HISTÓRIAS DE NATAL 1: COMENDO COM A RALÉ

Tenho uma família muito pequena. Por conta de  minha avó ser a caçula de uma família de 12 irmãos e ter gerado apenas dois filhos, essa carência de parentes foi enorme, pra mim que sou o ultimo da casa, quando nasci 80% da família já tinha cantado pra subir, e não estavam mais nesse plano. Em contra partida a família do meu pai e suas quatro irmãs nunca se interessaram pelo sobrinho lindo que nasceu gorducho e sempre foi o melhor sobrinho...rs rs rs...modéstia é uma virtude!!!

Com isso minha mãe sempre nos envolveu em natais “catastróficos” na casa de amigos, ou mesmo em casa, na companhia de gente como posso dizer “desclassificada”. Tenho dezenas de histórias, e hoje conto uma delas.

Tinha por volta de 11 anos, e não opinava em nada, era o pau mandado que ia atrás dos pais pra onde fossem. Nisso, minha mãe combinada com uma das superamigas-de-infância-que-se-amam-por-toda-vida, resolveu que a ceia de natal seria na casa dessa dita cuja. Torci o nariz, minha irmã zarpou, minha avó resolveu que assistiria a missa do galo sozinha em casa e meu irmão, bem esse já nem fazia mais parte da família nessa época.

Claro que minha mãe ficou com o mais pesado, cozinhou o dia todo, e fez quase uma ceia inteira, algo que nos deixou irritados, já que não faríamos nada em casa, no máximo ela poderia ter dividido gastos com a amiga e levado alguma coisinha...mas nada, a tonta fez o mundo e fundo.

Gosto de escrever com gírias e provérbios baratos de vez em quando...rs rs rs.

Bem, minha avó repressora nos obrigou a ir à missa do galo as oito da noite, e quando foi umas dez mais ou menos deixamos ela em casa ( esperta ) e partimos pra casa da “amiga”.

Não sei explicar o quanto foi constrangedor. Com apenas 11 anos, eu pude sentir toda a vergonha alheia, desconforto e mal estar. Nem Geyse Arruda sentiu-se tão mal na Uniban como eu naquele natal.

Pra simplificar, eles eram muitos, uma família enorme. O combinado era que ceia seria servida as 23:00. Ao chegarmos parecia que uma avalanche havia passado, não tinha mais nada, comeram tudo, tudo, tudo. A mesa revirada, pessoas dormindo pelos cantos e um baita de um quebra pau da “amiga” com o marido e os filhos. Mas briga daquelas mesmo, maior frege. Eu ali sentado sem saber ao certo o porquê, com um falcon novinho na mão ( lembre-se que um garoto pré-adolescente na década de 80 não passava de um bolha) sentia vontade de sumir. Sempre ficava com minha avó, por que não o fiz aquela noite, essa era uma pergunta que meu cérebro imaturo e corrompido pelo Balão Magico, matutava.

Não comi nada, não houve clima. Minha mãe deixou tudo lá e antes da meia noite estávamos em casa, sem ceia, constrangidos, com uma sensação horrível. Não me lembro de qual desculpa minha mãe deu, mas sei que o ambiente estava horrível. Meu pai deve ter falado um monte. Foi um natal medonho!!!

Agora, pensando bem, podemos concluir que minha mãe era muito volúvel. Jamais deixaria a família com filhos adolescentes separados pra ir passar o natal na casa de gente que não eram parentes. Por menor que seja sua família, natal é uma data pra se comemorar em casa, ou com pessoas que realmente você estima, nem que sejam apenas três.

Sabe que escrevendo isso, rememoro a sensação. Terrivel!

Por isso que hoje, não me preocupo muito com a ceia da minha mãe, passo na casa da minha irmã, que sei que meus pais também estarão lá, dou os presentes pra todos, fico um pouco e parto pra casa do Marcão. Lá tem um povo com qual me identifico, que me adotaram como família. Já que minha mãe quando era criança não se preocupava com o ambiente onde nos metia, hoje eu procuro aquele onde me sinto bem. E olha, se tem natal divertido, esse é na casa do Marcão.

Boa terça a todos. Abraços.

15 comentários:

Andréya Rosa disse...

KKKKKKKKKKK Sorri horrores. de tão trágico ficou cômico...
caramba que natal em...
ainda bem que crescemos e podemos então nos governar..
boa noite boa terça tambm...

s a u l o t a v e i r a disse...

Natal tem que ser com quem se ama... viver, inclusive! Mesmo que os amados não sejam familiares.
Bem, nunca tivemos barraco, propriamente, mas nem todos os natais eram divertidos. Sempre com primas da minha mãe e suas famílias (mto legais)... enfim, esse ano, fico em casa e não será só. hehe

Abração, ótima terça.

Arsênico disse...

Felizmente minha família nunca comemorou Natal... acho uma data deprimente!!!

Fiquei livre desses contrangimentos! hahaha!

***

;-D

Cris Medeiros disse...

Aqui dando uma ultima olhadinha nos blogs antes de ir!

Minha família sempre foi muito pequena também... Hoje minha família é minha mãe, quando ela morrer estou por mim, com a colaboração dos meus poucos amigos.

Nunca tive natais assim ruins na casa dos outros. Quando era pequena passava eu, minha mãe, meu pai e meu irmão, depois de grande eu passei muitos natais sozinhas e hoje em dia tenho minha segunda família postiça, para onde vou nos natais... Sempre é legal lá...

