QUERO SER BENJAMIN BUTTON

Quando adolescentes temos medos e vergonhas de tudo que se passa em volta. É um terror diário que vai se acumulando para vida adulta. Se não exorcizados no fim da adolescência, atrapalham o amadurecimento e fazem com que soframos com coisas tão absurdas que visto por outro ângulo pode parecer esquisitice.



Peter Pan ou a fada madrinha de Cinderela deveriam explicar para as crianças na primeira infância  que alguns medos são tão bobos que basta acender a luz que se dissipam.

Dar o primeiro beijo para alguns adolescentes é tão complicado como ir ao mercado comprar açúcar para a mãe. Vergonha ou medo, não dá pra saber! Só fica evidente que o menino (a) sofre ao ser dada a tarefa. Para alguns falar ou atender telefone se torna uma angustia incalculável.

Se os jovens soubessem que dar o braço para a mãe ou avó na rua não é tão ruim como eles pensam, nem vergonhoso, garanto que fariam com maior prazer, por que um dia isso faz muita falta.

Beijar não é um monstro que vai caçoar da sua cara. Tudo tem uma primeira vez, e nenhuma estreia é tão boa quando se pensa. Algumas coisas na vida precisam de muita pratica para se tornarem satisfatórias.

Meninos que não querem crescer e meninas que se acham princesas se deparam com uma realidade tão dura quando encaram o mundo de frente e descobrem as duras penas que seu jardim não tem pôneis coloridos que soltam arco íris pela boca, muito menos a capa de super poderes fará com que voem destemidamente. Ser adulto é difícil.

Falar em publico é um exercício que se faz na adolescência. É preciso ter cara de pau de levantar em sala de aula e ler sua redação como se estivesse se olhando no espelho, sozinho num quarto. Essa paúra gera um medo enorme na pessoa madura e a vida profissional acaba sendo afetada, por que haverá o momento em que precisará sentar-se em frente a um chefe, uma entrevistadora de emprego que lerá muito bem a sua timidez exacerbada.

Ninguém é melhor que você! Explicando a frase: acredito que se carrega dentro da cabeça a ideia de que as pessoas em volta são melhores do que você por terem carros novos, viajado varias vezes ao exterior, pessoas em altos cargos políticos ou tem uma casa de cinema está minando sua capacidade de ser “alguém” no mundo. Posses não determinam e nem qualificam melhores ou piores. Apenas distinguem classes. A inteligência sim é algo que faz diferença. Alguns podem dizer que preferem ser um burro rico a um pobre inteligente. Ainda acredito que a inteligência pode trazer mais benefícios, inclusive a riqueza. Quando se olha demais a grama do vizinho, se esquece de regar a sua.

A vida deveria ser como o filme Benjamin Button, nascermos velhos e aos poucos ganharmos experiência num corpo que se rejuvenesce a cada dia, para quando tivermos a inteligência emocional plena, podermos desfruta-la num corpo jovem. É duro enxergar os erros da adolescência e vermos sua incapacidade de entendê-las.

Não sou a favor da autoestima acentuada, aquela que gera monstros em rolos compressores. Bom senso é necessário e deve ser cultivado na criança já no berço. Não há coisa pior do que um jovem desrespeitoso que acredita ser o dono do mundo. Quando digo “ninguém é melhor que você” não aplico a esses guris que se acham o futuro promissor do mundo. Em dez anos estão carecas, gordos, bebendo de forma desregrada por que no caminho se depararam com a realidade e a frustração é a pior arma para esses meninos da geração Y.

Ainda agradeço por ter nascido na década de 70. Só acho que perdi muito tempo sendo tímido. Se a produção deixar, posso voltar para década de 80 de novo?

Abração e ótima quinta feira a todos.



NÃO QUERO SER UM CRIADO MUDO

Eu sempre tive medo de me transformar num móvel. Sabe aquela pessoa da família, um tio ou tia, que ninguém liga, ninguém se preocupa, apenas sabe que existe? Então, essa pessoa que pode ser confundida com um sofá, um criado mudo, uma geladeira. Isso sempre me apavorou.

No trabalho tem aquele que as pessoas têm pena, deixam ficar por ali por que já faz parte da paisagem. Ele nunca é convidado pra nada, por que sabe né, o Zé não tem bom papo, ele nem sabe das modinhas e das tecnologias de ponta. Na confraternização de fim de ano seu nome nem aparece na lista por que ele já faz parte do mobiliário da “firma” então pra que se preocupar com ele, vai estar lá mesmo.

