Nunca temos chance ou ideia de
dar boas vindas às pessoas que entram em nossas vidas. Quando percebemos já fazem
parte do cotidiano, e algumas mudam completamente o seu modo de ser, e mesmo
assim, não paramos pra dizer: obrigado por você cruzar meu caminho.
Um dia, eles se vão. Alguns definitivamente!
Mesmo assim continuamos em nosso mundinho e esquecemo-nos de dizer: ohhh, você
foi importante para mim, mesmo que por um dia, uma hora, alguns minutos. Ninguém
deixa de fazer diferença em nossas vidas, mesmo que pela cia de alguns
instantes, um papo virtual, um copo de cerveja numa festa. Tenho a impressão que
todos os que cruzam nosso caminho cumprem propósitos. Alguns exercem o papel
destinado, outros apenas fazem bolhas de sabão que brilham na luz e explodem,
desaparecendo.
Não sou uma pessoa com centenas
de amigos. Não, não. Tenho poucos e fies. Não coleciono dezenas de pessoas no
facebook. Não tenho milhares no twitter, nem vejo toneladas de fotos no
instagram. Gosto de restringir o círculo de amizade, assim posso me doar um
pouco mais a todos. Não tenho o gene da “necessidade de atenção”. Vivo bem
sozinho, vivo melhor ainda com companhia. Mas não me desespero pela aprovação
alheia. Um dia já precisei disso, hoje não mais.
Vejo tantos perdendo tempo vital
cuidando e difamando outros. É tão bom dividir experiências, rir juntos. Os
melhores momentos da minha vida sem dúvida passei com amigos. Família nos da aquele
suporte chamado “base”. Aquele lugar e aquelas pessoas que sabemos estarem lá
para qualquer eventualidade. Mas risadas soltas, bobagens infantis, isso eu
consigo com os amigos que escolhi para minha vida. E olha que as portas e
janelas não estão fechadas. É só ir chegando e tomando assento. Me conte suas
ironias e me ganhe em bandeja de prata.
Mas está tão difícil nos dias de
hoje entregar suas idiotices para alguém rir com você. Não sei o que há entre
essa geração “internetiana” que vale mais a pena o check in nos lugares de badalação
do que a piada pronta sobre os personagens em volta. Eu tenho uma bobagem
genética. Eu rio sozinho, eu vejo além do que os outros enxergam e não tenho
com quem dividir. Odeio a cara blasé que fazem quando solto um comentário irônico.
Será que as almas envelheceram ou dar pinta nos lugares da moda vale mais que
uma divertida coxinha com fanta laranja?
Adoro ver arte, por mim passaria
fins de semana inteiros visitando exposições. Me encanta o pensamento do
artista, mesmo brigando para entender o que passou pela cabeça deles, tentando
ver o que o levou a dizer: está pronto. E posso falar? Faltam amigos pra isso. Ainda
bem que tenho os meus poucos, mas fiéis que me ensinam e tem disposição até
para assistir uma senhora de 92 anos cantando. Acreditem, nem todo mundo
enxerga a necessidade de ver um ícone como Bibi Ferreira cantando.
Aos que passaram pela linha onde
caminho, aos que dividiram e dividem o caminho, aos que cansaram e ficaram pra
trás, aos que bateram asas e hoje vivem em outro plano, a todas as pessoas que
entram e saem da minha vida, obrigado por dividirem um pensamento, um papo
descontraído. Mesmo aos que julgo não terem feito diferença, alguma coisa
aprendi. Bordo amigos em toalhas brancas para ficarem para sempre estampados.
Espero não ser bolha de sabão nas
vidas alheias.
Abração e bom fim de semana.
6 comentários:
Emocionei com isto e guardei: "Bordo amigos em toalhas brancas para ficarem para sempre estampados.
Espero não ser bolha de sabão nas vidas alheias."
Parabéns pelo texto, Rafael....concordo e em muito se parece comigo.
Abraços.
Meu caríssimo Fael, assim como nosso amigo e meu rei Bratz, fiquei muito emocionado com este post. Apesar de eu me achar um solitário, também tenho amigos importantes na vida real, mas os amigos virtuais hoje tem a mesma importância na minha vida, pois percebo hoje que troco mais idéias e conversas com os amigos virtuais, pois na vida real está difícil dividir as bobagens infantis, como dizes tu - lembrei de um fato agora, quando mais jovenzinho rs e fazendo teatro amador, brincávamos, em bares bebendo cerveja (juventude) de lembrar-mos desenhos animados e imitá-los, ou músicas supostamente duvidosas tentando imitar o cantor (tempo muito bom) -. Mas estou aqui, tentado comentar algo tão preciso, algo muito próximo do que sinto e sei. Sempre achei a internet gelada, mas depois de um tempo, com a sorte que tenho de encontrar pessoas legais, passei a sentir diferente, aqueceu e eu loucamente gosto muito de pessoas virtuais, que em tese, não conheço, mas aí está a loucura, eu realmente sinto no meu coração ou sei lá que órgão de nosso corpo é possuído pela internet e provoca este sentimento, tornando-o real. Gosto quando dizes das bolhas, uma forma elegante e poética até, para falar das pesoas que passaram, literalmente em nossas vidas, mas apesar de ter gostado da metáfora, não quero ser uma bolha na vida de ninguém, especialmente na tua.
ps. Carinho respeito e abraço.
ps2. Amo Bibi Ferreira, especialmente ela fazendo Amália Rodrigues, e Piaf também.
Um belo post, com certeza! É tão bom ter amigos, principalmente aqueles que como eu digo: "são elos de uma mesma corrente".
O excesso de informação levou as pessoas a não se interessarem por nada, a não se aprofundarem, quantas vezes falamos algo mais irônico e as pessoas não percebem ou mesmo não entendem.
Tenho certeza que mesmo para aquelas pessoas apenas passaram você fez a diferença na vida delas!
Abração!
Que diliça de texto, guri! Essa parte do bordado em toalhas brancas chega dar nó na goela... hehe! Adorei! E super compartilho dessa idéia!!! A geração "internetiana" me preocupa. #FATO! ;)
lindo texto, parecia que cada paragrafo era um mundo novo, mas gostei.
eu acho que sou bola de sabão na vida das pessoas.
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