Beijocas e agora fui... rs

Unknown disse...

'bora pra casa do Marcão!! Me convidam??

Karina disse...

Minha família também é pequena, mas eu tive mais sorte do que você, pois minha mãe nunca aprontou nada desse tipo, vez que ela e meu pai (no final das contas, sempre é ele quem manda nas paradas)consideram que Natal é festa de família. Mas é estranho como o Natal, por vezes, me remete a uma certa melancolia, já que eles eram extremamente divertidos quando minha vó era viva, pois ela fazia questão de cantar e dançar. Enfim, ela era a pessoa que juntava todo mundo. Talvez quando a casa novamente se encher de crianças as coisas fiquem bem mais divertidas. Mas, apesar de sua trágica história, não tive como não achar graça da sua narrativa. Comparar seu constrangimento ao da Geisy Arruda foi sensacional... ha ha ha Um beijo, Karina.

San disse...

Parabéns pelo blog, tudo muito legal de se ler...
Essa do Natal, me fez lembrar dos Natais da minha infância, tbm já tives natais parecidos...rss
Hoje em dia fico em casa, com meus filhos, dou valor para uma ceia caprichada, arvore de natal com presentes e escolhemos um filme legal para assistir
bjs

Lobo disse...

Urg!

Eu também costumo fugir de casa no Natal. É simplesmente horripilante depais qualquer coisa que se tenha que fazer em família.

E agradecer pelo meme ai em baixo Rafa! Tô meio enrolado e nem vai dar pra responder, mas espero que depois que a tempestade passar eu lembre! hahaha

Abração!

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

horror a barracos ... mas enfim ... quem não os viveu né?

;-)

Mylla Galvão disse...

Eu até gostava dos almoços na casa da minha Avó (ela aniversariava no dia 24 e o almoço era dia 25).
Mas depois ela se foi e minha mãe faleceu ano passado nas vésperas do Natal... Então... eu considero o Natal uma época de saudades!

bjo

Felipe. disse...

Oi, Rafael, tudo bem?
Acredita que já tinha visitado o seu blog antes mesmo de ter o meu? Creio que tenha sido através de um blog de um rapaz chamado Daniel, bem no comecinho do ano se não me engano. Ele é carioca também.
Eu não comemoro o Natal em si, mas como boa parte da minha família é muitíssimo religiosa sempre nos reunimos pra ceiar. Nunca é bom, percebe-se muito bem que todas aquelas pessoas que se alfinetaram durante todo o ano só estão ali devido à uma tradição mesmo, sabe? Fico contente que passe o Natal ao lado de pessoas com as quais você se sente bem, é o que importa.
Estarei o seguindo. Grande abraço e uma ótima semana.

Marcos disse...

Adoro Natal, minha familia sempre comemorou por questões religiosas e extendia em casa com grande ceia, e presentes.

Claro que já tive Natais tristes, mas quem não teve que atire a primeira pedra.

Já vai para o terceiro ano que a festa de Natal migrou para minha casa e tem sido muito legal mesmo e vc é muito bem vindo!

Eu vi a cena de vc com o "Falcon" na mão sentado vendo aquela cena, acho que com essa idade, muito se vivia num mundo proprio...

Abç...

Cris disse...

Rafael li esse post com palavras e frases entrelinhas. Como mulher, mãe e ser humano (agrrrrrrr...quase animal...rs) fui lendo e vendo um garoto de onze anos ganhando feridas da vida. Fui além disso e senti que esse garoto algumas vezes pode ter se sentido agredido naquilo que considerava seu portosseguro: sua família.
Caraca, como as pessoa machucam as pessoas. Machucam todas as vidas de uma forma assustadora. Elas ferem com ou sem consiência.
Esse garoto de onze anos preferia ficar na noite de natal sozinho com sua avó! A gente arrasta isso pela vida, mesmo quando aprendemos às duras penas curar e superar todas essas feridas, mas... ninguém esquece. Essa é a merda!
Não sofremos mais, não nos machuca mais, mas a cicatriz fica em todos.

Olha, ainda bem que esse garoto cresceu e pelo jeito soube dar a volta por cima e entender o seu "agressor" e um dia, vai saber...ele ainda faz em sua casa uma noite de natal tal e qual sonhou quando tinha, quem sabe, menos de onze anos de idade.

Um beijo no garoto de onze anos que odioi aquele natal, mas que este ano vai ter um cheio de alegria.

Tathiana disse...

FAz bem em procurar companhias que te agradem e te fazem sentir melhor.
BJs.

Projeto Brasil disse...

A maioria do pessoal posta falando que os seus natais sempre são horriveis ou não as têm... Primeiro lugar fico triste em saber que a maioria reclama de barriga cheia, natais bons e confortáveis e querem mostrar para as pessoas que são ruins só para serem diferentes...
Faça o seu Natal feliz... e fale para os outros que seu Natal é bom (Por mais triste que seja ele, no fundo, sempre têma glo bom), isso de falar que você têm a pior coisa de tudo é ridiculo... poucos têm Natais ruins e sem familia... aqueles qe não têm isso, no fundo queriam ter algo bom... pelo menos uma vez por ano...
Pensem... querer ser diferente é ser igual a todos... Seja igual a todos e serão diferentes...
Feliz Natal.