Esses indivíduos invisíveis me assustam. Não quero em momento algum da minha vida ser uma pessoa que os outros olham e não enxergam, que a opinião nem é escudada mesmo que falada em voz alta. A tia velha e solteirona que a família esquece-se de levar para praia por que acha que não gosta, mas ninguém nunca perguntou a ela se o mar lhe agradava.

Não sei em que parte da vida esse pessoa tomou a poção da invisibilidade. Tive varias na minha família, e sempre eram aquelas que abdicaram da vida pessoal pra cuidar de uma mãe doente, um pai ou sobrinhos. Tornaram-se esquecidas por que a família se acostumou que o parente doente ou idoso tinha uma muleta em quem apoiar e esse pedaço de madeira não reclamava, obedecia. Um dia o idoso se vai e o “cuidador”, que dedicou sua  vida continua lá, como um móvel velho, esquecido na decoração démodé da casa de infância.

Não quero ser aquela pessoa que ganha meias nas festividades. Pra mim o ápice do esquecimento é dar meias a alguém. Você se torna tão pouco importante que o individuo sai pra comprar presentes de natal para a família e pensa: deixa-me dar uma lembrancinha pra fulano, afinal ele estará lá. Meias!!! Não me deem meias, nunca, por favor. Ainda aceito presente do Boticário que no meu ponto de vista também é algo que demonstra a pouca importância que você tem para os outros. Quando quero presentear alguém eu penso, eu rodo, eu busco algo que faça a diferença. O Boticário está ali, para economizar tempo, pensamento, e grana!

Ser invisível é péssimo. Eu já me coloquei no lugar de pessoas assim. Eu já fui um dia invisível na escola. Era um bom aluno, um menino que não provocava e nem brigava, era tímido e circunspecto. Então ficava ali, no canto, sem bullying, mas também sem atenção. Um dia fiz um feito memorável e então descobriram que eu existia. De lá pra cá eu pelo menos me faço enxergar. E olha que não preciso usar uma melancia no pescoço e nem criar polemicas para isso. Um assunto que rende outro post, os super-mega-blaster simpáticos. Desses eu tenho é medo!

Olhe ao redor, reveja os parentes da família e pense se não há por perto um ser invisível, o criado mudo. Vá até ele e dê cinco minutos do seu tempo com um papo descontraído. Escute-o! Quem sabe não estará lhe dando muito mais do que “meias”. Atenção e ouvido podem fazer mais diferença do que algo material.

Boa quarta feira a todos.



ALMAS PARTIDAS

A tristeza é uma doença da alma.

Todos em um determinado momento da vida nos despedaçamos por algum motivo. Seja pelo sofrimento de um amor que se foi, aquele não correspondido ou ignorado. Seja pela prematura passagem de um parente próximo que nunca mais veremos.  Seja pela critica que nos destrói mais que incentiva, ou pela simples fragilidade de estar vivo.

Não sei a que ponto chega o desespero de uma pessoa que mesmo numa estrutura familiar solida, com amigos fieis e um trabalho reconhecido tira a sua própria vida num momento de fraqueza.  Isso me perturba por que acho que antes desse ato impensado há centenas de possibilidades de se estruturar. Suicidar-se por vingança é uma idiotice sem precedentes.

Este ano uma jovem de 27 anos atirou-se da janela do 9º do edifício onde moro. Não me lembrava de tê-la visto, mas a sensação de que estava morta na garagem próxima do meu carro me perturbou por semanas. Na minha família guardou-se o segredo da morte de uma tia-avó por décadas, e no fim soube que ela envenenou-se com lisoforme e vinho após um aborto provocado no banheiro de sua casa.

A menina de 27 anos em questão disseram estava depressiva. A família a mandou para cá por que um tio morava no prédio em frente, no mesmo andar, e a controlava 24 hrs numa paranoia frenética. Ela atirou-se da janela enquanto discutia com ele por telefone. A tia-avó deu um mau passo no casamento, engravidou de outro, arrependeu-se, provocou a tragédia e destruiu sua vida e uma família inteira.

Nunca havia percebido a tristeza.  Sempre passei por ela de fininho. Hoje espero o dia que novamente sentirei uma sensação de felicidade. Parece que nunca mais isso acontecerá. Depois de certa idade você acumula uma sucessão de perdas que vão tirando de pouquinho em pouquinho a sua felicidade plena. Alias, acho que essa só existe na inocência da infância.

