em mãos. Será um dos meus programas do feriado.

Um abraço!

Demian disse...

Puxa Jamal, eu precisei me hidratar depois de Piaf... fiquei muito, muito comovido... eu já conheço a Piaf de tempos, não sei ao certo como foi, mas adoro ouvir a voz dela e tenho várias no meu PC... Enfim, o fato é que eu tb comemorei super pela Marion ter ganhado o Oscar... foi merecidíssimo!!! E principalmente por vê-la ali: linda, linda, linda!!!

Enfim, já é!

Demian disse...

Eh, eu sofro de bom humor crônico quando não estou ali "dando uma choradinha", mas como quase nunca isso acontece... o jeito é apelar pra comédia mesmo!!!

Liz / Falando de tudo! disse...

Sobre a Zélia sem comentarios, e de Edith...tudo de bom mesmo também, mas a atriz que a interpretou cometeu um crime...ou seja uma falha imperdoavel para o mundo todo, talvez você nao saiba,mas ela fez uma reportagem
acusando o governo americano de ter explodido as torres gemeas de proposito!! pode? Aqui na França todos vimos veicular essa reportagem dela...e eu acredito na "ignorância" dela, mas...posso dizer a grande maioria a odeia...

Alberto Pereira Jr. disse...

Antes de ver Piaf conhecia pouquíssimo da cantora francesa, ver Marion Cotillard interpretando tão eloqüentemente esse papel foi uma ótima surpresa.

A litetaratua brasileira ficou mais pobre depois da partida de Zélia