A grande maioria das pessoas que
convivem em sociedade tem a necessidade de se fazer presente, de serem aceitas,
adoradas, elogiadas e com isso muitas perdem a noção do ridículo e em casos
mais sérios ultrapassam o limite do bom senso e da lei.
A internet hoje é o grande
celeiro das deformidades de caráter e moral. Num passado não tão distante os psicopatas
(não os de instinto assassino, por que esses sempre agiram independentes do cenário
e da época), mas aquela maioria que possuem esse distúrbio ficavam escondidos
talvez por uma vida toda sem meios de poder exercer sua loucura. Hoje a tela do
computador protege esse tipo de individuo. Antigamente os golpes eram menores e
mais certeiros por que o cara que fingia uma identidade atacava pessoalmente,
levando grana de senhorinhas indefesas, ludibriando até as autoridades.
Nesses talvez 19 ou 20 anos que
mexo com internet já vi, escutei e presenciei vários casos de falsa identidade.
Nada me atingiu financeiramente ou psicologicamente. Afirmo que sou cético a
respeito de gente que não conheço, que não vejo o rosto, mas como acredito na
humanidade acabo por também acreditar que não haja maldade nos “tipos” que
conhecemos virtualmente.
Não uso a internet para fins que
não sejam trabalho e lazer. Minha vida pessoal está muito bem, obrigado, e
talvez por isso nunca tenha caído no conto do vigário. Mas nesses anos todos, como disse, vi e ouvi muita coisa.
Destacarei 3 histórias que a mim não prejudicaram nada, mas foi tremendamente
nefasta para outros.
Logo que criei meu blog comecei a
circular por esse universo extremamente rico, criativo, apaixonante, de pessoas
inteligentes, sagazes e muitos de índole ilibada. Fiz amizade com um cara que
morava em Londres. Um sujeito sensacional, divertido, inteligente, casado com
uma oriental, pai prematuro de um filho de 8 anos. Tinha um sobrenome conhecido
no Brasil, herdeiro de algo relevante que não entrarei em detalhes. Por quase 3
anos conversei com esse cara. Ficou meu amigo mesmo. Mandava fotos da família e
identificava os personagens da história. Compartilhava os dessabores com a
esposa temperamental e os sucessos na carreira de publicitário. Uma pessoa real
em todos os sentidos. Porem, nunca pedi para vê-lo ao vivo, não me interessava
isso, como ainda não me interessa ver gente através de webcam. Mas como todo cadáver
vem à tona, um dia descobri através dessa mesma oriental que ele dizia ser sua
esposa a verdadeira história. Tanto eu como ela e outras dezenas de pessoas conversávamos
com uma mulher. Sim, uma garota que se apropriou da identidade física de um
modelo catarinense e em cima das suas fotos ( surrupiadas do Orkut) criou uma
vida falsa, com datas, acontecimentos, tristezas e felicidades. Talvez o
sentimento que tenha ficado dessa pessoa seja pena. Isso faz mais de 5 anos, e
nunca quis falar por um motivo: a gente se sente ridículo em acreditar,
extorquido na inteligência. Parece que nos roubaram a capacidade de discernir
sobre verdade e mentira. Hoje tenho a certeza que ela era apenas uma coitada.

Essas coisas acontecem sempre através
de blogs, por que não abro minha vida pessoal e não frequento e nem frequentei
nenhum outro tipo de canal de amizade que não seja o facebook ( Orkut no
passado) que possa me trazer prejuízo. Mesmo assim logo depois dessa bazófia da
menina/homem, um casal apaixonado também começou a frequentar meu blog. A
história de ambos era cinematográfica o que já me deixou com pé atrás. Até hoje
não tenho certeza da realidade deles. Ela me ajudou muito, corrigindo meus
textos, algo que fez com muita competência. Ele, um PHD em teologia. Muito me
explicou e ensinou. No mais, desisti do contato com ambos por que percebi ser a
mesma pessoa. Novamente uma dupla personalidade. Se me enganei com isso, não
sei. Mas cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça!
A ultima e menos importante para
mim foi à descoberta de um sujeito que frequentava ativamente os blogs
conhecidos, e provavelmente quem me lê deva ter caído também na sua lábia. Um
médico, residente, com um emocional estável, aparentemente competente na sua
profissão, por que os textos que escrevia mostravam o quanto sabia o que estava
falando e também meio tímido. A mim receitou um remédio homeopático para
refluxo que praticamente me curou. Como não sou tolo, procurei um especialista
aqui e mencionei o remédio. Ele deu aval e dai em diante passei a toma-lo. Mas
soube que outras pessoas tiveram prejuízos emocionais com o rapaz que se dizia
Doutor.

Ao mesmo tempo em que compreendo também
me falta vocabulário para descrever esse tipo de pessoa. A infelicidade pessoal
é tamanha, que precisam criar um personagem e dar uma vida mentirosa a ele.
Essas pessoas não entendem que não se pode carregar uma mentira a vida toda. Há
sempre alguém que capta pequenos deslizes e certamente os colocará a prova. Quanta
infelicidade existe nesse tipo de gente? Para que mentir, ludibriar se seria
muito mais fácil ser honesto e criar verdadeiros amigos e quem sabe um
relacionamento amoroso solido. Por que a maioria, como esse Doutor aí, vai atrás
de parceiros, de pessoas de verdade para relacionamento. Mas como se ele é uma fraude?
Um circulo vicioso de psicopatia, de loucura e esquizofrenia.
Como disse, eu acredito no ser
humano, mas os de carne e osso.
Cuidado com aqueles que só
existem na tela do computador, ou que são apenas uma voz atrás de um celular.
Esse tipo pode ser apenas um personagem fictício, fruto de uma mente doentia.
Boa quinta feira a todos.