Mesmo assim, com os dias contados a partir da ultima grande desgraça da vida, não cogito abandonar a luta. Isso é que me faz curioso sobre as pessoas que se entregam em depressão, ou as que dramaticamente se matam. O fundo do poço ainda é um lugar solido pra pisar e com paredes para escalar. Por que acreditar que não haverá saída?

Também sei que cada um tem uma forma de lidar com as adversidades. Não são todos que encaram problemas de frente. Mesmo assim não julgo um suicida mártir. Pra mim são covardes e fracos que não souberam lutar. Toquei nesse assunto hoje por conta dos últimos acontecimentos na mídia. O rapaz da banda Charlie Brown que friamente deu um tiro na cabeça dentro de casa, com uma esposa gravida do lado de fora do cômodo. Isso é mais que covardia, é uma crueldade vingativa que nenhum problema pessoal, depressivo, ou seja la o for, que pode explicar.

As almas se partem um dia. Quando menos se espera ela se rompe em pedacinhos e a gente fica parado, catatônico esperando a força para reagir e juntar os pedaços. Mas é como um vaso de porcelana, uma vez partido, nunca mais terá a mesma beleza. Por mais que juntemos os cacos, eles ficarão visíveis a olho nu na peça montada. Parece clichê, mas é a forma mais simples de se enxergar a tristeza.

Hoje eu não sou plenamente feliz, apesar de tantas coisas boas que tenho na vida. Não é uma tristeza plena, aquela que ninguém pode fazer nada. É desamparo, uma sensação tão pessoal, que mesmo cercado por dezenas de pessoas e familiares, mesmo assim está lá, cutucando o pensamento e te contando que você não tem mais aquilo tudo que aprendeu a amar.

Mas eu sei que dias melhores virão. Ohhh se virão!!! Sempre tive fé que não há mal que perdure para sempre. A vida é uma balança, quanto mais te tiram, mais saldo terá para gastar no futuro.


Boa semana a todos.

CANSEI DE DANIELA MERCURY

Um dia, há mais ou menos 25 anos fui a um show da Daniela Mercury aqui em Campinas. Não assisti nem 10 minutos. Uma das pessoas que estava comigo passou mal, e saí frustrado, por que ela era a coqueluche do momento. Passados esses anos, posso dizer: não pagaria nem R$ 10,00 para vê-la.

Desenvolvi uma antipatia pela artista muito antes dela assumir sua homossexualidade, que para mim ( desculpem os fãs) é um apelo quase desesperado para se manter na mídia.

As coisas acontecem muito cronometradas para ela. No auge da polemica com Feliciano, com declarações da anta Joelma ela me aparece na internet em fotos intimas com uma mulher. Daí seguiu entrevistas no Fantástico e todas as outras programações da Rede Globo e pronto, Daniela Mercury virou o símbolo da liberdade sexual no país. Eu queria dizer um baita palavrão aqui, agora, mas respeitarei os leitores.

A senhora Daniela Mercury passou uma vida casada, com um e outro, teve filhos, adotou outros e percebeu seu declínio artístico no país ano a ano. Discos com pouca vendagem, shows em rodeio, e outras formulas de sucesso que não vingaram. Ivete Sangalo despontou e tirou seu lugar, Claudia Fake Leite tem mais publico e admiradores que Daniela, então o que fazer? Vamos entrar na discussão mais acirrada do momento: sair do armário.

Cansei dessa onda dela. Cansei de vê-la falar bobagem. Agora critica até cena de folhetim. Disse não ter gostado da  cena onde Barbara Paz desmascara o personagem Felix chamando-o de “bicha”. Uma cena que foi boa, bem dirigida ( com texto fraco de Walcyr, que é sabido), mas que trouxe a tona problemas muito mais sérios do que uma cantora de axé falida que quer se manter desesperadamente em voga ( usei essa palavra antiga para demonstrar que Daniela é passado). Pra mim ela e Joelma são iguais dentro dos seus mundinhos cretinos.

Alguém precisa dizer a ela para parar de querer defender os gays da forma como tem feito. Ela NÃO é porta voz. Deixe isso para mentes mais inteligentes com Jean Willys que sabe dialogar e debater temas. Ou para qualquer outra pessoa que não queria se promover usando esse tema.

