A CHANCHADA DAS 21:00 HS

O Programa Pânico satirizou a musica de abertura da Novela Amor a Vida gritando no refrão “Irrita, irrita, irrita” e estavam certos. A novela de Walcyr Carrasco começou como uma promessa de talvez, digo, talvez equiparar-se a Avenida Brasil, mas o nobre autor desbancou para suas conhecidas chanchadas costumeiras das 19:00 hs, e o que tem nos causado como telespectadores é irritação.

Faz tempo que não comento novelas, e senti vontade de fazê-lo agora por que percebi que aquele fogo todo que Walcyr ateou nos primeiros capítulos virou um traquezinho de  festa junina.

A trama é ótima, vista friamente. Um pai, uma figura austera e vitoriosa, dono de um hospital conceituado é na verdade a podridão de tudo. O personagem de Antônio Fagundes é o que há de mais destrutivo numa família. Um homem vil, dissimulado. Um sujeito “cabra macho” fora dos estereótipos do homem do século XXI. Um  Pai ausente, que mexe com a vida dos filhos de acordo com sua vontade. Fez a esposa criar sua filha bastarda. Casou o filho gay com uma prostituta e ainda por cima o faz criar o irmão como sendo filho. Realmente um emaranhado de situações criveis que na mão de Manoel Carlos seria um show.

Mas Walcyr escolheu mal os protagonistas. Paola Oliveira é assemblantica. Tem a mesma expressão pra dor, felicidade, pra cagar, e também para demostrar amor. Malvino Salvador tem cara de pobre, fala como pobre, e não é capaz de tirar emoção do telespectador numa cena dramática, algo que a pequena Clara Castanho faz brincando, se não tivesse aquela carinha entojada.

O restante do elenco patina com textos teatrais, que parecem testes para peça de Nelson Rodrigues. Caio Castro e sua partner já cansaram. A virgindade da gordinha já virou piada, e não tem graça. Alias Walcyr deve ter feito um estagio com Mauricio Shermann no Zorra Total por que criou situações e bordões que caberiam, como disse, nas chanchadas que escrevia para as 19:00 hs. Espero que Felix a qualquer momento diga: AHHHH como to bandida!

E finalmente quero falar desse Felix.

Mateus Solano é um dos melhores, se não o melhor, ator da sua geração. Conciso, pratico, afiado. Dê qualquer personagem ínfimo que ele transforma em obra prima da TV. Tem presença de câmera, sabe se comportar dentro de cena, não necessita de luzes especiais para forçar uma beleza que naturalmente tem. Mas o fato de Walcyr Carrasco obrigar os atores a seguirem religiosamente o texto, sem a possibilidade de cacos, fez com que se tornasse um personagem patético. Félix é engraçado, mas cansou. Os bordões a lá Zorra Total encheram. Pronto. Chega!!! Deixe Mateus ser a bicha má da vez, alias, ótimo existir uma bicha vilã. Um gay amoral, que prejudica as pessoas sem nem saber ao certo por que. Sua ambição em ser dono do hospital é pequena perto do que ele é. Uma pessoa infeliz. Ele não quer o hospital, ele quer destruir qualquer tido de felicidade que lhe vem aos olhos. Isso não é mérito do autor, e sim de Mateus, que nas expressões mostra a que veio.

E para finalizar, o grande achado do ano. Tatá Werneck. Impossível critica-la, mesmo já estando com o saco cheio das repetidas investidas dela par pegar barriga de famoso. Ela é sensacional e deveria poder criar suas próprias falas, que aí sim, faria de Amor a Vida a substituta de Avenida Brasil.

Liberdade aos atores, isso que falta. Não adianta ter um casting de estrelas se engessam o talento deles.

Quem salgou a santa ceia foi Walcyr...Pelas contas do Rosario!!!

Abraço a todos, boa semana


AO MEU MELHOR AMIGO

É  redundante falar de sofrimento quando se tem uma perda na vida. E muito incomodo e digamos, chato, para quem está perto ter que ouvir sempre a mesma coisa. As mesmas lamúrias. Eu me policio para não tocar no assunto, afinal a dor é só minha.

Mas dentre tudo isso eu posso me considerar uma pessoa afortunada. Nasci numa família de bem, cristã, que me educou parcialmente para vida. Sabe como é família italiana, grita-se e chora-se mais que educa...rs. Mesmo assim carrego  comigo a honestidade ensinada no berço.

Dizem que ter um amigo é ganhar na loteria, e ter vários é sinal de que não tem nenhum. Eu ganhei na loteria algumas vezes, mas apenas uma vez o premio foi extraordinário.

Minha vida é feita de ciclos muito pontuados, quase um roteiro escrito, diagramado e representado. Posso datar cada grande mudança que tive. Algum tempo atrás ( muito tempo...rs)  tive a primeira perda significativa da minha vida, não que outras não tenham sido sentidas, mas alguém de dentro de casa morrer é de balançar as estruturas. Mas nesse mesmo ano conheci o meu melhor amigo.

Amigo mesmo. Aquele que não precisa falar pra te consolar, que respeita suas neuras, seu modo de ser, e ainda por cima te ensina o que já havia aprendido na vida. Amigo que vira família, que se torna irmão, muitas vezes pai, por que ao educar-nos faz esse papel. Junto do amigo vem à vida dele e uma legião de outros amigos e familiares. Por fim você está inserido num novo circulo e ao se deparar, é um adotado, um membro desse clã.

