QUAL DROGA VOCÊ TOMA?

Antigamente, quando era garoto, as doenças eram muito mais simples de se entender que hoje. Os velhos tinham esclerose, hoje a maioria tem Alzheimer. Tratavam-se meninas malcriadas com um bom corretivo, hoje elas são bipolares. Brincava-se com as pessoas na escola e ninguém saia ferido, hoje é bullying e provoca transtornos como depressão, síndrome do pânico e outros males da mente. Crianças magras tomavam Biotonico Fontoura, cerveja caracu com ovo, gemada, hoje são anoréxicos e precisam de tratamento.

Os males do século estão na cabeça das pessoas e só. Vejo a facilidade com que médicos ( e não digo apenas psiquiatras) têm para receitar antidepressivos. Creio que 80% das pessoas do meu relacionamento pessoal, trabalho e social tomam algum tipo de antidepressivos. Variam de fluoxetina (e similares), Rivotril ( para ter aquele soninho perfeito) a outros mais fortes e antigos como Lexotan. O mundo está letárgico por que as pessoas acreditam que precisam desesperadamente de algo para continuar vivendo. Ainda bem que esses não se agarram a cocaína e outros entorpecentes piores ( apesar de que muita gente ainda faz uso concomitante disso tudo) então explodem em problemas de autoestima, creditando aos outros seus fracassos.

Gosto de médicos do tipo da geriatra da minha mãe. Por vezes perguntamos a ela se havia necessidade desses medicamentos para que os velhinhos de casa ficassem melhores. A resposta é sempre a mesma: não há necessidade, arruma algo importante para eles fazerem que o tédio passa. Uma verdade absoluta, por que é só ocupa-los de algo que as neuras somem.

Crianças antigamente gastavam energia brincando na rua, fazendo algo que lhes dessem uma vida lúdica, criativa. Hoje presas a tarefas de gente grande ( inglês, balé, e bla bla bla) são taxadas de hiperativas, e tome remédio na cabeça. Na minha rua tinha um garoto com energia de pilha duracel. O apelido dele era “pinto louco” ( alusão àqueles pintinhos doidos que correm no galinheiro desesperadamente de um lado a outro, sem logica). Nunca tomou remédio para essa energia extra que tinha, simplesmente brincava de sol a sol, e a noite dormia como um anjo. Odeio remédios antidepressivos em crianças, isso limita a criatividade e os transforma em robôs que obedecem aos pais e os deixam em paz.

Claro que não sou ignorante ao ponto de acreditar que os remédios ansiolíticos não são necessários, claro que são! Sei da defasagem de serotonina no cérebro que leva a depressão e tudo mais, só acho desnecessário o uso indiscriminado dessas drogas. Numa rodinha de mulheres com cinco ou seis delas, aquela que nunca tomou um medicamento para emagrecer ou um antidepressivo é julgada como E.T., tamanha normalidade com que se entopem de remédios.

Não há mais como parar isso. Hoje as pessoas querem rapidez para sanar seus problemas e tudo está ligado diretamente ao estado de espirito. Então por que não tomar um rivotril e acordar supostamente descansado? Por que não fazer uso de uma venlafaxine e ver o mundo cor de rosa? Mais fácil do que tentar resolver os conflitos de forma clara e objetiva. Não funciona sexualmente, vamos ao viagra. As indústrias farmacêuticas deliram com isso. O ser humano se fragiliza acreditando que todos os males que o afligem têm solução numa droga comprada livremente em farmácias ( qualquer pessoa ligada à saúde da uma receita pra comprar esses lixos). Sem falar no álcool associado a essas drogas que é a solução para 99% das pessoas, mas isso é assunto pra outro post.

Sou do tempo que nervoso se cura com chá de erva cidreira, magreza excessiva era tratada com uma boa canja de galinha, hiperatividade se consertava mandando a criança brincar no parque, insônia se curava com suco de maracujá.

Viramos reféns da nossa mente, comandada por médicos que de alguma forma tiram proveito de remédios antidepressivos. Você os usa e fica cliente eterno, por que mais cedo ou mais tarde volta numa consulta para pegar outra receita e assim se faz, dias, meses, anos a fio.

Bom dia a todos, ótima quarta feira.

5 comentários:

Fred disse...

Rafão, meu caro!!! Esse texto faz todo sentido e vai bem na minha linha de pensamento!!! Adorei e endosso... hehe!
Gracias pelas felicitações, menino! Valeu mesmo! Hugzão!

Cris Medeiros disse...

Só que quem lê esse seu post acha que você tem 60 anos. Porque seu tempo não tá tããão distante assim, né? rsrs

Beijocas

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Querido! Somos do tempo de Jardim de Infância e não de Escolinha ... somos do tempo de professoras e não tias ... enfim ... somo VELHOS!!! OMM! rs

M. disse...

Rapaz..concordo contigo. Nada a declarar, vc falou tudo.
beijos

Anônimo disse...

Mais um lindo e verdadeiro texto!
Vivemos em tempos rápidos demais!
Todo querem demais e sentem-se em falta demais!
Pra falta, um remédio!
Pro excesso, um remédio!
Vendo chuva e arco-íris vendidos em pílulas!
bjs