A cada semana que ela não é comentário em redes sociais, vem outra onde ela aparece polemizando. Ou aos beijos em publico com sua “esposa”, ou falando bobagens em programas de TV. Não me lembro de alguma musica boa dela nos últimos 5 anos ( se é que teve alguma na carreira). A tenho visto como uma Preta Gil, que não canta nada, não trás beneficio algum para cultura do país e esta lá, na mídia, seja em anúncios, ou falando merda. Estou muito cansado disso, sem paciência alguma para falsos moralistas. Daniela expôs os filhos e os fez incansavelmente dar entrevistas dizendo que amaram o fato da mãe ter virado lesbica do dia pra noite. Constrangedor!

Agora pela manhã vi um vídeo sobre um candidato a primeiro ministro na Austrália e sua posição sobre os homossexuais. Isso é saber defender, falar, debater, discutir. Fundamentos, posição bem explicada e coesa. Não uma descabelada de sotaque baiano que quer ser o ícone de um movimento que não a elegeu.



https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=t8L5YIv9XcM

Tá, dirão que quanto mais se falar do assunto melhor será para a disseminação do tema, e assim as famílias brasileiras irão encarar o assunto com mais naturalidade. Concordo. Podem fazer isso, mas sem a alcunha da promoção pessoal.


Boa semana a todos.

SOU UM PARIDOR!

O Homem não foi feito por Deus com a finalidade de parir um filho, esse dom foi dado às mulheres. Não sei qual o motivo disso, por que a natureza poderia nos ter feito como baratas, ambos procriam,  dão a luz, amamentam e vê seus pimpolhos crescerem saudáveis.

Talvez o parto normal seja o empecilho para uma gravidez masculina, visto que cirurgias de cesariana não são tão antigas assim na humanidade. La nos tempos das cavernas o homem explodiria na hora de parir. Mas Deus nos deu algo para saber o que é parir. Cálculos renais.

Sou agraciado pela divindade de parir filhos há mais ou menos duas décadas. Quando mais jovem o parto normal era menos invasivo, então as paria do modo natural, mesmo passando pelas contrações típicas da hora do parto. Algumas demoraram 24 horas para serem expelidas ou paridas ( por que ficaram paradas, caminhando lentamente no dito cujo) antes de virem ao mundo.

Hoje aos 40 anos prefiro o conforto da anestesia. Vou ao hospital em contrações doloridas que acabam com o seu humor e fazem crer que não há vida nem antes e nem depois da dor, e viverá eternamente se contorcendo, por que aquilo não terá fim. Aí a cirurgia consiste em ir buscar a pedra parada em algum lugar entre rim e bexiga e booommmm, explodi-la com lazer.

Maravilha!!! Se os fragmentos não ficassem dentro de você e saíssem aos poucos dilacerando seu amigão e fazendo rezar para que ele um dia volte a servir apenas para o xixi costumeiro.
Minhas gestações não tem sido de bebês minguados. Não, eles crescem muito! O parto de fevereiro foi de uma menina de 1,5 cm e o outro há um mês de 1,2 cm. Olha que beleza? Orgulho não?

Após esse procedimento no qual o dormonid e a  raquidiana me fazem ver caleidoscópios entre nuvens de algodão foram colocadas por duas vezes um negocinho chamado Duplo J, que impede que o ureter se cole, que haja infecção nos rins e bla bla bla. Ok. Aquilo é como um galho de roseira torcido, que espeta sua bexiga em qualquer movimento que faça. Andar, sentar, deitar, passa a serem atos que te fazem sangrar, sangrar, e gemer!

O primeiro desses bonitos cateteres foi retirado aos berros, sem anestesia. Introduziram no meu amigo um canudo daqueles de milk-shake de ovo maltine do Bob´s onde um endoscópio e uma pinça entraram até a bexiga para laçarem o cateter e retira-lo de lá, num puxão que da a impressão de vir junto metade do seu rim. Lindo, aplausos aos médicos que te estupram sem anestesia, e depois riem dizendo: não doeu tanto assim! Não, canudo no bingulim dos outros é refresco.

No segundo parto fui mais esperto e pedi: deixe uma cordinha pra fora, assim não serei novamente violado numa cadeira de ginecologista. Maravilha, 15 dias com um fio que não acabava mais enroladinho e preso com micropor na lateral do Geninho. Não existe algo que possa pensar que incomode tanto. Ele só é amenizado pela dor que aquele pedaço de roseira que já falei acima causa.

Na hora de tirar o bondoso medico que nem é cubano puxa de uma só vez ( o cateter tem uns 48 cm) e você sente todas as suas entranhas irem junto. Pronto, acabou, vai pra casa, e cuida dos filhos que ainda virão.

Calculo Renal é a forma que Deus escolheu de fazer com que os homens sintam que parir é F*....

Abração e boa semana a todos.