Eu prezo amizade, por que sempre digo que amigo é um espelho de nós mesmos. Quando se tem algo a oferecer de bom, ele fica. Já família te suporta, por que não tem plano B. Existe uma frase dita por alguém que não me recordo, que diz: Ai daquele que passa pela vida sem amar. Eu já digo o contrario: Ai daquele que passa pela vida sem ter pelo menos um amigo de verdade..

Estou numa fase sensível da vida, abalado emocionalmente, oque me provoca choro o tempo todo. Eu, que nunca choro! Mas tudo bem, isso passa. Tenho minha família, tenho meu melhor amigo. Tenho uma vida cheia de outras pessoas que me fazem bem.

Por que senti necessidade de falar de amizade? Talvez para que as pessoas saibam que pode existir amor entre amigos, como irmãos. Amor sem alcunha alguma que leve a comentários pejorativos. Hoje todo mundo é maledicente, para qualquer situação há um infeliz que mal diz e faz fofoca. Existe amor entre amigos, sem intenções escusas, eu sei e provo que sim.

Acredito que meu melhor amigo esteja magoado comigo. Na verdade nem sei, mas ele se afastou. Isso é complicado, por que você vai perdendo peças do seu tabuleiro, tabuleiro esse que é seu chão. Aí se formam enormes buracos e transpor fica difícil e cansativo.

Essa musica da Anne Murray é uma celebração a amizade, no meu ponto de vista. Acho que fala muito. Fica em homenagem a todos os meus amigos, em especial ao meu “melhor amigo”.


Abraço a todos. Bom fim de semana.

MEU AMOR ADOTADO

Voltando aos trabalhos.

A ultima vez que escrevi um post estava na iminência de uma perda. Ela aconteceu de fato, e desestruturou toda uma vida. Aqueles que não sabem, que  não me acompanham aqui no blog, ou talvez me leiam pela primeira vez, serei breve: perdi minha mãe.

Essa perda é irreparável. Não há como descrever. Talvez perder um filho seja mais dolorido. A sensação é de que alguém cortou sua ancora e agora você está à deriva. Mas os mares revoltos um dia se acalmam. Sei que a dor passa e no lugar dela fica a saudade.

Mas continuei minha vida. Sou jovem apesar dos 40 anos recém completados. Tenho muito tempo pela frente, e preciso de saúde e lucidez para tocar o barco. Nessa nova fase imposta à força senti a necessidade de cuidar de algo. Ainda me vejo imaturo para criar uma criança. Não tenho estrutura emocional suficiente para passar algo de bom a um bebê. O que não tira dos meus planos a ideia de filhos. Talvez ela fique para um futuro próximo, quem sabe.

Então vamos a um animalzinho. Não gosto de gatos ( não tenho problemas com eles, apenas não me adapto). Um bicho exótico não é minha cara. Num teste feito no uol para achar meu melhor bicho de estimação, o resultado foi um peixe...rs rs rs. Não, não sou uma pessoa que suporta um peixe ali nadando sem se comunicar, sujando uma agua dia e noite sem me dar nada em troca além de bolhinhas de ar.

Decidi por um cão.

Aí entra outro lado da história. Comprar ou adotar? Perdoem-me os adoradores de cães de raça, mas darei minha opinião clara e particular. Não acho valido comprar amor. E quando se vai atrás de um cachorro de raça não se busca um companheiro, e sim uma pequena grife para servir de status. Claro que existem exceções. Não generalizo, mas vi muita gente comprar cachorros de pelos bonitos, línguas azuis e devolve-los por incompatibilidade. E ao contrario, todos os cães adotados fazem das famílias um lar mais feliz.

Na minha casa enquanto vivi com meus pais tivemos dois cães de raça. Nenhum deles era meu, por isso os cuidados não ficava a meu cargo. O primeiro foi um Husk siberiano psicopata. Ele cresceu demente, mordeu pessoas desprotegidas, tentamos nos livrar dele, pelo perigo que oferecia, e por cinco vezes nos devolveram.  Tinha sobrinha pequena, a qual ele odiava, rosnando com dentes de lobo, prestes a atacar. Na ultima tentativa um tratador da raça e adestrador ficou com ele. Era um cachorro lindo, de pelagem cinza e olhos de duas cores. Tempo depois quando buscamos noticias, o senhor que o adotou nos contou que ele havia rasgado o braço de sua esposa necessitando de mais de 30 pontos. Deu-nos entender que havia sacrificado.

Depois na fase infantil dos sobrinhos dei uma poodle de presente pra mais velha. Uma cachorra neurótica que mordia a todos e se urinava. Não havia adestramento que tirasse isso dela. Ao ponto de termos que devolve-la para a dona que nos vendeu, por que nos 2 anos que ficou conosco parecia que nos odiava.
Então a experiência com cachorros de raça não foi boa. Apesar de cuidados veterinários, boas rações e tudo mais, não deu certo. Por fim uma gata branca angorá é que fez a felicidade dos meus pais, e faz companhia ao meu pai viúvo, dormindo ao lado dele 24 hs do dia. Sei que existem pessoas que gostam de determinadas raças, mas se há a duvida, adote.

Meu pequeno bebê, adotado da UPA ( união protetora dos animais) é uma vira latinhas preta, bem pretinha. A criadora disse que a mãe é um Basset e o pai não se sabe. Nesses dias que esta comigo já me transformou a rotina. A cada ato de inteligência uma surpresa. Aprendem com uma rapidez absurda.

Maria Antônia – a Tônia, não veio para suprir a minha perda recente, mas para me ajudar a mudar o cotidiano, me tirando os pensamentos melancólicos e amenizando a saudade.

Espero que sejamos felizes.


Abraço a todos.